Por que algumas de nossas memórias permanecem vívidas ao longo de anos enquanto outras somem em questão de minutos?
por Isabel Christina Mignoni Homem
As memórias são compostas por tudo que vivenciamos diariamente: momentos bons, outros nem tanto, momentos de aprendizado e conhecimento. Estas memórias são acessadas quando reconhecemos um cheiro, ouvimos uma canção, ao passear por determinado lugar ou a executarmos tarefas rotineiras. Em todas estas situações e em cada pequeno ato do dia a dia, acessamos informações que foram arquivadas, em caixinhas, no nosso cérebro:
· Caixa 1- Memória sensorial: Retém informações que chegam através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Estas informações são armazenadas por cerca de 2 segundos, mas se forem importantes são transferidas para a caixinha 2, a Memória de Curto Prazo.
· Caixa 2 – Memória de curto prazo: Aqui podemos memorizar até 7 informações durante cerca de 30 segundos. Claro que algumas pessoas conseguem armazenar mais informações por mais tempo.
· Caixa 3 – Memória de longo prazo: Quando a memória ultrapassa os dois primeiros estágios, poderá encontrar um espaço na memória de longo prazo. Quando você coloca uma lembrança na caixinha 3, é como se você estivesse enviando uma mensagem a você mesmo, no futuro. Cabe lembrar que esta caixinha tem capacidade limitada, e as vezes não consegue transmitir todos os detalhes da mensagem, pois temos a tendência de lembrar os detalhes relevantes de uma determinada tarefa e esquecer os detalhes menores.
Cientistas acreditam que a memória não está relacionada a uma única região cerebral, mas que são arquivadas em diferentes áreas, dependendo do seu tipo. As memórias de longo prazo são armazenadas em uma região cerebral conhecida como hipocampo.
Imagine a seguinte situação: Nossas memórias seriam como sites na internet, enquanto o hipocampo seria o Google, com acesso a todas as informações indexadas. Desta forma, conseguimos acessar memórias há muito tempo armazenadas, como o nosso primeiro dia de aula na escola, por exemplo.
Estas regiões cerebrais são compostas por cerca de 100 bilhões de neurônios, porém, apenas 1 bilhão deles apresentam função de armazenamento de recordações antigas. As conexões entre estes neurônios podem fixar uma lembrança, assim podemos ouvir uma música e associá-la com algum episódio que aconteceu enquanto a ouvíamos.
Alguns fatores são determinantes para que ocorra a consolidação da memória, ou seja, para que possamos transferi-las para a caixinha 3, a memória de longo prazo:
Fator emocional: Vou exemplificar através de um relato pessoal. Se me questionassem o que eu almocei no dia 04 de novembro deste ano, eu não seria capaz de recordar. Porém, se me perguntassem qual foi meu almoço no dia 04 de novembro de 1987, eu responderia: arroz com ovo. Mesmo passado 34 anos, esta lembrança está viva na minha memória. Infelizmente, foi durante este almoço que recebi a informação que minha avó havia falecido, e todos os estímulos sensoriais que experimentei naquele momento associados ao fator emocional, permitiu que esta lembrança fosse fixada, para sempre, na minha memória.
Repetição: Aprendemos a ler através da repetição, que nos permitiu conhecer letras, sílabas, palavras, frases e textos. E foi através da repetição que seu cérebro memorizou todas estas informações e agora você conseguiu compreender este texto que acabou de ler.
Isabel Christina Mignoni Homem – Professora da Estácio Curitiba