Método Canguru é fundamental no cuidado ao bebê prematuro
Dia Internacional de Sensibilização à questão é em 15 de maio; Prematuridade.com ressalta os benefícios
Tão importante quanto as tecnologias de assistência aos bebês prematuros nas UTIs neonatais é a participação dos pais nos cuidados, como o aleitamento materno e o contato pele a pele com a mãe e/ou o pai. Nesse último, o chamado Método Canguru é de fundamental importância no processo de assistência ao recém-nascido pré-termo e também da família. Em 15 de maio é celebrado o Dia Internacional de Sensibilização para o Método Canguru e a ONG Prematuridade.com promove campanha, em parceria com o Ministério da Saúde, intitulada “Método Canguru: a importância de garantirmos este direito”.
O bebê é considerado prematuro quando nasce antes da 37ª semana de gravidez – uma gestação completa varia entre 37 e 42 semanas. A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos 5 anos de idade, no mundo todo. O Brasil é o 10º país em números absolutos de partos prematuros, os quais ocasionam 10 vezes mais óbitos de crianças do que o câncer.
No Método Canguru, a mãe, pai ou responsável mantém o bebê de baixo peso em contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito. O ato deve ser acompanhado por equipe de saúde treinada para orientar de maneira segura a realização da posição canguru.
Idealizado e implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez em 1979 na Colômbia, o Método Canguru foi colocado em prática no Brasil pela primeira vez em 1991, no Hospital Guilherme Álvaro, de Santos (SP). A fundadora e diretora da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani, ressalta que a ação foi uma precursora da humanização no Sistema Único de Saúde. “Os bebês prematuros precisam de um acompanhamento diferenciado e o Método Canguru é uma abordagem humanizada mundialmente reconhecida por ajudá-los no desenvolvimento. Estudos já comprovaram a contribuição dessa prática com a estabilidade térmica, a normalização dos sinais vitais do recém-nascido e a criação de vínculo afetivo, a partir do contato precoce com a pele da mãe ou do pai”, fala. “Sem contar que também é uma ação benéfica para os pais, com amparo emocional, uma vez que, mesmo em uma situação difícil, são mantidos próximos ao filho, participando ativamente dos cuidados”, completa.
Estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine, reconhecido periódico médico-científico, analisou mais de 3 mil bebês prematuros, ficando constatado que o grupo de crianças que receberam atenção imediata com o Método Canguru teve uma mortalidade mais baixa nos primeiros 28 dias do que os pequenos submetidos a cuidados convencionais.
A vice-diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Aline Hennemann, que também é enfermeira, tutora do Método Canguru pelo Ministério da Saúde e ativista nas ações em prol dos prematuros, explica que o Método ocorre em três etapas. “A primeira etapa tem início no pré-natal da gestação que necessita cuidados especializados, durante o parto/nascimento, seguido da internação do recém-nascido na UTI neonatal e/ou na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo)”, conta.
Já a segunda etapa é realizada na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), garantindo todos os processos de cuidado já iniciados na primeira fase, com especial atenção ao aleitamento materno.
A terceira etapa tem início após a alta hospitalar e os recém-nascidos serão acompanhados de forma compartilhada pela equipe do hospital e da atenção primária.
“São inúmeros os benefícios do Método Canguru, seja na questão de saúde dos prematuros, na parte social, fortalecendo o vínculo afetivo e, ainda, em âmbito estrutural dos hospitais, uma vez que contribui para a redução do risco de infecção hospitalar e para a otimização dos leitos de UTI, tão escassos em algumas regiões do país. Uma iniciativa que deve ser cada vez mais fortalecida”, conclui Aline.