10 fatos que pulsam na segunda gestação

Aprendizados diários movidos na força do amor, da experiência e, claro, da necessidade

Para ler ouvindo: Little By Little – Oasis

Escrevo estas palavras de peito aberto e com um único objetivo: compartilhar. Por isso, peço que ao ler evite ao máximo a comparação. Falando de mulher para mulher, sei que veladamente nos incentivam a isso, mas que tal mudarmos de vez os rumos desta história? Essa competição entre nós, mães, enriquece muitos nichos que, aparentemente, se apresentam como redes de apoio. Só que não são. Já imaginou a força que teríamos caso nos olhássemos com mais acolhimento e empatia? Então, insisto: procure não se prevalecer e muito (muito) menos se diminuir.

Como canta o verso da canção, “cada um sabe a dor e delícia de ser o que é”. Na maternidade é assim, estamos sempre em busca da nossa melhor versão, não sem enfrentarmos nossos próprios fantasmas. Ah, se pudéssemos admitir isso sem parecermos (ou nos sentirmos) fracas… Algo que, definitivamente, não somos. Mesmo quando exaustas.

A seguir, sentimentos, percepções, vivências e, sobretudo, aprendizados desta que agora será mãe de dois. Um menino e uma menina. Lembrando que ora posso ser a regra, ora a exceção. O fato incontestável é que tenho vivido a maternidade do pulsar de cada batida do meu coração ao suor que escorre por todos os poros.

 

