A Libido Feminina Após os 40: Ciência e Sociedade Redefinindo o Desejo

A sexualidade da mulher madura é vitalidade e merece respeito, cuidado clínico e protagonismo, rompendo tabus e preconceitos históricos.

Na primeira versão da trama de Vale Tudo, personagens como Odete Roitman, Celina, Raquel e Aldeíde mostravam que o desejo feminino não tem idade para se apagar. Mas se a televisão dos anos 80 já sugeria essa potência, a realidade de 2025 escancara que a libido das mulheres maduras está viva e exige respeito clínico, escuta emocional e protagonismo.

“O desejo não é uma lembrança da juventude. É uma extensão da vitalidade e precisa ser tratado como parte essencial da saúde feminina”, afirma a médica e pesquisadora Fabiane Berta.

Com a queda hormonal típica do climatério, muitas mulheres enfrentam ressecamento vaginal, alterações no humor e perda do interesse sexual. Mas isso não significa resignação. “A sexualidade feminina não acaba com a fertilidade. O que falta é prescrição inteligente, abordagem personalizada e menos julgamento”, alerta a médica.

Além da terapia hormonal, indicada com critério e individualização, estratégias como fisioterapia pélvica, uso de lubrificantes adequados, atividade física regular e apoio psicológico têm mostrado resultados expressivos. “Quando olhamos para a mulher como um sistema complexo e não como um útero em fim de carreira, tudo muda. Ela responde e responde bem”, reforça Fabiane.

E não é só no consultório. A libido ganhou espaço em realities como Casamento às Cegas 50+, onde mulheres maduras expressam com clareza o desejo de viver novas experiências amorosas e sexuais. A ficção apenas acompanha um fenômeno real nunca visto antes que as mulheres acima dos 40 se recusam a aceitar o rótulo de “fase final”. Para muitas, é o início.

“O maior erro da medicina foi calar o desejo feminino na maturidade. A mulher climatérica não está se despedindo de nada. Ela está reivindicando tudo como prazer, saúde, vitalidade e escolha, e isso inclui o orgasmo também”, dispara Fabiane.

O avanço da ciência, o aumento da longevidade e a autonomia conquistada por milhões de mulheres ao redor do mundo transformaram o climatério em terreno fértil para reinvenções, inclusive entre quatro paredes. A libido, longe de desaparecer, reaparece com novas narrativas, outras urgências e muito menos culpa.

“O prazer não tem data de validade. O que tem prazo curto é a paciência das mulheres com o silenciamento histórico que vivemos. É hora de falar de sexo, de desejo e de potência com ciência e sem pudor”, conclui Fabiane.

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Por Fabiane Berta

Médica e pesquisadora (CRMSP 151.126); Science Medical Team – OB-GYN Specialist; Key Opinion Maker Fagron Brasil; Mestranda no setor de Climatério | Menopausa e Pesquisadora adjunta no setor da Endometriose | Dor pélvica pela UNIFESP; Pós-graduada em Endocrinologia, Neurociências e Comportamento; PI sub e Chefe do Steering Committee do Estudo MYPAUSA, coordenado pela Science Valley; Coordenadora da Saúde Feminina ARNOLD CONFERENCE 2026; Creator e Founder MYPAUSA, projeto nacional para reforma da saúde feminina.

Artigo de opinião

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