TDAH e o diagnóstico tardio que rotula e compromete a vida de milhares

Comunicadora de influência que virou uma educadora milionária apesar do TDAH e da dislexia alerta: "As pessoas descobrem tarde e vivem aquém do próprio potencial."

A empresária Patrícia Mirza além de potência no marketing de influência mundial virou ícone de conscientização sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Ela tinha tudo para parar muito antes de tornar-se a mulher expressiva e milionária que é, se não tivesse decidido aprender da própria maneira. Patrícia, que na infância era rotulada de “burra” pelos colegas da sala de aula pelas dificuldades de aprendizagem hoje acumula títulos e ensina milhares de pessoas de diversos Países, inclusive em outro idioma.

Quem assiste Patrícia palestrar nem de longe desconfia que um dia a linguagem foi o seu maior desafio. “Eu decidi transpor os limites que eram impostos para a minha capacidade já adulta. Foram muitos anos acreditando que eu era menos do que realmente era. A falta de um olhar atento e da orientação correta roubam por muito tempo a verdadeira identidade de quem tem o Transtorno (TDAH)”, diz.

O diagnóstico de Patrícia Mirza chegou depois dos 18 anos, quando a mãe de um amigo decidiu levá-la até um psicólogo que a atendeu voluntariamente e identificou o TDAH. “Quando eu entendi que isso significava simplesmente uma maneira de processar diferente eu passei a funcionar. Decidi ser a Patrícia que eu nasci pra ser com todas as forças”, conta.

O alerta de Patrícia coincide com mais uma entre tantas celebridades que revelam a descoberta tardia do TDAH. Nos últimos dias, a atriz Suzana Alves desabafou em sua rede social que havia descoberto que faz parta da estatística ainda desconhecida e maior do que podemos imaginar de pessoas que possuem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

No dia do aniversário de 44 anos, Suzana Alvez, que ficou conhecida pela personagem Tiazinha postou: “Eu já venci até aqui sem saber e vou continuar lutando contra tudo o que limita minha caminhada nessa estrada.”

Foi exatamente o que fez a executiva Patrícia Mirza, que também recebeu o diagnóstico tarde. “Imagine só viver 44 anos percebendo uma forma de pensar que não está no padrão, uma maneira de falar, de reagir, de sentir, de compreender e ter a sensação de que está sempre fora do lugar apenas por não saber que tudo isso nada mais era do que o TDAH”, destaca a empresária cearense que levanta a bandeira da discussão sobre o assunto.

Para Patrícia Mirza chegar ao auge de uma carreira bem-sucedida, que por muitos anos pareceu condenada ao fracasso, não foi uma trajetória rápida, tampouco simples. Por muito tempo Patrícia enfrentou muitos rótulos. Exatamente como Suzana Alves admitiu aos seguidores: “sofri muitos rótulos e julgamentos que esse transtorno que me fez abandonar por não me sentir motivada e me fazia simplesmente jogar tudo para o alto (SIC).” A atriz completou o desabafo se dizendo aliviada por ter se compreendido: “Fácil?! Não é, mas feliz por saber quem eu sou de fato, como Deus me fez, e agora é me adaptar as terapias, medicação, novas informações e transformações comportamentais”, disse Suzana.

Alertar sobre o TDAH e potencializar pessoas que desacreditam da própria capacidade é um dos propósitos de Patrícia Mirza. A nordestina que vivenciou a realidade do sertão de casa de taipa, banho de cuia e pé no chão em Itapipoca, a cerca de 130 quilômetros de Fortaleza, no Ceará lembra quando dormia na rede, na casinha da avó, não tinha vaso sanitário no banheiro e a sobremesa mais desejada era farinha com açúcar. “Naquela época eu jamais poderia imaginar que a minha realidade hoje era possível”, desabafa Patrícia.

Patrícia aprendeu cedo a influenciar pessoas e a fazer negócios. Quando adolescente, ia a pé para a escola para economizar o dinheiro da condução e transformar o que poupava em lucro, com a revenda de produtos de uma feira livre local. “Não era empreendedorismo inato, mas necessidade”, conta. “Todos me diziam que eu teria que ganhar o meu próprio dinheiro, sozinha, porque era burra demais e nunca seria contratada. A minha sentença era não ser ninguém na vida.”

