Intolerância à lactose
Muitas pessoas sofrem com a intolerância à lactose, afinal, segundo o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) mais de 75% da população mundial é acometida por essa condição. Ela representa uma dificuldade do organismo em digerir a lactose (açúcar do leite) e assim, quando a molécula chega ao intestino sem ter sido quebrada em partes menores, as bactérias a fermentam, causando sintomas, como gases, sensação de inchaço e diarreia.
Embora essa seja uma situação que tem afetado muitas pessoas atualmente, principalmente na idade adulta, não se trata de uma doença, mas de uma condição natural dos mamíferos, já que nosso organismo produz mais enzima de digestão da lactose nos primeiros anos de nossas vidas, pois é quando ingerimos leite materno. Ao longo do tempo o corpo entende que isso não é mais necessário e vai diminuindo a produção da enzima.
Enquanto a intolerância é uma reação ao açúcar do leite, a alergia, por sua vez, é mais referente a uma reação imunológica do corpo à proteína do leite (APLV – alergia à proteína do leite de vaca). Nesse caso, o organismo entende a proteína como uma “partícula” estranha e a ataca, causando manchas vermelhas pelo corpo, dores abdominais e problemas respiratórios. Por ser uma das alergias alimentares mais comuns na infância – para se ter uma ideia, atualmente cerca de 350 mil crianças brasileiras têm APLV – é importante sempre perguntar aos pais o que os filhos podem ou não ingerir antes de oferecer algo.
A popularização dessas reações alimentares somadas a uma busca por uma alimentação mais saudável e consciente têm levado a um aumento incrível na procura por leites vegetais, afirma Anderson Rodrigues, sócio-diretor da Vida Veg, uma das principais empresas de produtos plant-based do país. De acordo com a Euromonitor International, empresa de pesquisa de mercado, houve um crescimento de 860% nesse setor, aqui no Brasil, nos últimos cinco anos. A marca, por exemplo, se especializou no ramo e atualmente possui uma das linhas mais completas de produtos lácteos veganos do país, que inclui leite, iogurte, shake, requeijão e queijo.
Alé das alergias e intolerância à lactose, um estudo chamado “Milk and Health” (Leite e Saúde, na tradução livre), divulgado pelo ‘New England Journal of Medicine’, avalia que o aumento no consumo de leite de bovinos e outros mamíferos resulta diretamente no aumento do risco de fratura, câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e mortalidade em geral.
Publicado no ano passado, o material revela que o benefício atribuído ao leite está mais relacionado à qualidade da dieta e menos ao consumo dos produtos lácteos. Em regiões onde a qualidade da dieta e o aporte de calorias estão comprometidos, a alta densidade energética do leite pode ser particularmente favorável, mas apenas no curto prazo.
A situação é tão crítica que a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) recomendou que qualquer leite de origem animal seja eliminado da dieta e que a necessidade diária de cálcio seja suprida por meio de fontes de cálcio de origem vegetal como os vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor e couve), tofu, castanhas, feijões e leites vegetais fortificados com cálcio.