Voo Noturno

por Nilda Dalcól

Quando eu era pequeno, sonhava chegar às estrelas.

Imaginava como iria, como seria, o que faria e me perguntava : “”estrelas falam? como se comunicam?”” Afinal, elas são tantas que achava estranho não “”conversarem””.

E, finalmente, encontrei um meio de chegar até elas … mas teria que ser à noite. O meu avião imaginário não tinha cobertura e se colocasse, talvez ele não aguentasse o peso e eu não poderia realizar o meu sonho.

E fui.

Quando as vi de perto, fiquei maravilhado. O brilho delas cintilavam à minha frente. Eu não sabia para qual olhar primeiro, até me deparar com uma que parecia sorrir para mim e a vi piscar como se eu fora cúmplice de algo que nem sabia o que era. Ela tinha uma ponta bem grande e a movimentava de acordo com os seus desejos e num movimento daqueles, entendi que ela estava me chamando. Desci do meu avião e vagarosamente fui me aproximando até que ela esticou a sua ponta e me tocou.

Pronto. Ficamos amigos!!!

Mostrou-me estrelas menores; a galáxia por onde eu vim e que fiz de “”estrada””, salpicada de nebulosas … lindas … coloridas e indo até uma delas, a transformou numa bola, mesclando as cores que formaram um lindo desenho brilhante.

Começamos a brincar.

Primeiro com a bola/nebulosa.

Depois corremos pelo espaço, pulando de estrela em estrela… e quando tropeçávamos em suas pontas e caíamos com as pernas para cima, lentamente rolávamos por entre estrelas e brumas… achávamos tudo muito engraçado e ouvíamos a nossa risada ecoando pelo infinito.

Brincamos de apanhar estrelas, que não sabemos porquê, vagavam à nossa frente, e quem conseguisse pegar mais, ganhava o jogo !

E assim ficamos até que no horizonte os primeiros sinais de que a noite estava terminando e que elas, as estrelas, precisavam “” dormir “”.

Já sonolenta, a Grande Estrela despediu-se, baixou a sua ponta, fechou os olhos e adormeceu.

Voltei ao meu avião, era hora de retornar, não sem antes sobrevoá-la e acenar para ela, com a promessa de que voltaria.

Nunca mais voltei.

Até porquê, não sei se ela me ouviu … e hoje fico pensando : “” será que ela ainda está me esperando ? será que ainda pensa em mim ? ainda existe ?

Mesmo tanto tempo tendo passado, não perdi a vontade de voltar lá, mas para isto acontecer eu preciso encontrar o meu avião imaginário, que esquecido, talvez tenha se desintegrado junto com os meus sonhos e que hoje o procuro ansiosamente para refazer o meu VOO NOTURNO…

Eu sei que vou encontrá-lo …

Eu sei que vou …

Eu sei …

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