Escolhendo o médico…
Dando continuidade… Decisão tomada, era hora de escolher o médico!
Minha busca começou no Google e nas redes sociais. Estava atrás de um bom cirurgião que operasse milagres e descobri que eles não existem. E desconfie daqueles que te prometem um corpo de miss na primeira intervenção. Como ser miss e atriz pornô nunca esteve em meus planos, independente de precisar de um retoque ou outro no futuro, acredito que estou bem melhor do que já fui um dia, e olha que estou apenas no 38° dia pós-cirurgia. O tempo médio para perder todo o inchaço são seis meses, e o resultado final é obtido no 12° mês. Puxado, né?
Voltando à escolha do profissional, sempre é bom ter indicações de pessoas que já fizeram algum procedimento com aquele especialista. Se foi a filha da amiga da prima ou de uma conhecida, desconfie! Ou é a pessoa, ou não é.
Pesquise. Procure saber tudo sobre aquele profissional. Não se paute pelo valor que ele cobra, peça para ver outros casos similares ao seu em que ele já tenha atuado, peça fotos, detalhes, relatos, cicatrização, pós-operatório, tudo o que você puder e tiver direito. Sim, você tem direitos. É a sua saúde e um procedimento cirúrgico que pode, sim, colocar um fim em sua vida.
O primeiro médico
O primeiro cirurgião que eu consultei, além de cobrar super caro na consulta, agendou meu horário para 14h e foi me atender às 15h30, o que eu acho um desrespeito, além de ter a sala de espera pior que estádio de futebol em dia de Coritiba X Athlético Paranaense (para quem mora em Curitiba, vai entender). Na minha opinião, atraso e sala de espera lotada não são bons indicativos a respeito do profissional. Como é que ele vai dar atenção para todas aquelas pessoas no pós?
Bem, ele disse que, para o meu caso, ele faria: lipoaspiração nas costas e no abdômen, abdominoplastia (em âncora, porque como eu disse ali no começo, não existe milagre), enxerto de glúteo e mastopexia com prótese – mastopexia é a cirurgia que levanta e remodela as mamas. Como eu perdi cerca de 40kg com a cirurgia bariátrica, a masto era mesmo necessária. No entanto, eu discordei da prótese. Ele me recomendou 400ml, achei exagerado, porque meu porte físico é pequeno (quem me conheceu pós bariátrica não acredita que eu fui obesa).
Esse primeiro cirurgião eu encontrei nas redes sociais. Ele tem páginas, perfis e grupos no Whatsapp. Comecei a acompanhar os posts porque achei tudo meio exagerado, eram elogios demais… Fui investigar o perfil das pessoas que o elogiavam exageradamente e, pasmem, eram pessoas que trabalham no seu consultório e outras que ele contratou para que vendessem os seus serviços na internet.
Desde então, comecei a prestar mais atenção nos grupos de whatsapp dele. Eu estava em três desses grupos. Toda vez que alguém fazia uma reclamação sobre ele, a equipe, o procedimento ou o atendimento, ficava sem resposta ou recebia de imediato uma ligação da “administradora” da clínica repleta de promessas e pedidos de desculpa, mas a situação nunca se resolvia.
Como ele me recomendou o procedimento em âncora (PAUSA: NÃO ADIANTA FICAR SE ENGANANDO E PROCURANDO UM MÉDICO QUE DIGA QUE VAI FAZER A TRADICIONAL, VOCÊ TEM QUE TER CONSCIÊNCIA DO SEU CORPO. EM CASOS DE GRANDE PERDA DE PESO E SOBRA DE PELE, A ABDOMINOPLASTIA TRADICIONAL – AQUELA QUE FAZ UM CORTE NA ALTURA DA CALCINHA DO BIQUINI -, PODE NÃO RESOLVER PARA O SEU CASO E VOCÊ TER QUE VOLTAR PARA A MESA DE CIRURGIA MESES DEPOIS POR MAIS UMA OU DUAS VEZES E FICAR INSATISFEITA, COLOCANDO A CULPA NO PROFISSIONAL), eu pedi que me mostrasse fotos de outros procedimentos similares, e sabem o que ele me respondeu? Que na internet eu encontraria vários.
Oi???
Eu não quero ver na internet, eu quero ver as feitas por você! Quero ver como é o seu corte, como você faz os pontos.
“As pacientes não liberam imagens”. Oi (de novo)????
