Próteses de joelho e quadril: E agora?

É comum as pessoas viverem suas vidas sem pensar a longo prazo, todos já foram crianças e adolescentes e, com certeza, fizeram coisas que causaram algum dano em seu corpo.

Em sua forma adulta, a maior parte das pessoas adere a uma rotina que se repete por anos: acordar, ir ao trabalho, voltar para casa, dormir e fazer tudo novamente. Não bastasse isso, usam o pouco tempo livre de finais de semana e feriados para reviver os bons tempos da juventude, em que esportes e atividades extremas estão na lista.

Aliado a tudo isso estão as doenças degenerativas que vêm com a idade, próprias do envelhecimento e que potencializam danos recebidos, em especial nas articulações do corpo humano.

“Várias doenças podem levar à necessidade de realização de artroplastia de joelho e de quadril. O estágio final de praticamente todas estas doenças é a artrose de quadril ou a artrose de joelhos, que é a condição mais corriqueira relacionada a esta cirurgia. Como exemplos de doenças que levam à artrose, podemos citar as doenças reumáticas, as sequelas de traumas articulares ou de cirurgias que, de algum modo, danificaram as articulações, além de algumas doenças congênitas ou osteometabólicas. Ainda, alguns traumas, como por exemplo a fratura do colo do fêmur, podem levar à necessidade de artroplastia em articulações previamente sadias”, explica o cirurgião ortopedista, Dante Grein.

Aí que entra a chamada artroplastia, procedimento cirúrgico para a substituição de articulações com o implante de próteses, seja quadril ou joelho.

E agora?

De acordo com o Dr. Grein, todo o processo deve ser realizado de forma calma, precisa e organizada. “O ideal é que esta cirurgia seja realizada com muita calma e planejamento”.

Não é um procedimento realizado de forma imediata e em emergências, além de ser um último recurso para tratar as dores. “Esta cirurgia deve apenas ser realizada quando o paciente tiver sua qualidade de vida muito reduzida em função das dores e das limitações impostas pela doença, como por exemplo quando não consegue mais fazer caminhadas corriqueiras do tipo andar no parque ou no shopping, ou quando passa a ter muitas dores para coisas banais do dia a dia, como colocar o calçado ou secar os pés após o banho. Enquanto não houver estas limitações, o ideal é que se tente o tratamento conservador, pois com a melhora do padrão muscular (através de fisioterapia, pilates, exercícios na piscina) e com medicamentos para melhorar a resistência das cartilagens ao desgaste (como as condroitinas e os colágenos), se consegue obter uma boa qualidade de vida e um bom controle dos sintomas, possibilitando-se postergar a artroplastia”. explica Grein.

Segundo o especialista, as pessoas que mais se beneficiam do procedimento são aquelas com mais idade, uma vez que exigem menos das novas próteses, evitando o desgaste prematuro delas. Ao contrário dos jovens, que tendem a retornar as suas atividades habituais, inclusive desportivas.

“Os pacientes com mais idade são os que melhor se beneficiam do tratamento, ao passo que, para os pacientes muito jovens, além de serem mais ativos e exigirem mais da prótese (motivo pelo qual podem não ficar amplamente satisfeitos) também gastam mais seus implantes e possivelmente precisem substituí-los futuramente”, afirma

Ainda de acordo com o especialista, as próteses podem precisar ser substituídas após algum tempo de uso, como qualquer peça, mas hoje, com toda a tecnologia empregada na fabricação delas, a sobrevida das mesmas é bastante grande, superando duas décadas.

Tecnologia e qualidade de vida

Segundo o CEO da Ortoart, Arthur Moro, empresa que trabalha com a importação, distribuição e comercialização de materiais médicos, “as próteses são fabricadas nos laboratórios mais elaborados e complexos do mundo em termos de tecnologia. São evoluções diárias no ramo e buscamos oferecer isso ao corpo médico brasileiro. Esses avanços tornam os materiais menos propensos a problemas como rejeição, quase inexistente ou inflamações, além de terem uma durabilidade muito maior a cada geração”, afirma.

Isso é corroborado pelo Dr. Grein, segundo ele “a durabilidade dos implantes é possivelmente o que mais se estuda e se tenta aprimorar na atualidade destes campos da ortopedia. Todos os implantes possuem uma vida média, mas é importantíssimo salientar que, tal qual um pneu de carro, o ‘usuário’ da prótese também define se ela vai durar mais ou menos tempo”, relata.

Os estudos de durabilidade das próteses foram inicialmente realizados em uma população de faixa etária média de 65 anos, e à época demonstraram vida útil média de entre 15 e 20 anos. Entretanto, a cada nova tecnologia a tendência é de que essa durabilidade aumente, ao passo em que se sabe também que pacientes mais jovens, por utilizarem mais seus implantes, tendem a desgastá-los mais rapidamente.

Essa durabilidade não deve ser impedimento para a cirurgia, principalmente em jovens. O assunto precisa ser tratado de forma bastante direta, sendo explicado ao paciente os benefícios da utilização da prótese.

“É importante que as pessoas saibam que esta cirurgia é uma cirurgia de reparação de danos, e que nem sempre que se faz reparação de danos é certo que as coisas ficarão como antes. Costumo orientar meus pacientes que, após a cirurgia, eles passarão a ter um novo joelho,  ou um novo quadril. Se tudo correr dentro da normalidade, sua articulação será ótima, porém dificilmente será a mesma. Os índices de satisfação das próteses de quadril beiram os 90%, sendo que em cerca de três meses, em média, os pacientes já estão satisfeitos, e levam em torno de um ano para não mais perceberem que possuem um quadril diferente. No caso do joelho, entretanto, há um menor índice de satisfação final (em torno de 85%) e uma demora maior para se ver livre de sintomas (6-8 meses), bem como para “esquecer” da cirurgia (1,5-2 anos)”, conclui Grein.

 

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