Em 2020, foram registrado mais de 16 mil acidentes de trabalho
A data de 28 de abril é marcada pelo Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho e as estatísticas mostram cenário alarmante: a cada minuto, uma pessoa se machuca no Brasil durante o serviço.
Dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do governo federal, mostram que, em 2019, ano pré-pandemia, foram concedidos 44.632 auxílios doença por acidente de trabalho, envolvendo os membros superiores, como as mãos, que estão entre as partes do corpo mais sujeitas a acidentes. Em 2020, ano em que muitas atividades pararam temporariamente e o home office teve grande adesão, os números caíram mais da metade, mas ainda assim, são relevantes: 16.278 casos, o que equivale a 44 acidentes por dia.
“Os acidentes nos membros superiores são bastante comuns, principalmente pela exposição dos mesmos, pois eles são nosso instrumento de trabalho, com as quais manejamos as máquinas e instrumentos, ao mesmo tempo que é com eles que nos protegemos”, ressalta o presidente da SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão), Dr. Henrique de Barros Pinto Netto. “Muitas vezes, o uso incorreto dos equipamentos de proteção individual ou o não uso dos mesmos aumenta o risco de lesões. As mãos e punhos têm estruturas complexas, de grande importância em nosso corpo, pois são formados por muitos ligamentos, ossos, nervos que propiciam sensibilidade e comandam os movimentos dos músculos e tendões, importantes artérias que irrigam os membros, bem como a cobertura cutânea de todas estas estruturas. Por essas razões, são muitas as lesões que podem levar ao afastamento no trabalho”, acrescenta.
O especialista pontua que a maior incidência dos acidentes e traumas das mãos e de demais partes dos membros superiores atinge a população economicamente ativa e o afastamento dessas pessoas de suas atividades provoca um sério impacto econômico-social. “Além do trauma físico e a limitação que isso pode causar na pessoa, outro problema que envolve a questão é o custo desse tipo de acidente que, em boa parte dos casos, englobam o atendimento médico e tratamento, indenização do acidentado, horas perdidas no trabalho e substituição do funcionário. Todos esses pontos acarretam em custos para o governo, para a empresa, mas principalmente para o trabalhador acidentado, que será afastado de seu trabalho, causando um impacto econômico em sua casa e, em casos de acidentes mais graves, carregará as sequelas para o resto da vida”, fala o especialista.
O presidente da SBCM salienta que é fundamental que haja uma ação dupla de conscientização, tanto por parte das empresas, seguindo rigidamente as normas de segurança, fazendo treinamentos e manutenção nos equipamentos, quanto por parte do trabalhador, também cumprindo as normas de segurança, utilizando corretamente os equipamentos de proteção, além de redobrar a atenção. “As mãos são essenciais para qualquer coisa que fazemos, por isso, o máximo de cuidado com elas é fundamental”, conclui Dr. Henrique.