Novidades da medicina sobre o monitoramento não invasivo do cérebro são destaques no simpósio satélite da brain4care no VI Comin
Uma revolução está acontecendo na medicina, movida por uma tecnologia pioneira e disruptiva de monitoramento não-invasivo das variações de volume/pressão dentro do crânio. É isso que vai mostrar o bioquímico Gustavo Frigieri, diretor científico da brain4care, no simpósio satélite “Da PIC para a CIC – complacência cerebral no manejo de pacientes” realizado no dia 12/6, às 12h10, durante o VI Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Neurológica (Comin). Na ocasião, Gustavo traça um histórico, por meio de estudos científicos, sobre a importância do monitoramento não-invasivo do cérebro e como isso tem beneficiado o diagnóstico e acompanhamento de pacientes. Antes da tecnologia brain4care, dados sobre a pressão intracraniana (PIC ) eram obtidos somente por meio de uma cirurgia para inserir um cateter dentro do cérebro e os riscos desse procedimento para o paciente limitavam seu uso apenas para casos extremos.
Estudos científicos mostram que medir somente a pressão intracraniana não é suficiente como indicador da saúde do cérebro. O interior do crânio é composto de três elementos: tecido, sangue arterial e venoso e líquor. O equilíbrio entre o volume desses elementos e a pressão intracraniana é fundamental para a saúde e é o que chamamos de complacência. É um aspecto tão importante que nosso cérebro tem uma reserva compensatória para manter a pressão intracraniana (PIC) normal em caso de desequilíbrios, como tumores cerebrais, AVCs, hidrocefalia ou mesmo problemas sistêmicos como doenças nos rins, fígado e coração. “Se os especialistas olharem apenas para o valor da PIC, ela estará normal até essa reserva compensatória acabar. Mas, se verificarmos a complacência cerebral, vamos saber que existe algo errado antes da reserva compensatória do cérebro se exaurir e do agravamento dos sintomas do paciente”, explica.
Tecnologia que revoluciona a terapêutica
É justamente a monitorização da complacência cerebral (CIC) que a tecnologia brain4care entrega. Por meio de uma faixa em torno da cabeça do paciente, um sensor capta as pequenas deformações do crânio que são enviadas para a cloud da brain4care, onde um algoritmo transforma os pulsos da pressão intracraniana em números, permitindo a análise visual desses pulsos e, também, a avaliação numérica da complacência intracraniana, por meio da relação entre os subcomponentes desse pulso, conhecido como P1 e P2. Tudo isso em tempo real, em menos de um minuto, aparece na tela de um dispositivo conectado ao sensor brain4care à internet. Apesar da ciência já ter conhecimento da importância da complacência, o método invasivo dificultava a utilização desse dado.
Entre os casos que serão apresentados no Congresso Satélite da brain4care no VI Comin estão desde o uso do monitoramento não-invasivo em pacientes com hidrocefalia que precisam regular a válvula que controla a quantidade de líquor no cérebro, garantindo sua saúde, até em pacientes em hemodiálise. São casos representativos de como a tecnologia está sendo utilizada nos hospitais. Em pacientes em hemodiálise, uma pesquisa* com 5 mil monitorizações foi realizada para descobrir por que muitos deles chegavam para fazer o procedimento com quadro de confusão mental. A tecnologia não-invasiva de monitoramento permitiu aos pesquisadores verificar que as curvas da PIC estavam alteradas, indicando redução da complacência intracraniana, e que depois da hemodiálise voltavam ao normal. Com um método invasivo seria impossível realizar esse estudo.
Como tudo começou
O desenvolvimento da tecnologia brain4care foi possível graças aos estudos do Professor Sérgio Mascarenhas de Oliveira (1928 -2021), físico e químico brasileiro reconhecido por sua atuação em ciência e educação. Diagnosticado em 2005, aos 77 anos, com hidrocefalia, doença que provoca acúmulo de líquor em cavidades do cérebro, Mascarenhas fez uma cirurgia para implantar uma válvula que drena o excesso de líquido e retornou à sua vida normal. Movido pelo inconformismo com os procedimentos invasivos, realizou experimentos que provaram que o crânio é expansível e que suas deformações podem ser captadas por fora. O resultado derrubou um dos pilares da Doutrina de Monro-Kellie, estabelecida há 200 anos. A partir de sua descoberta, Mascarenhas desenvolveu a tecnologia brain4care.