  1. Ser mãe aos 28 é diferente de ser mãe aos 35. Não se trata de melhor, nem pior. Apenas diferente. Apesar de eu ter uma resistência física maior agora – faço exercícios físicos regulares desde 2017 e até então era sedentária -, a segunda gravidez está exigindo um tiquinho a mais do meu fôlego, afinal, temos um guri de 7 anos aqui do lado, graças a Deus, supersaudável. Porém, a principal diferença está no saber o que esperar e por isso estar bem menos ansiosa versus uma experiência nova e única (sim!) que ainda me surpreende nos detalhes. Ou seja, estou confirmando que nem tudo pode ser controlado e que me colocar nas mãos da mãe natureza exige entrega, abnegação e, claro, muito amor (sempre ele);
  2. Não, eu não ligo para a diferença de idade entre meus filhos (exatos 7 anos e aproximadamente 6 meses). Ao contrário do que tenho ouvido desde que soube da gravidez do Pedro, em junho de 2013, emendar dois bebês nunca me pareceu uma boa ideia. Particularmente falando, estou simplesmente amando ter um garotinho ao meu lado que não só pediu e quer muito essa irmã, com mais consciência do que isso representa, como me cuida, me ajuda e até me consola. Da mesma forma que adoro a ideia de ter curtido exaustivamente meu primeiro bebê e agora viver ao lado de um garotinho incrível uma nova, desafiadora e linda fase da vida;
  3. Informação é tudo. Nunca encarei a via de parto como uma escolha. Na realidade, meu ideal de perfeição diz respeito a um parir seguro. Se ouvisse da obstetra que precisaria de uma cesárea, uma cesárea faria. Só depois de dar à luz fui descobrir a alta taxa, uma das maiores do mundo, de realização da cirurgia no Brasil, e que nem todas as indicações eram mesmo necessárias e estavam mais relacionadas às agendas dos consultórios médicos do que realmente com a segurança do binômio mamãe e bebê. Culturalmente, fui criada para parir, ouvindo da minha mãe que era um momento sublime, da dor mais incrível e fortalecedora que há. Por isso, cresci empoderada nesse sentido e na hora H, simplesmente pari. Não sem intervenções desnecessárias, como episiotomia encarada como rotina, analgesia sem ao menos a chance de alívios não farmacológicos e uma equipe hospitalar hostil, burocrática e apegada ao processo mecânico do parto. Hoje, graças a Deus, estou munida de muito mais conhecimento e tratei de me cercar por uma equipe com mentalidade humanizada (seja lá qual for a via de parto, lembrem que o plano é segurança, certo?) com todo o respeito e protagonismo que eu e todas as mulheres merecemos no momento mais importante da gravidez, que é o trabalho de parto e nascimento. Fomos feitas para isso e, infelizmente, querem nos tirar até esse poder (e são muito, muito, MUITO convincentes). O mesmo vale para a amamentação, que salvo casos específicos te fazem desistir e partir para a fórmula na primeira grama não ganha (persistindo, fui até 2a10m sendo considerada de outro planeta). Receio que nunca mais irão conseguir nos convencer de nada com facilidade;
  4. Se preocupar tanto com enxoval é perda de tempo e posso provar. Caso você seja do tipo de pessoa mais consumista, irá discordar veementemente, contudo, seu bebê não, hehehe. Na minha primeira gestação já fiz a linha mais desencanada, providenciando o enxoval pouco tempo antes do bebê nascer e comprando o básico necessário com alguns mimos a mais que pareciam desnecessários e que na prática eram mesmo. A exemplo de  uma calça jeans para um ser com menos de 1 aninho. Por quê?! Até hoje me pergunto sem uma resposta digna e com a certeza de que tentei vestir a peça no guri uma única vez e ele chorou até eu tirar poucos minutos depois.  Roupinhas confortáveis e de acordo com o clima são mais que suficientes na empreitada, se me permitem dizer;
  5. Não caia, em hipótese alguma, no conto do “dar conta de tudo”. Quer saber o motivo? Simplesmente por ser impossível. A não ser que você tenha pelo menos uma funcionária que limpe e cozinhe e uma babá jamais conseguirá manter tudo impecavelmente no lugar. E tô falando isso por ter tentado e falhado miseravelmente. Se tiver que optar entre uma caminhada no parque e uma faxina, opte pela primeira opção, por favor, será a melhor escolha. Se tem o pai das crias e teu companheiro aí do lado, ele não precisa te ajudar (e do jeitinho torto dele, oh, judiação) e sim fazer a parte dele se portando como um homem adulto que sabe da sua responsabilidade. Ponto final. No mais, limpar a casa (e tô falando de vidro, banheiro, rejunte, não preparar um jantarzinho enquanto toma uma taça de vinho – coisa que amo fazer) nos tira precioso tempo que poderia ser dedicado aos cuidados com nosso físico, espiritual e intelectual (mil vezes mais importantes). Ah, Patricia, mas então deixa tudo sujo? Claro que não! Mas delega!!! Se você mora sozinha com um bebê eu sugiro economizar no enxoval (bingo!) e ter uma diarista para te ajudar e ainda dar trampo para uma mana;
  6. Não é ser mãe que cansa, é ser mulher. Já notou isso? Não? Imagine você apenas cuidando do seu adorável bebê, amamentando, ninando, cheirando. Depois de crescido, cuidar do lanchinho do colégio (como eu amo fazer isso), das lições de casa, mergulhar junto no universo das ciências (redescobrindo questões óbvias completamente esquecidas e se deliciando). Conversar, brincar, amparar. Ter tempo para seu trabalho, fazer algo que ama verdadeiramente, correr 5km e toda vez concluir o percurso com a melhor sensação do mundo. Tá, acordei. Além do rejunte do banheiro que só fica branco na base da escova de dente aposentada, tem a tal imagem que precisa ser “cuidada” (sobrancelha da moda, unha da moda, cabelo da moda, estilo da moda, postagens good vibes da moda), a eterna vigilância do se fica em casa se anulou, se mantém a carreira é egoísta e se faz as duas coisas é doida… Me chama de tudo, menos de Super-Mulher, PFVR, OBG, DE NADA;
  7. O caminho é mais importante que a chegada (e não tem troféu no final). Portanto, segue seu coração, instinto, voz interior, consciência. A melhor forma de criar uma criança é pelo exemplo. Ilustrando: não dá para o filho comer bem se os pais comem mal; querer que ele leia se ninguém incentiva, lê junto, proporciona livros e momentos de leitura; que respeite o próximo sem presenciar isso ao redor; exigir do outro o que não fazemos, valorizamos e espalhamos chega a ser injusto, em se tratando dos filhos pequenos, me perdoem, mas desleal;
  8. Dizer NÃO para alguma situação é dizer SIM para você mesma. Diga não, recuse, se negue, não vá, não tope, deixe claro a negativa. Nada disso fará de você menos educada e gentil. Estabelecer limites profissionais, nas relações íntimas, familiares e sociais é libertador. Atrelado à maternidade, representa tirar um piano de cauda das costas;
  9. Amar é revolucionário. Se ame! Cada conquista, cada etapa, cada fase, cada talento. Cada drama, cada defeito, cada surto, cada foda-se. Não se cobre tanto, não vale a pena. Você é a melhor mãe que pode ser e seu (s) filho (s) sente isso. Abrace, beije, dê colo, seja colo, peça colo. Não se negligencie. Cuide de você mesma para cuidar do outro. Repita mentalmente para si mesma como um mantra. Nem todos os dias serão incríveis, mas os que forem te darão a coragem necessária para enfrentar as dificuldades e sair delas mais fortalecida;
  10. AMO SER MÃE! Deixo dormir comigo na cama, aceito manhas, vivo a infância sem permissividade, mantendo um equilíbrio saudável (tentando, pelo menos) com limites, respeito e muito EU TE AMO dito e demonstrado. Mas, também amo quem eu sou, o que me faz bem e não abro mão da minha individualidade nem pelas crias. Mamãe feliz, filhos felizes!

 

Até a próxima!

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