Dormir bem não é um sonho
O período de descanso é fundamental, pois é o momento em que os órgãos se recuperam do esforço realizado, a memória se consolida, o sistema nervoso central amadurece e ocorrem as funções ligadas ao metabolismo anabólico.
O ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, com atuação – de forma médica interdisciplinar – no tratamento dos distúrbios obstrutivos do sono, explica que passamos um terço da vida dormindo e este é responsável pela qualidade de vida dos dois terços que passamos acordados. “Estes distúrbios aumentam o risco de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial e problemas cardiovasculares. O mais perigoso é a apneia obstrutiva do sono, caracterizada pela interrupção da respiração durante alguns segundos em episódios que se repetem durante toda a noite”, ressalta.
A apneia obstrutiva do sono reduz a oxigenação do cérebro, impede a progressão do sono para as suas fases mais profundas e provoca sintomas – além dos cardiovasculares – tais como depressão, ansiedade, impotência sexual, sudorese noturna, dores de cabeça e redução da libido. “A entrada de ar pode ser interrompida totalmente ou o seu fluxo ser reduzido de 30% a 50%. Sem o tratamento adequado, as consequências da apneia podem, inclusive, causar a morte do indivíduo”, destaca Juarez Köhler, especialista em Ortodontia e Ortopedia facial e membro da Associação Brasileira de Sono.
Os dois profissionais esclarecem que vários fatores podem ser responsáveis pelo desencadeamento dos distúrbios: a flacidez na musculatura da garganta e da boca (principalmente da parte posterior da língua), hipertrofia das amídalas, sinusite, rinite, desvio do septo nasal, obstruções nasais, queixo retraído, arcada superior dentária estreita (com palato aprofundado), palato mole e, até mesmo, o envelhecimento. “Outras causas aumentam as chances da apneia surgir, como a obesidade, o uso de medicamentos para dormir, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, refluxo esofágico, ingestão em excesso de comida antes de deitar, pescoço curto e grosso e envelhecimento”, observa o Dr. Gerson Köhler.
O ronco, causado pelo estreitamento ou obstrução das vias respiratórias superiores, é o sintoma que denuncia a presença da apneia. O ar tem dificuldade para passar no canal mais estreito, provocando a vibração das estruturas. “O diagnóstico é realizado com o suporte da polissonografia, uma avaliação que verifica diversos parâmetros do corpo durante o sono. O exame apresenta informações sobre os batimentos cardíacos, o esforço respiratório, os potenciais elétricos da atividade cerebral e a saturação de oxigênio no sangue”, aponta o Dr. Juarez Köhler.
O tratamento dos distúrbios relacionados ao sono é personalizado, isto é, depende da gravidade do caso de cada paciente. As indicações são uso de respiradores artificiais (utilização do CPAP – uma espécie de máscara nasal que injeta ar sob pressão positiva) e o uso de aparelho intrabucal – uma órtese que libera a passagem de ar pela orofaringe – durante a noite. “O dispositivo bucal é a estratégia mais discreta e sua eficácia é comprovada. Ele facilita a passagem do fluxo de ar em direção aos pulmões e a adaptação é mais fácil. Todo o tratamento deve ser feito em parceria entre os profissionais da Medicina do Sono e da Odontologia dos Distúrbios Respiratórios do Sono”, evidencia Gerson Köhler.
Além de adultos, os distúrbios do sono podem atingir crianças: não existe idade para ser acometido pelos distúrbios do sono. Na infância, os prejuízos à saúde são ainda mais preocupantes. A interrupção da respiração e a fragmentação do sono afeta a liberação do hormônio do crescimento e o crescimento corporal – e facial – pode ficar alterado. “As anomalias dentofaciais, que afetam a boca e todo o seu conteúdo, também estão diretamente ligadas aos distúrbios do sono, por causa da respiração bucal que se instala. Independente da idade, é imprescindível ficar atento aos sintomas e buscar ajuda especializada”, enfatiza Juarez Köhler, da equipe clínica da Köhler Ortofacial e membro da Associação Brasileira do Sono.
Os pais de crianças devem ficar atentos aos sintomas, relacionados aos distúrbios do sono, tanto noturnos – roncos, posições inadequadas ao dormir, boca aberta com salivação, dificuldades para acordar, queixas de cansaço ao levantar da cama, despertares frequentes durante a noite, insônia, enxaquecas, movimentos excessivos de braços e pernas, sonambulismo, falar durante o sono, terror noturno, interrupções de respiração durante esse -, quanto diurnos – dores de cabeça matinais, respiração bucal, rosto com ar de cansaço, olheiras, sonolência, fadiga, problemas comportamentais (hiperatividade, agressividade ou irritabilidade), dificuldades de concentração e aprendizado, desempenho escolar ruim e problemas de memórias.
No caso das crianças, uma das intervenções mais importantes é o retreinamento da respiração – o ar deve entrar pelo nariz e ser expirado pela boca. As questões anatômicas do rosto infantil devem ser consideradas no diagnóstico dos distúrbios para que o problema seja terapeuticamente bem administrado. “O tratamento é interdisciplinar e conta com a atuação de ortodontistas, ortopedistas faciais, otorrinopediatras, pediatras, fonoaudiólogos mioterapeutas e médicos do sono”, acrescenta o especialista Gerson Köhler.
Serviço: Köhler Ortofacial – Clínica Interdisciplinar
Dr. Gerson I. Köhler CRO 3921
Dr. Juarez Köhler CRO 8256
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