Aromaterapia no SUS: Uma Aliada Essencial para a Saúde Mental no Setembro Amarelo
Como as práticas integrativas ampliam o cuidado emocional e fortalecem a prevenção ao suicídio no Brasil
Em meio ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e promoção da saúde mental, um dado chama a atenção: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo e o segundo das Américas em casos de depressão. Estima-se que cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofram com ansiedade e 11,5 milhões com depressão, números que refletem a urgência de estratégias de cuidado emocional mais amplas e acessíveis.
Uma das apostas do Sistema Único de Saúde (SUS) para ampliar esse cuidado é a inclusão das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), entre elas a aromaterapia. A prática, reconhecida pelo Ministério da Saúde desde 2018, já está disponível em mais de 53 mil estabelecimentos públicos de saúde, segundo o último levantamento do Painel de PICS do DataSUS (2024). Só em 2023 foram registrados mais de 2,4 milhões de atendimentos com práticas integrativas no país.
O cuidado emocional precisa ser visto de forma preventiva e cotidiana, e não apenas quando os sintomas já estão instalados. A aromaterapia atua promovendo equilíbrio do sistema nervoso e favorecendo estados de calma, acolhimento e segurança emocional, que são fundamentais para reduzir quadros de estresse, ansiedade e até insônia — fatores que podem agravar transtornos mentais.
O uso de óleos essenciais como lavanda, laranja-doce, camomila-romana e ylang-ylang em difusores, sprays ambientais ou massagens pode ajudar a modular o sistema límbico, região do cérebro responsável pelas emoções e memória. Essa estimulação olfativa contribui para regular o humor, aliviar tensões e aumentar a sensação de bem-estar — elementos-chave para a promoção da saúde mental coletiva.
Além do benefício individual, a aromaterapia tem um papel comunitário importante. Quando inserida em unidades básicas de saúde, escolas ou centros comunitários, ela cria espaços de escuta, autocuidado e pertencimento. Isso fortalece os vínculos e pode funcionar como um importante fator protetivo contra o adoecimento emocional.
Com o avanço das PICS no SUS e o fortalecimento de políticas públicas que valorizem o cuidado integral, práticas como a aromaterapia se tornam ferramentas complementares valiosas na construção de uma rede de apoio mais humanizada e acessível — essencial para enfrentar a crise de saúde mental que o país atravessa.
Por Daiana Petry
Aromaterapeuta, perfumista botânica, naturóloga e especialista em neurociência; professora dos cursos de formação em aromaterapia, perfumaria botânica e psicoaromaterapia; autora dos livros Psicoaromaterapia, Cosméticos sólidos e Maquiagem ecoessencial; fundadora da Harmonie Aromaterapia
Artigo de opinião