Hábitos alimentares saudáveis devem começar na infância
No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças, entre cinco e nove anos está acima do peso. Segundo dados do Ministério da Saúde, nessa faixa etária, 12,9% são obesos. Já as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de 2019, apontam que 16,33% dos brasileiros entre cinco e dez anos estão com sobrepeso, 9,38% são obesos e 5,22% apresentam obesidade grave. Entre os adolescentes, 18% têm sobrepeso, 9,53% são obesos e 3,98% apresentam obesidade grave.
A pandemia do novo coronavírus pode ter aumentado ainda mais esse quadro, já que as crianças e adolescentes tiveram a rotina totalmente modificada e ficaram mais sedentárias. Ana Carolina Netto, nutricionista da Acolher Nutrição, espaço especializado em atendimento a crianças e adolescentes, afirma que os pequenos são estimulados constantemente com publicidade, vídeos e a própria TV sobre alimentos calóricos e poucos nutritivos.
“Além disso, ainda dependem das escolhas dos pais que levam para casa o que é mais conveniente a rotina familiar”, afirma a profissional, que relata em seu consultório aumentou o número de crianças e adolescentes com sobrepeso devido à crise sanitária.
“A pandemia trouxe uma onda de ansiedade e ócio para nossas crianças, que passaram a ter mais alimentos disponíveis dentro de casa. Além disso, passaram a ficar mais tempos sentados, sem atividades, o que realmente vem tendo um impacto no peso”.
Vanessa Almeida, nutricionista da Acolher Nutrição, afirma que nunca deve deixar para mais tarde para tratar o sobrepeso.
“Hora de cuidar da saúde é agora. Uma reeducação alimentar não significa dieta restritiva e a criança precisa ser apresentada desde cedo a bons alimentos e entender os benefícios dessa alimentação. Não fazer desse processo um castigo é fundamental para fazer dar certo! No nosso espaço, trazemos essas mudanças a âmbito familiar onde não é só a criança que precisa mudar e sim todos da sua convivência. E estamos vendo cada vez mais casos de sucesso, onde ao colocar a mão na massa e provando novos sabores os pequenos vão ganhando confiança em provar um novo estilo de vida”, pontua. Ana Carolina acredita que a chave do sucesso desse processo de introduzir bons hábitos alimentares está em levar as crianças para a cozinha.
“Mostrar que é possível comer gostoso sem maltratar o corpo é uma virada de chave”, afirma a nutricionista.
A profissional enfatiza que muitas crianças e adolescentes podem precisar de acompanhamento psicológico, além do nutricional.
“Dependendo do caso, sim! Percebemos desde a infância comportamentos disfuncionais em relação à alimentação e autoestima. No espaço Acolher, tratamos essas crianças e adolescentes com uma visão holística, orientando não só a alimentação, mas o entendimento de comportamentos que possam ser o foco do problema. Buscamos entender a real necessidade da família e se houver necessidade encaminhamos para nossa psicóloga para tratar tais questões”, finaliza.