Todo cirurgião plástico tem um portifólio, porque isso é um balizador para a carreira dele, além de servir como estudos de caso. A gente assina um contrato com o profissional, onde está escrito que sim, ele pode fazer nossas fotos, divulgar para outras pacientes, usar profissionalmente, desde que omita nossas informações pessoais.
Cabreira que já estava, ao terminar a consulta – que durou 8 minutos – ele pediu que eu esperasse na sala ao lado para receber o orçamento. Oiiiii (pela terceira vez)???
Lá fui eu. Eu saí da sala dele e lá entraram duas assistentes… vinte minutos depois, veio o orçamento.
Passados 40 dias, pedi uma atualização do orçamento, porque a minha saga continuava, e eis que a supresa veio: 40 dias e 3 mil reais de acréscimo.
Oi??? (já perdi as contas de quantos oi).
No grupo de Whatsapp dele, vi pessoas que estavam realizando os mesmos procedimentos que eu e os valores eram de 6 a 10 a mil mais baratos que o meu. Com isso, concluí que o orçamento (aquele que eu fiquei esperando vinte (VINTE) minutos pra sair, e é feito junto com DUAS secretárias) é dado de acordo com a cara da paciente. Ou seja, de rica, tenho só a cara!
O segundo médico
O outro médico que pesquisei, goza de certa fama na cidade. Mas, começamos mal. Consulta paga antecipadamente (sim, ele só atende assim), horário agendado e cerca de 2 horas de atraso, eu disse às secretárias que não era possível eu pagar antecipadamente e ter que esperar duas horas para uma consulta agendada E PAGA. Remarcamos para a semana seguinte.
Ao chegar lá, o profissional me atendeu (em uma consulta que durou 5 minutos) mascando chicletes e sem jaleco. Me perdoem as mais “moderninhas” e menos tradicionais, mas para mim, médico é médico e deve se portar como tal.
Esse profissional disse que não faria a cirurgia em âncora, mas sim a tradicional (gente, no meu caso, não tem como, sobraria pele dos lados, não há “esticamento” que dê conta), e que eu poderia voltar para um retoque, sem custo no futuro.
Sem custo? Não se engane! O retoque tem custo sim! Você só não paga o cirurgião, se a sua cirurgia for particular, como foi a minha. No mais, você paga o hospital, a instrumentação, o assistente, o anestesista e todo o combo que vem com eles.
Ele disse que faria a mastopexia sem prótese, o que eu achei perfeito. E em seguida, lá fui para a sala de espera aguardar o orçamento feito por ele e pela assistente… Mais 20 minutos.
O orçamento estava dentro do que eu havia imaginado, no entanto, pra “engordar” essa receita, ele cobrava por três instrumentadores, três anestesistas e dois médicos assistentes, o que acabou elevando o orçamento, em comparação ao outro profissional, em cerca de 8 mil reais.
Saindo de lá, fui buscar relatos de pessoas na internet sobre esse médico, e eis que me deparei com processos, xingamentos e muita insatisfação. Como? Afinal, é um dos mais famosos da cidade/estado… Descartei.
O terceiro médico
Já quase desistindo e aceitando que as sobras ficariam comigo pelo resto da vida, fui no grupo de Whatsapp daquele primeiro profissional e disse aos membros que os relatos deles estava me deixando cada vez mais desestimulada. Eram reclamações de descaso do pós-operatório, de quadros que se agravavam e nada de o profissional dar resposta ou solução. Nisso, uma pessoa que estava no grupo me chamou no privado e perguntou se eu conhecia o Dr. Faiçal Assad Junior. Eu disse que não. E essa pessoa, que mora no estado vizinho, disse que estava há tempos pesquisando e que ele havia sido muito bem recomendado e que no mês seguinte, ela viria para consultar com ele. Pensei: bom, pra quem está quase desistindo, não custa (custa sim) consultar com mais esse pela última vez.
Ele também tem um grupo de whatsapp, embora ele mesmo seja contra, no entanto, ninguém posta nada lá, a não ser as pessoas que vendem cintas pós-cirurgicas e medicamentos. Me manifestei no grupo e duas pessoas me chamaram, mostrando seus resultados. Me animei.
Consulta marcada (com pagamento no dia da consulta), que surpresa: chego lá, sou atendida pontualmente e o consultório não parecia estádio de futebol em dia de decisão do brasileirão.
