Você trabalha com o que ama?
Profissional fala sobre a importância da busca por atividades que criem desafios e imprimam senso de propósito no dia a dia no trabalho
A expressão “O trabalho dignifica o homem” é bastante conhecida; não é mesmo? O verbo dignificar significa dar dignidade; enobrecer. Logo, é possível perceber que o trabalho tem um papel muito importante nesse contexto. No ano passado, uma pesquisa global da empresa de consultoria McKinsey & Co. mostrou que 100 milhões de pessoas ao redor do planeta vão deixar seus empregos e ingressar em novas linhas de trabalho até o final desta década por impacto da pandemia da Covid-19. Parte delas possivelmente por opção, parte pelo fato de a doença ter esvaziado postos de baixa remuneração no varejo, hospitalidade e outros setores mundo afora. “A Covid é um grande disruptor”, disse em entrevista Susan Lund, da McKinsey Global Institute, braço de pesquisa da consultoria.
“Seja por opção, seja pelo fato de o seu posto de trabalho ter desaparecido, fato é que trabalhar, além de proporcionar o sustento, contribui para a saúde emocional e o bem-estar dos indivíduos, promove o sentimento de utilidade e realização pessoal e ainda ajuda na construção da autoconfiança. Mas trabalhar com o que se ama mobiliza uma série de outras habilidades no ser humano”, aponta o headhunter e CEO da Prime Talent Executive Search, David Braga.
Segundo ele, é comprovado que quando amamos o que fazemos, acordamos animados e mais empenhados com os afazeres do dia; nossa capacidade de gerenciar e resolver as tarefas se torna mais eficiente; investimos energia com prazer para realizar cada vez mais. “É nítido perceber um profissional que ama o que faz e outro que está insatisfeito com seu dia a dia. Um esbanja empatia, liderança e entusiasmo por onde passa; o outro procrastina tarefas, vive reclamando pelos cantos e tem produtividade baixa”, observa.
Nesse contexto, o headhunter sugere que o profissional insatisfeito avalie onde está hoje e para onde quer ir na carreira. “A vida pede decisão e ação. Se você está em uma empresa que não te desafia, o que pode ser feito para mudar? Qual a sua parcela de culpa nisso? É importante refletir se você se sente realizado e se coloca propósito no trabalho, afinal, a maior parte das suas horas do dia provavelmente são destinadas a atividades laborais; não é mesmo?”, indaga.
De acordo com Braga, que também é professor convidado da Fundação do Cabral (FDC) e Conselheiro de Administração pela mesma instituição, muitas pessoas, mesmo as mais experientes, têm buscado mais a realização profissional do que uma alta remuneração. Por isso, ele está sempre orientando profissionais que o procuram no papel de headhunter, a refletirem se estão felizes com o que fazem hoje. “Se a resposta for não, sugiro que busquem se planejar e se organizar para promover mudanças na rotina. A vida está passando rápido demais e só temos essa para viver. Não trabalhe com o que não te faz feliz”, ensina.
Equilíbrio – E para aqueles que amam o trabalho, David pondera que é importante buscar o equilíbrio entre a rotina profissional e os afazeres pessoais, além das demais esferas da vida. “É assim que profissionais de sucesso fazem, ou seja, organizam suas agendas para dar conta de todas as demandas, já que sabemos que a vida não pode ser apenas trabalhar e pagar contas; não é mesmo? Ao trabalharmos com o que amamos, melhoramos nossas competências e habilidades, pois diariamente somos testados e precisamos dar tratativas a variados problemas e questões. É neste ambiente que aprendemos a lidar com o diferente, uma vez que dentro das organizações cada vez mais é aplicado o conceito da diversidade – tanto de pessoas como de ideias. E com isso podemos empreender nossos conhecimentos, formações e nossas habilidades, técnicas e emocionais, para mudar processos, melhorar sistemas e sobretudo, impactar vidas. O que seria legado na prática senão tudo isso?”, questiona.