Assédio moral: A mente pede socorro

Humilhação… Vergonha… Constrangimento… Tudo isso está presente no que se entende por assédio moral. Mas, você sabe como identificar esse crime e o que fazer no que tange à preservação de sua saúde mental?

 

Muito tem se falado sobre essa prática que é muito comum em nosso dia a dia, podendo ser percebido facilmente no espaço doméstico, na roda de amigos ou no ambiente de trabalho, por exemplo. É provável que você, em algum momento da vida, tenha sofrido ou presenciado a prática do assédio. O PL (Projeto de Lei) 4742/2001 caracteriza como assédio moral toda e qualquer “desqualificação por meio de palavras, gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral”. O Projeto de Lei, aprovado em março de 2019 pela Câmara Federal, veio a propósito de configurar a prática como crime, com pena de detenção de um a dois anos e multa.

A fim de exemplificar tal fato a você, caro leitor, fui testemunha ocular do que se entende por assédio moral recentemente. Fiz parte do quadro de funcionários de uma empresa bastante conhecida no segmento religioso em Curitiba-PR, transitando por dois setores, nada “evangelizados”.

No primeiro deles, o chefe, nitidamente autoritário e adepto do “manda quem pode”, expôs a equipe a diversas situações vexatórias. Em uma delas, que me deixou perplexo na ocasião, convocou a equipe – dividindo-a entre masculina e feminina, para ir até sua sala e presenciar uma espécie de workshop de higiene pessoal, exemplificando, inclusive, sobre o correto uso do papel higiênico. Posteriormente, reuniu toda a equipe em uma roda para saber quem, dentre nós, o considerava um mau gestor e estava, naquele momento, com o objetivo de buscar por outro emprego.

O constrangimento de todos, nas diversas outras ocasiões degradantes, era nítido. Ao ser alocado de setor, segui percebendo que a exposição a humilhações poderia ser tomada como costume da empresa. A nova gestão, periodicamente, reunia seu “time” em uma videoconferência onde pessoas pré-selecionadas deveriam expor sua opinião sobre um determinado livro, numa clara coação – visto que a leitura e apresentação de resumos de livros (no estilo trabalho escolar) não eram prevista nos encargos das nossas funções e nos expunham em momentos de exposição e embaraço.

Por outro lado, chegou até mim a informação de que uma colega, vitima constante e nítida de uma perseguição, chegou a reportar algumas ações da chefia ao RH da empresa que, aparentemente, preferiu se omitir de qualquer atitude contra o assédio. Por isso, por estarmos sempre subjugados a uma hierarquia e dependermos do emprego para nossa própria sobrevivência, não temos a bravura de denunciar tais ações, muitas vezes.

Mas, o fato é que nossa mente pode ser afetada, por consequência de tais práticas, resultando em danos sérios à saúde psíquica e desencadeando transtornos graves como a ansiedade, a síndrome do pânico, etc. Veja abaixo algumas ações que podem te ajudar a combater ou mesmo a lidar melhor, sendo você a vítima ou quem presencia o assédio moral.

  • Recorra ao diálogo: independente do problema, a conversa sincera pode ser uma ótima solução. Se você for vítima, relate ao assediador sua insatisfação com tais ações. Se ele for maduro o suficiente, irá te entender e reavaliar suas atitudes.

 

  • Embora seja difícil, tente não ser afetado: se o assédio ocorrer com você, procure não levar para o lado pessoal ou deixar que os problemas do trabalho te afetem fora do horário do expediente. Quando isso for impossível e o emocional esteja sendo realmente prejudicado, leve em conta a próxima dica.

 

  • Procure ajuda para não prejudicar sua saúde: se a prática do assédio estiver afetando em demasia o seu lado emocional, procure apoio. O profissional da psicologia irá te apoiar, direcionar a lidar melhor com as consequências do assédio moral e, até mesmo despertar em você a consciência de que você não é obrigado a ser vítima deste crime.

 

  • Acolha quem estiver sendo assediado: tenha empatia com seu colega vítima do assédio. Se ele te procurar para desabafar, ofereça seu “ombro amigo” e ouça com atenção suas queixas. Nunca, em hipótese alguma, tente diminuir um invalidar seu problema.

 

  • Se não houver solução, denuncie: caso perceba que o assédio persiste, procure os órgãos responsáveis por sua colocação profissional. O site da UFSC elencou a quem procurar se você for vítima destes casos. Para saber mais, clique aqui.

 

É preciso ter em mente que, por mais que se dependa de um emprego para sobreviver, você não estará sozinho diante deste crime. Lembre-se sempre de que salário algum no mundo compensa a deterioração de seu estado mental. A sua saúde DEVE vir sempre em primeiro lugar.

Obrigado pela leitura! Cuide-se!

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