Ao entrar no consultório dele, a primeira coisa que eu disse foi:
Olha, Dr., você é o último cirurgião que eu estou consultando. Já fui no nononon e no nononon e não gostei por esses motivos (contei tudo pra ele). Então, é aqui que eu vou decidir se farei ou não essas cirurgias.
Fomos para uma outra sala em que DUAS assistentes me esperavam. Tirei a roupa, vesti um roupão. O médico entrou com fita métrica, régua, um compasso enorme (que deve ter um nome específico), um esquadro e uma prancheta.
Pediu pra que ficasse de pé, depois sentada, virasse de frente, de lado, de costas e quase que de ponta-cabeça e do avesso. Foi o ÚNICO profissional que me mediu, que fez marcações anotadas com precisão pelas suas assistentes, que antes de tudo, me pesaram e aferiram a minha altura.
Eu disse a ele o que mais me incomodava (barriga e aquelas “alças” nas costas/laterais) e disse também que eu tinha consciência do meu corpo e que estava longe de mim ser uma miss, ao que ele propôs a cirurgia (abdominoplastia) em âncora, mastopexia sem prótese e lipoaspiração – abdômen, lateral, costas e flancos.
Pedi, então, para ver fotos de pacientes com casos semelhantes ao meu e que tivessem sido operados por ele, e ele me apresentou uma pasta: “ – Escolha!”, disse ele.
E então, eu comecei com a minha extensa lista de perguntas. A consulta com ele demorou 45 minutos, acho que ele não estava mais aguentando tantas indagações. Agradeci e perguntei se deveria sair para aguardar o orçamento e ele disse que não, que o orçamento seria feito naquele exato momento, por ele mesmo. Fiquei sem saber o que pensar.
Ele me ofereceu duas opções de locais para me operar. Como não tenho plano de saúde, optei por um dos mais modernos hospitais do Paraná, o Rocio em Campo Largo. Lá, 98% de seus atendimentos são do SUS – Sistema Único de Saúde. Ou seja, se algum problema ocorresse durante o procedimento, teria meu leito garantido pelo SUS, além de ser atendida com urgência, sem necessitar de deslocamentos ou outros aparatos que poderiam, na sua falta, ocasionar complicações severas para a minha saúde.
O orçamento ficou na média do que eu esperava. Não existe orçamento barato quando se trata de cirurgia plástica e quando o assunto é saúde. É muito mais do que estética, é um procedimento que, se não for realizado por um bom especialista, e não falo aqui de nome, fama, renome, pode custar a sua vida.
E foi ali que eu decidi que seria o Dr. Faiçal o responsável pela mudança mais radical da minha vida.
Se conselho fosse bom…
Bem, se conselho fosse bom, eu tava rica, porque olha… se tem uma pessoa que adora discorrer sobre coisas aleatórias sou eu, prazer, Janaína (como a Anne With an E, daquele seriado lindinho que está em cartaz no NetFlix, não ganhei nada com isso). O que eu aprendi e que pode ser útil para você, se você estiver buscando um cirurgião plástico ou qualquer outro profissional.
- Fuja dos famosinhos e das salas de espera lotadas – Se o profissional te faz esperar por uma consulta que ele e sua equipe agendaram, quem garante que ele irá te atender com precisão em um caso de urgência? Quem garante que você não será só mais um paciente para ele? Consultório cheio não é sinônimo de profissional de sucesso.
- Peça para ver resultados dos procedimentos que ele recomendar, mas que tenham sido realizados por ele, não pelo Pintanguy ou pelo Dr. Rey.
- Questione! Peça detalhes de todos os procedimentos, porque eles podem e devem ser combinados, como será o pós-operatório, o tempo de recuperação, de quanto tempo você precisará para retomar as suas atividades, o que é mais comum no pós, o que é menos comum, com o que você deve ou não se preocupar.
- Investigue a vida do profissional. Pesquise seu CRM, veja há quanto tempo ele atua na área. No caso de cirurgião plástico, veja se ele faz parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, desde quando. Busque referências sobre ele.
- Não vá ao profissional impondo aquilo que você “acha” que ele deve fazer. Ele é profissional, é ele quem deve definir qual o procedimento ideal para você. Não se engane com o procedimento da amiguinha. Cada caso é um caso, cada corpo é um corpo…
Bem, espero que este post tenha ajudado você a encontrar o melhor profissional para o seu caso.
No próximo post, vou contar sobre o dia de marcação na pele e sobre a minha cirurgia e o dia da alta.
Até lá!
😉