Naquela época, a escola não percebeu e a família desconhecia o diagnóstico que só chegou no início da juventude a com a ajuda de um psicólogo voluntário, mas o que prejudicava a trajetória escolar de Patrícia e a fez inclusive repetir de ano era o TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade associado à Dislexia.

Quando finalmente compreendeu que tinha uma maneira atípica de aprender, Patrícia Mirza investiu nos estudos especializados e fez a principal fragilidade virar sua maior potência: a menina meio gaga que pensava mais rápido do que podia falar é hoje uma das comunicadoras mais procuradas para projetar pessoas, marcas e ideias brasileiras no Exterior.

De péssima aluna à educadora

Patrícia Mirza coleciona 13 certificações internacionais, 10 nacionais e mais de 25 mil alunas espalhadas por pelo menos 30 países. Sim! Alunas. O foco dela é engajar mulheres na rede e proporcionar liberdade financeira com a monetização na internet.

“Eu não quero igualdade, mas equidade nesse universo digital pouco explorado pelas mulheres. A dependência financeira é uma das causas da manutenção do ciclo de violência doméstica”, ressalta Patrícia, “entre as mulheres que desconhecem as potencialidades que possuem estão todos os tipos de vítimas, a mais vulnerável delas pra mim é a que acreditou que não poderia ir além”.

A menina sacoleira que na adolescência virou uma grande vendedora quando os panfletos ainda faziam o papel das redes sociais, sempre foi uma jovem curiosa pelos feitos da internet: “quando eu pude, decidi escancarar essa janela aberta pro mundo e olhar todas as oportunidades não aproveitadas lá fora que podiam ser minhas e ensinar como fazer isso virou um propósito”, revela.

Foi assim, por meio de muitas conexões, que a cearense desfilou no tapete vermelho do último Festival de Cannes, mesmo sem ser indicada a nenhum filme. “Pois é minha gente, a menina que um dia estava montada no jumento agora estava no tapete vermelho,” conta radiante.

A nordestina foi uma das patrocinadoras do maior evento do cinema mundial e conquistou o prestígio de estar ao lado de celebridades como Júlia Roberts, Sharon Stone, Tom Cruise e outros grandes nomes.

Em busca das mulheres de elite 

Patrícia Mirza dedicou 11 anos da carreira ao marketing digital, atendeu centenas de empresas como AMBEV, UBER, INDRIVER, BANCO ORIGINAL, MARCHÉ DU FILM, FELPS, NUBANK, L´OREÁL, BMW, entre outras e aos 31 anos é a voz do marketing de influência que mais se ouve neste mercado.

A fundadora das empresas Social Factor e Social Makers, que juntas faturam milhões por ano, também está à frente da Etoz Digital, a aceleradora de negócios online e é investidora no ecossistema de inovação, além de CEO da Hith.Lab, que tem como foco o mercado de experiência de luxo internacional e o influence business intelligence.

“Criamos projetos de influência para campanhas e posicionamento de marcas com estratégias baseadas na análise de dados e no comportamento de consumo”, explica Patrícia. “Uma tendência surge sempre de uma oportunidade de satisfazer a necessidade de alguém que não sabia do que precisava até que contassem pra ela”, diz ela.

Nos últimos anos, Patrícia Mirza se dedicou aos estudos sobre o funcionamento humano diante da tomada de decisão e as pesquisas em Neurociências do Comportamento despertaram na empresária um objetivo que está muito além do mundo corporativo. “É mais do que fazer o melhor infoproduto para aprender o marketing de influência, eu quero transbordar o meu legado. Porque legado não é o que você deixa para as pessoas, mas o que você deixa nas pessoas”, enfatiza. “Um dia eu descobri sozinha que as minhas limitações não eram capazes de diminuir a gigante que existe aqui dentro, hoje, sou eu quem quero contar isso para mulheres que ainda não cresceram tudo que podem!”

O objetivo da cearense é formar um exército de mulheres que deixam sua marca no mundo através de negócios lucrativos e desenvolver poder pessoal e posicionamento para que sejam multiplicadoras e também desenvolvam outras pessoas para dar continuidade ao ciclo.

Porque a influência verdadeira nunca foi sobre ser notada na internet, mas sim sobre ser lembrada fora dela”, conclui.

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