Interrogações para o Nosso Tempo

Vivemos tempos muito difíceis. Pandemia, mortes, desemprego, aumento de preços, tristeza, dor, desespero, apatia, conformismo, revolta e indignação. E, ainda, as omissões e os desmandos de alguns na Política tornam cada vez mais complicada a vida, principalmente a dos mais pobres.

O que fazer? Os discursos se avolumam, disputa-se espaço, divide-se, promove-se o ódio e a guerra ideológica, quando a ação mais óbvia seria proteger e defender a vida. Para defender a vida não houve e não há planejamento, apenas para manter poder. Para isso vale tudo! Apela-se para o absurdo: negacionismo, censura, ameaças, religião, fundamentalismo e medo.

O que fizemos com o mundo? Por que o egoísmo continua sendo a regra? Por que alguns insistem em manter a pose de poderosos em um mundo dilacerado pela pobreza, doença, forme e desigualdades? E o Brasil? Que país é esse em que a ignorância e a estupidez fazem escola e ganham cada vez mais espaço?

Diálogo? Pode até ser possível, desde que os interesses egoístas sejam preservados. Repartir? Coisa de comunistas e desocupados. Enfim, para todo comportamento ou ação que tenha a ousadia de se opor, criticar e expor as contradições do nosso tempo, as respostas já estão prontas e há muito tempo são repetidas à exaustão.

Contudo, a pandemia com suas consequências catastróficas tem exposto a cada dia as contradições e distorções de nosso sistema, assim como a arrogância e estupidez daqueles que insistem em virar as costas para a realidade e enxergar apenas o que lhes interessa.

Não faltam os bem-intencionados que a todo momento informam, alertam, explicam e aconselham. Mas quem os escuta? Afinal, cada um já escolheu o que fazer com base em seus próprios ídolos e mitos. E, ainda que as consequências dessas escolhas sejam nefastas para si mesmos e para os outros, as justificativas já estavam preparadas. A culpa é sempre dos outros que são negativistas, só reclamam, discordam e não sabem ver o lado positivo das coisas. E a história segue seu curso.

Ora, por que é tão difícil desapegar-se? Por que o outro precisa ser visto sempre como inimigo? Por que há sempre quem esteja disposto a jogar sujo para levar vantagem, independente das consequências? Por que a paz é sempre um projeto, uma utopia e nunca uma conquista permanente?

Afinal. o que nos motiva? O desejo de ser poderoso? De possuir? De ser famoso? A vontade de aparecer? De ser reconhecido, amado, estimado e bajulado? E se são, por que são essas as motivações?  Certamente, a lista de interrogações não termina aqui.

Desistir? Calar-se? Omitir-se? Conformar-se? Jamais! Se calarem a voz dos profetas as pedras falarão, diz uma conhecida canção religiosa.

 

(*) Luís Fernando Lopes é Doutor em Educação, professor do Curso de Filosofia da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER

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