Entidade internacional de ginecologia alerta especialistas de 132 países sobre risco da Covid-19 na gestação

Na última semana, ginecologistas e obstetras do mundo inteiro receberam um comunicado da FIGO, Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, instituição científica que reúne sociedades científicas de 132 países, incluindo o Brasil.

O comunicado, intitulado Maternidade Segura e COVID-19, traz uma série de informações sobre a gravidade da Covid-19 em todo o mundo, com foco no resultado materno, transmissão vertical, amamentação e alojamento conjunto, entre outros.

Destaca, por exemplo, que mulheres grávidas apresentam risco aumentado de doença grave associada a Covid-19 em comparação com não grávidas, e sugere especial atenção a partir da 20ª semana de gestação, pois afirma ser ‘cinco vezes mais provável a admissão na UTI em comparação com aquelas na primeira metade da gravidez’.

Para reduzir o risco de doença grave e morte por Covid-19, a FIGO alerta ginecologistas e obstetras que mulheres grávidas devem ser orientadas sobre a importância de procurar atendimento médico precocemente em caso de febre, fadiga, dispneia e queixas gastrointestinais.

“É necessário, com urgência, priorizar a atenção a mulheres em idade reprodutiva e à gestante durante a pandemia”, afirma o Dr. Thomaz Gollop, Dr. Thomaz Gollop, professor colaborador de ginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, que também recebeu o comunicado na última semana.

Para o especialista, mais do que alertar as gestantes sobre os riscos da Covid-19 na gestação e a importância de realizar os exames pré-natais, mesmo durante a pandemia, seguir as orientações médicas e procurar atendimento em caso de dúvidas ou de qualquer intercorrência, é preciso atenção especial às mulheres em idade reprodutiva que estão pensando em engravidar.

“As mulheres precisam estar bem informadas para decidir por uma gravidez planejada neste momento ou se é possível aguardar o fim da pandemia ou, ao menos, o avanço da vacinação no país. Todas estas questões devem ser discutidas amplamente com as pacientes, para que possam tomar suas decisões”, avalia.

Transmissão vertical e amamentação

Com relação à transmissão da Covid-19 da mãe para o feto na gestação, embora não haja evidências até o momento deste tipo de transmissão, a FIGO alerta que amostras de placenta e imunoglobulina IgM neonatal raramente têm sido testadas.

Já no caso da amamentação, o comunicado ressalta os benefícios do leite materno para a nutrição dos bebês e sua proteção contra doenças e diminuição dos riscos de diversas doenças importantes. Segundo a FIGO, embora já tenha sido documentada a presença de vírus no leite materno, os dados não são suficientes para relacionar a transmissão vertical à amamentação.

Por essas razões, e considerando que a Covid-19 em bebês parece representar uma ameaça muito menor à sobrevivência e à saúde do que outras infecções contra as quais a amamentação protege, a FIGO recomenda que as mães com suspeita ou confirmação de COVID-19 devem ser encorajadas a iniciar ou continuar a amamentar.

Cuidados neonatais

Por fim, a FIGO lembra os benefícios do contato pele a pele e o cuidado com a mãe canguru para o recém-nascido, incluindo facilitar a amamentação e melhorar a termorregulação, o controle da glicose no sangue e o apego materno-infantil, diminuindo o risco de mortalidade e infecção grave entre nascimentos de bebês com baixo peso.

Assim, a entidade acredita que a manutenção deste contato, ainda que haja um risco potencial de transmissão da SARS-CoV-2 para o recém-nascido, deva ser avaliado entre os profissionais de saúde e a mãe, visto que o risco de infecção por Covid-19 é baixo e a infecção geralmente é leve ou assintomática, enquanto as consequências da separação entre mãe e filho podem ser significativas.

Mas destaca que a separação pode ser necessária para mães que estão muito doentes para cuidar de seus bebês ou que precisam de níveis mais elevados de cuidados ou para neonatos com maior risco de doença grave, como prematuros.

Vacinação de gestantes e puérperas

Após uma série de reivindicações de médicos e profissionais que atuam diretamente no atendimento a gestantes e puérperas, em nota técnica divulgada em 26 de abril, o Ministério da Saúde incluiu estes grupos na Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19.

De acordo com a nota, na fase 1 da vacinação, todas as gestantes e mulheres no período pós-parto, com comorbidades, independentemente da idade ou do período gestacional, no caso das gestantes, poderão receber a vacina. Na fase 2, serão vacinadas as demais gestantes e puérperas, independentemente de condições pré-existentes.

Para receber a vacina na fase 1, a gestante ou puérpera precisará apresentar exames, receitas, relatório médico ou prescrição médica que comprove a comorbidade.

Para aquelas que tiverem tomado a vacina contra a gripe, deverá ser respeitado um intervalo mínimo de 14 dias entre as doses.

Segundo a nota do Ministério da Saúde, a decisão foi embasada em evidências cientificas e dados epidemiológicos disponíveis, que evidenciam que ‘a gestação e puerpério são fatores de risco para desfechos desfavoráveis da Covid-19, tanto no que diz respeito ao risco de hospitalização e óbito, mas também em desfechos gestacionais desfavoráveis como parto prematuro, abortamento entre outros’.

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