O que mantém uma família unida?

Final de ano chegando… e que ano! Quantas surpresas e incertezas! Quanto de esperança e de força tivemos que buscar para seguirmos com a vida nesta pandemia!

Talvez você, assim como eu, não saiba muito bem como serão as celebrações neste final de ano, mas espero que você não deixe de se encontrar com seus familiares presencialmente, com quem é possível, ou virtualmente, com os que estão distantes fisicamente.

Gosto da definição de família como aquelas pessoas que você escolhe para amar e que estão sempre ao seu lado (nesse sentido, podem ser seus familiares consanguíneos ou pessoas que têm importância especial em sua vida).
A distância física nunca foi impedimento para o amor e para criação de vínculos, e acredito que o que mantém uma família unida, com toda a amplidão desse conceito, não é o sobrenome ou os laços consanguíneos, mas as lembranças e memórias construídas por meio das histórias vividas e compartilhadas.

O maior e melhor presente que podemos oferecer para os nossos familiares, o que passamos de geração para geração, são as boas lembranças. Os laços afetivos são criados por meio das histórias que valeram risos e lágrimas, ou lágrimas de risos, que foram compartilhadas e perpassadas por amor, perdão, união, consolo, compaixão, empatia, solidariedade, cumplicidade, lutas, vitórias, abraços, beijos, toques, trocas, emoções diversas, momentos de diversão e celebração vividos coletivamente.

Histórias que produziram memórias que trazemos à lembrança quando tudo fica difícil ou quando estamos diante de uma situação que nos causa grande comoção e nos faz refletir sobre nossa vida.
E aqui sugiro uma reflexão: que memórias e lembranças você tem deixado na vida de seus familiares? Como você os têm afetado? E que memórias e lembranças positivas e amorosas você quer produzir neles? Mesmo distante fisicamente crie memórias, ainda que mediadas pelo virtual! Seja presente, viva intensamente os momentos com as pessoas que você ama e deixe marcas positivas.

Quanto à você, recupere em sua memória as boas lembranças produzidas por aqueles que você ama e que te amam, e que neste momento podem estar distantes, pela situação provocada pela pandemia ou porque encerraram seu ciclo de vida nessa terra, mas também pense nos que estão fisicamente próximos de você. Lembre-se dos momentos felizes ao lado deles, se apegue a isso para seguir adiante e construir novas memórias positivas.
Uma memória linda que tenho é da minha avó materna que já faleceu. Lembro dela no casamento de uma prima minha.

Ela já de idade avançada estava linda em um vestido lilás e recordo que pude levá-la pelos braços até a cadeira que ela iria se sentar no salão onde foi a festa. Lembro do seu sorriso, da alegria que demonstrava por estar naquele local com toda a família reunida. Lembro dela cantando, balançando-se na cadeira, olhando para todos com emoção. Fico pensando nas boas lembranças que ela trouxe ao seu pensamento naquele momento familiar festivo, e também nas lembranças lindas que estavam sendo produzidas nela.

Quando ela nos deixou, ficou em nós as lembranças que ela produziu em seus filhos, netos e bisnetos, lembranças maravilhosas, inesquecíveis, que marcaram várias gerações de nossa família. É por meio dessas lembranças que sentimos o quanto ela ainda está presente em nosso meio e o quanto nossa família foi afetada positivamente por essa grande mulher a quem temos imensa gratidão!

Wallisten Garcia, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFPR, especialista em Terapia Familiar, doutorando em Educação pela UFPR e professor da Estácio Curitiba

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