E lá se vão três anos…
“Aí eu lembro de você
E essa lembrança me agiganta
Me faz vencer a dor e quando caio, me levanta…”
Oi, minha prima…
Faz tempo que eu não converso com você por aqui, neste espaço criado justamente para as nossas conversas, que há exatos três anos deixaram de ser diárias.
Mas a gente segue conversando… Seguimos juntas, unidas, ainda que o plano físico nos separe, eu sei que você tem estado comigo, porque você sempre encontrou uma forma de se fazer presente…
São três anos, mas ainda parece que foi ontem. E quando a saudade me esmaga, me aperta, eu lembro do seu sorriso e olho a sua inicial, escrita por você e tatuada aqui no pulso esquerdo, que é pra ficar mais pertinho do coração…
“Ah, Janinha, eu acho que tá faltando algum desenho nessa tatuagem aqui!”
E estava… Não falta mais… Quer dizer… Ainda falta… Quando a Nina aprender a escrever o próprio nome, a inicial dela, escrita por ela, também fará companhia à sua e do Uli… E terei meus quatro amores tatuados em mim: Uli, Você, meu pai e a Nina…
A Nina… Você já sabe, é óbvio, mas ela é o bebê pelo qual você tanto torceu e sonhou, mesmo quando eu te dizia que era impossível… E você, com aquele sorriso sempre cheio de certeza, dizia: Ah, Janinha, eu acredito que é possível sim… Você vai ver…
Eu devia ter acreditado em você!
E aí estamos, já caminhando para a reta final de uma gestação que se mostrou tranquila e que teve quem torcesse e continue torcendo contra…
Você também sabe que a Nina veio após a nossa perda gestacional, e que das duas vezes, ela veio de maneira inesperada, sem ser planejada, mas que desde que soubemos de sua existência, ela é muito amada…
O quartinho dela está pronto, as roupinhas lavadinhas e passadinhas, já guardadas…
Senti a sua falta em nosso chá de bebê, assim como sinto a sua falta quando me sinto sufocada pelas palavras que não disse ou pelos sapos que engoli… Tem coisas que nunca mudam, você sabe…
Por várias vezes, eu me peguei pensando: O que a Lígia falaria sobre isso? O que ela diria sobre a nossa espera (que também seria sua)?
Você era a madrinha que eu havia escolhido, se algum dia a gente tivesse um bebê… Nossa ligação, amor e amizade eram testemunhados por quem nos conheceu. Você foi o que ficou daquilo que não ficou e nem a gente sabia explicar tamanha afinidade.
Você não está aqui para que a Nina te conheça, mas você vive em mim, e ela vai saber quem você foi e quem você é, e ela sempre vai saber a diferença que a Lígia fez na vida das pessoas…
Minha irmã, minha amiga, minha prima, minha filha, minha confidente… Que falta você faz!
Não sonhei mais com você, só com aquele recado que você mandou pela Vó Maria, mas sei que você está bem, muito melhor do que quando partiu, e isso me conforta…
Já levei você a todos os lugares que havia prometido, e sempre que retorno a eles, eu faço uma prece por você… Sinto a sua falta…
Espero que a gente ainda possa se encontrar nessa vida, e que eu consiga/saiba reconhecê-la quando isso acontecer… E que, se isso não for possível, que a gente se encontre do outro lado ou na próxima existência.
Obrigada, minha prima, por ter dividido a sua vida comigo! Eu sou realmente uma pessoa privilegiada!
Continuo olhando o por do Sol por nós duas, e aqui em casa tem um por do Sol lindo! Você ia amar…
“Tu, porém, terás estrelas como ninguém… Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem!”
O Pequeno Príncipe
Te amo!
Saudades do lado de cá…
Mande notícias…
Beijos meus, do Uli e da nossa Nina…