O perdão como cura para as feridas emocionais e o fortalecimento do amor próprio

Em nossas relações humanas, em algum momento, nós precisaremos perdoar ou pedir perdão, principalmente na relação com aqueles que mais amamos.

O amor que sentimos por uma pessoa não nos impede de, em alguma situação, magoá-la.

O contrário também é verdadeiro, o amor que as pessoas sentem por nós não as impedem de nos ferir.

Talvez as maiores feridas emocionais que nós temos se originaram das relações com as pessoas mais amadas.

Contudo, se o amor não nos livra da possibilidade de ferirmos e sermos feridos, ele nos ensina a perdoar. O amor se fortalece no exercício do perdão, da empatia, da compreensão. Processo difícil, às vezes, parece impossível, porém, necessário se quisermos que as nossas feridas se cicatrizem.

O perdão nos liberta de maus sentimentos que só nos prejudicam. Não significa esquecer do que o outro fez, mas lembrar do acontecimento com leveza e sem dor, com o sentimento de que está tudo bem, passou, curou!

Nesse processo de perdão, cabe aqui uma autoavaliação: qual a minha responsabilidade em relação a tudo que aconteceu? Será que eu poderia ter feito algo para evitar que a situação ocorresse?

Às vezes, nos também falhamos e é sinal de amor-próprio reconhecer nossas qualidades, mas também nossas limitações e o esforço que podemos fazer para superá-las.

Se fomos responsáveis de algum modo pelo que ocorreu, precisamos, primeiro, antes de perdoar, nos perdoarmos. Não convém aqui potencializarmos a culpa, o remorso, a condenação, sempre podemos aprender com nossos erros e, em outra situação parecida, agirmos diferentes. Nem sempre sabemos fazer o bem que desejamos, não que não sejamos capazes, mas, às vezes, é realmente muito difícil acertar em meio a tantos sentimentos diferentes que envolvem nossas relações.

Igualmente importante é reconhecermos a responsabilidade que o outro que nos ofendeu tem na situação que ocorreu.

Muitas vezes, nenhuma de nossas ações justificam os atos de quem nos ofendeu. Quando há a quebra de confiança em uma relação, por exemplo, frequentemente podemos nos culpar por termos confiado na pessoa, nesse caso, assumimos junto dela a responsabilidade pelo que aconteceu.

Mas a confiança é um aspecto importante de toda relação e um sinal de maturidade, portanto, o erro não foi o nosso de confiarmos na pessoa, mas sim da pessoa que não soube respeitar e compactuar com a nossa confiança.

Nesse caso, quem falhou foi a outra pessoa, a responsabilidade pela quebra de confiança é dela e não nossa.
Nós não podemos nos responsabilizar pelas escolhas do outro, mas podemos nos responsabilizar pelos sentimentos que as escolhas do outro provocou em nós.

Retomamos aqui a necessidade do perdão que, após concedido, pode nos levar a reflexão se “as coisas voltarão a ser como antes”? Talvez sim, talvez não, o tempo e as circunstâncias vão nos permitir compreender e analisar até que ponto vale a pena reatar essa relação ou deixar que o outro siga em paz seu caminho.

Vai nos mostrar também a intensidade do afeto que vamos dispensar àqueles que perdoamos. Vai nos ensinar que o perdão acompanha o amor próprio, que não é egoísmo, mas uma condição necessária para sermos mais felizes e satisfeitos em nossas relações.

Wallisten Garcia, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFPR, especialista em Terapia Familiar, doutorando em Educação pela UFPR e professor da Estácio Curitiba.

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