Arquitetura Inclusiva: 10 Soluções para um Lar Seguro e Acolhedor para Idosos

Como pequenas adaptações no design e na estrutura da casa podem garantir conforto, segurança e autonomia para a população acima de 60 anos

Celebrado em 1º de outubro, o Dia Internacional do Idoso reforça a importância do autocuidado e a necessidade de pensarmos a arquitetura de forma inclusiva e acessível. Mais do que instalar barras de apoio, existem diversas soluções que tornam a casa mais segura e ajudam a prevenir acidentes.

A famosa frase do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, “A arquitetura não é para ser vista, é para ser vivida”, ganha um significado ainda mais profundo diante do aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Com um crescimento significativo da população acima de 60 anos – de acordo com o censo 2022 –, essa faixa etária corresponde a quase 16% do total da população do país.

Assim, com a aproximação do 1º de outubro, celebrado como o Dia Internacional do Idoso, é preciso falar sobre a atenção com esse público dentro dos projetos de arquitetura e decoração. Estilo, segurança e funcionalidade deixaram de ser circunstanciais para se tornarem uma necessidade social.

Mais do que instalar barras de apoio, uma vez que a proteção residencial não se consiste apenas nesse recurso, a arquitetura para a longevidade envolve um planejamento que promove adaptações para um futuro em médio e longo prazo, como também entrega soluções imediatas para moradores acometidos por questões de mobilidade.

Pequenas adaptações, muitas vezes imperceptíveis ao olhar, transformam o lar em um espaço ideal tanto para o idoso, como para a família que vive com ele.

A seguir, alguns dos pontos que arquitetos observam nos projetos:

Mobiliário estratégico: a altura certa para o conforto e segurança
Nas salas de estar, sofás e poltronas devem ter um estofamento mais firme e a ergonomia adequada para a movimentação de sentar-se e levantar – levando em consideração uma altura que permita apoiar os pés no chão quando sentado –, bem como acomodar a coluna. Espumas de alta densidade evitam a sensação de ‘afundar’ no assento, o que é especialmente importante para pessoas com limitações motoras.

O dilema dos tapetes: como evitar riscos de queda
Longe de ser proibido, o tapete exige atenção quanto ao tamanho e à fixação. Considerando que grande parte dos acidentes com idosos acontecem dentro do ambiente doméstico, ele precisa estar no checkpoint, pois pode causar quedas. Para evitar riscos, recomenda-se o alinhamento das pontas com fita dupla face, uso de bases antiderrapantes e materiais que não se dobrem facilmente. O tapete deve ter sobras de 20 a 30 cm sob sofás e poltronas para evitar bordas soltas. Em salas de jantar, o tapete deve ser maior que a mesa e cadeiras, considerando o deslocamento delas, com acréscimo de 75 a 100 cm. Nos dormitórios, a sobressalência deve ser de 60 a 70 cm para circulação segura, e passadeiras devem começar embutidas na base da cama para eliminar tropeços.

Circulação ampliada: a importância da largura das portas
A arquitetura parametriza as dimensões das portas para facilitar a mobilidade, especialmente para quem utiliza cadeira de rodas ou andadores. Portas de entrada, salas e dormitórios devem ter no mínimo 80 cm de largura, sendo 90 cm o ideal. Para banheiros, embora o mínimo seja 60 cm, o ideal é padronizar essa largura para não restringir a mobilidade dos idosos.

Cozinha segura
A cozinha exige atenção especial: espaço de circulação adequado, ausência de quinas nas bancadas e pisos com acabamento acetinado para evitar escorregões. O uso do cooktop de indução é recomendado para evitar riscos de vazamentos de gás e incêndios, pois o aquecimento ocorre apenas em contato com a panela, não na superfície.

O corrimão é obrigatório
O corrimão é um apoio fundamental para pessoas de todas as idades, especialmente idosos. A instalação de iluminação em LED no corrimão facilita a visualização dos degraus à noite e agrega design ao ambiente. Pisos com acabamento acetinado aumentam a estabilidade e diminuem a probabilidade de quedas.

Dormitório: o refúgio seguro
A cama deve ter altura adequada para que a pessoa possa sentar-se e levantar-se com facilidade. Camas muito baixas ou altas, assim como colchões muito moles, dificultam esses movimentos e podem causar dores crônicas devido à má postura.

Banheiro: epicentro da acessibilidade
O banheiro exige cuidados redobrados. Além das barras de apoio indispensáveis, o piso deve ter alto coeficiente de atrito para prevenir escorregões em áreas molhadas. A abertura do box deve permitir a passagem de cadeira de banho, garantindo acessibilidade e segurança.

Essas soluções arquitetônicas, que vão além das adaptações óbvias, são essenciais para garantir autonomia, conforto e segurança aos idosos, promovendo um envelhecimento digno e com qualidade de vida. A arquitetura inclusiva é, portanto, um compromisso social que deve ser incorporado em todos os projetos residenciais.

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Por Alexandre Agassi

Artigo de opinião

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