Jovem perde ponta do dedo após procedimento estético em unha lesionada

Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão alerta sobre os cuidados para evitar infecções

Viralizou nas redes sociais o caso de uma jovem carioca, de 24 anos, que teve a ponta do dedo removida após complicação com uma unha acrigel – mistura de gel com pó acrílico utilizada para proteger as unhas naturais, favorecendo o crescimento.

Em seu relato, a mulher conta que foi fazer a manutenção e uma das unhas estava rachada. A manicure passou fibra de vidro por cima do ferimento rachado, como se fosse tampar, e depois fez a acrigel. Após quatro dias, a jovem começou a sentir o dedo muito dolorido e inchado, tendo que ir sucessivas vezes para o hospital, tomando, inclusive, medicação na veia, além de antibiótico.  A situação foi causada por bactéria e o problema já resultou em três cirurgias.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Henrique de Barros Pinto Netto, alerta que é preciso ter cautela na realização de qualquer procedimento se a unha estiver lesionada. Outras situações também podem favorecer a entrada de bactérias e causar infecções. “A paroníquia, conhecida popularmente como unheiro, é um processo de inflamação que acomete a pele em torno das unhas das mãos ou dos pés, podendo causar o acúmulo de pus debaixo da unha ou na pele ao seu redor. Isso pode ser iniciado com feridas causadas pela retirada da cutícula, que é a membrana que protege as unhas, ou o hábito de morder ou puxar a pele, por exemplo”, explica.

Roer as unhas é outra questão que traz risco à saúde das mãos. No início de 2020, ganhou repercussão o caso de um homem de 48 anos, na Escócia, que precisou ser submetido a uma cirurgia de urgência, após contrair uma grave infecção no dedo indicador da mão direita. O escocês foi ao hospital depois que a ponta do dedo começou a edemaciar e colecionar pus. Na emergência, informaram que se demorasse um pouco mais a buscar tratamento, a infecção poderia ter sido fatal.

“Ao roer a unha, a pele que fica ao lado dela, e que tem a função de proteção e suporte, é lesionada, facilitando a entrada de bactérias, que levam à infeção. Sendo a boca um local repleto de germes, ao morder um ferimento aberto, muitas bactérias são infiltradas. Rompendo a camada que envolve o dedo, o risco de proliferação de bactérias, fungos e vírus aumentam em 80%” ressalta o especialista. “Como as estruturas na ponta dos dedos são muito próximas, uma infecção que atinge a unha tem grandes chances de se espalhar para o osso, articulação e tendão, resultando em sérios problemas. A compulsão em roer as unhas pode causar até deformidade dos dedos”, conclui Netto.

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