Dor nos ombros pode estar ligada à capsulite adesiva

Doença afeta até 5% da população em geral e mulheres são as principais vítimas

Muito se fala dos joelhos e de suas patologias, como a osteoartrose, por exemplo. Mas os ombros, outra articulação essencial para os movimentos diários, também podem ser afetados pelo envelhecimento natural e por lesões ao longo da vida.

Uma das doenças mais comuns que afetam os ombros é a capsulite adesiva, mais conhecida como “ombro congelado”.

Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em RPG e Pilates, a doença é mais comum em mulheres, entre 40 e 60 anos. “A capsulite adesiva tem como principal manifestação a dor e a diminuição da amplitude de movimento, especialmente na rotação externa e interna dos ombros”.

“Alguns exemplos que podemos dar são os pacientes que não conseguem colocar a camisa ou camiseta para dentro da calça na parte de trás. Em geral, todos os movimentos que exigem a rotação dos ombros são afetados”, comenta.

De onde vem?

Na maioria dos casos, não é possível definir a causa da capsulite. Contudo, os estudos ao longo dos anos apontaram que a doença é mais comum em pacientes com diabetes mellitus e hipotireoidismo.

Uma meta-análise descobriu que os diabéticos apresentam um risco 5 vezes maior de desenvolver a capsulite em relação à população em geral.

Cuidado com o tricô

“Alguns movimentos ou posições podem estar relacionados à capsulite adesiva. Isso é nítido nos atendimentos. Muitas pessoas dormem em cima dos ombros, por exemplo. Outras praticam esportes, como o tênis, que exigem bastante dos ombros. Mulheres que fazem tricô ou crochê também têm um risco maior”, conta Walkíria.

Como os ombros funcionam

Para entender um pouco melhor a capsulite adesiva, é preciso conhecer a anatomia dos ombros.

“O ombro é articulação que liga o úmero, o osso superior do braço, à clavícula. É essa articulação que permite os movimentos dos braços em todas as direções, incluindo a rotação. O ombro tem uma aparência esférica e isso permite os movimentos em todos os planos”, explica Walkíria.

Além da cartilagem, a articulação é composta pelo líquido sinovial, essencial para manter, nutrir e lubrificar as superfícies articulares, minimizando o atrito natural entre os ossos.

“A capsulite adesiva tem origem na inflamação da membrana sinovial que recobre o ombro. A condição evolui e começa a aumentar o atrito nos espaços articulares preenchidos pelo líquido sinovial”, diz a especialista.

O termo capsulite adesiva está relacionado à cápsula articular que reveste a cabeça do úmero, (parte superior do osso).

“Ocorre que esse processo inflamatório gera, ao longo do tempo, aderências na cápsula articular do ombro. As aderências são uma reação do organismo para tentar reparar danos ou lesões. Essas aderências causam a dor e a redução da amplitude de movimento, dando a sensação de ombro congelado”, explica Walkíria.

Dor e dificuldades nos movimentos
As principais manifestações da capsulite adesiva são dor no ombro acompanhada por diminuição acentuada da amplitude de movimento.

“A dor é descrita como uma dor incômoda e mal localizada, que pode irradiar para o bíceps. Um exemplo é a dificuldade de alcançar a cabeça ou atrás das costas. Ou seja, a pessoa passa a ter muita dificuldade ao realizar movimentos como flexão, abdução e rotação dos ombros”, comenta Walkíria.

Na fase mais avançada da doença, é possível observar, durante a marcha do paciente, uma perda no balanço natural do braço.

Tratamento é conservador
A capsulite adesiva costuma ser autolimitada. Ou seja, não se torna um problema crônico como a osteoartrose. Por isso, o tratamento é clínico.

Atualmente, a infiltração é uma das abordagens mais usadas para tratar a condição, em conjunto com a fisioterapia.

“O primeiro passo é melhorar a inflamação e, com isso, o paciente vai sentir menos dor. Quando a dor está controlada, iniciamos os exercícios para melhorar a amplitude de movimento e a rigidez articular”, reforça Walkíria.

“Por fim, quem já teve um episódio de capsulite adesiva precisa rever os hábitos que possam causar uma nova crise. Talvez seja necessário optar por outras atividades esportivas com menos impacto nos ombros, bem como escolher outros trabalhos manuais, pelo menos até o desaparecimento dos sintomas e melhora da rigidez e da redução da amplitude de movimento”, finaliza Walkíria.

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