Acidente Vascular Cerebral, quanto mais rápido o diagnóstico, menores as probabilidades de complicações

Dados do estudo prospectivo nacional indicam uma incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes. Estresse e consumo de drogas e álcool em excesso podem elevar a hipertensão e precipitar o AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame cerebral, é uma doença extremamente grave. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a segunda maior causa de morte no mundo, atrás apenas do infarto agudo do miocárdio, com aproximadamente 5,7 milhões de casos por ano, o que caracteriza 10% de todos os óbitos mundiais. No Brasil, apesar da diminuição das taxas de mortalidade, também é uma das doenças que mais matam.

Além disso, é a patologia que mais causa incapacidade para o trabalho, pois quem sofre derrame costuma ter problemas nas funções motoras (falta de movimento nas mãos e pernas) e dificuldade na fala e comunicação. A maioria dos indivíduos que sofre o AVC não retorna ao trabalho e fica dependente de outras pessoas no dia a dia. Dados do estudo prospectivo nacional indicam uma incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes.

Apesar desses números preocupantes, muitos ainda têm dúvidas sobre o assunto e desconhecem as principais causas, sintomas e maneiras de prevenir o AVC.  O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Dr. Fabio Rossi, explica que a doença é causada pela falta de perfusão sanguínea dos neurônios, que são as células do cérebro. Entre as origens dessas ocorrências estão a placas de aterosclerose (gordura) que se acumulam nas artérias carótidas e vertebrais, malformação arterial cerebral (aneurisma), a hipertensão arterial, as cardiopatias e a tromboembolia arterial.  “Estresse e consumo de drogas e álcool em excesso podem elevar a hipertensão e precipitar o AVC”, esclarece Dr. Fabio.

Tipos de Acidente Vascular Cerebral

Existem três tipos diferentes de AVC, sendo que cada um possui uma forma de tratamento e uma orientação médica a ser seguida.

AVC Hemorrágico – ocorre quando uma artéria cerebral se rompe (derrama sangue) e falta sangue nos neurônios. Esse tipo de AVC pode aparecer em indivíduos mais jovens e hipertensos, e nos portadores de aneurismas cerebrais, e acontece quando existe uma fraqueza na parede do vaso que se dilata, semelhante a uma bexiga. Na grande maioria das vezes é provocado pela pressão arterial muito alta e descontrolada, e mais raramente possui causas congênitas. Os fatores de risco são a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o tabagismo, o Diabetes Mellitus (DM), a dislipidemia e o sedentarismo.

AVC Isquêmico – é o mais comum e é causado pela obstrução, ou seja, entupimento de vasos cerebrais, e consequentemente há a falta de sangue nos neurônios. Em geral ocorre em idosos e está relacionado à presença de aterosclerose, que são placas de gordura que se acumulam no interior das artérias carótidas, ou por trombos, que se concentram no interior do coração, principalmente na existência de arritmia cardíaca. Pequenas placas de gordura ou coágulos podem migrar por meio da corrente sanguínea, atingir e entupir as artérias cerebrais. Os fatores de risco são a HAS, o tabagismo, o DM, a dislipidemia e o sedentarismo.

AVC Transitório – A grande diferença entre o Ataque Isquêmico Transitório (AIT) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é que o tempo de estabilização e reversão do deficit neurológico é de até 24 horas. O AIT é considerado um dos principais fatores de risco para o AVC, além da HAS, tabagismo, DM, a dislipidemia e o sedentarismo.

O cirurgião vascular ressalta ainda que nos casos mais graves que cursam com deficit motor, como paralisia facial ou de membros, é fácil de identificar o AVC. Já nas ocorrências mais leves, em que não existam sintomas tão aparentes, o especialista dá uma importante dica. “Use a palavra mnemônica SAMU, pedindo para a pessoa sob a suspeita sorrir, abraçar e cantar uma música ou falar o endereço onde mora, e se uma das ações estiver alterada, imediatamente encaminhe o paciente a um serviço de emergência para que se possa identificar e confirmar o diagnóstico o mais depressa possível, e de forma rápida desobstruir ou desentupir o vaso bloqueado. Na ocorrência do AVC, o tempo entre o início dos sintomas e a instituição de tratamento é muito importante e, quanto mais precoce, menores são os riscos de sequelas”.

Além do acompanhamento pelo cirurgião vascular e neurologista, nos pacientes em que existe um deficit neurológio grave instalado e definitivo, é indispensável o auxílio multidisciplinar, que envolve cuidados de enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e até mesmo estomoterapêutas. “O tratamento é muito caro e complexo e pode exigir anos de dedicação dos familiares e cuidadores”, conclui Dr. Fabio.

 

 

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