Novembrinho Azul, com apoio do EVA, destaca vacinação contra o HPV em meninos para proteger a saúde futura
A prevenção de fatores de risco para doenças relacionadas à saúde sexual e reprodutiva em meninos de até 15 anos é o foco da campanha Novembrinho Azul, criada a partir de PL sancionada em outubro de 2023, para promoção da saúde nesta faixa etária. Entre as ações, com apoio do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) está o incentivo à vacinação contra o HPV. Atualmente, o Brasil está abaixo da meta de vacinação contra o vírus responsável por diferentes tipos de câncer
Já conhecida entre a maioria da população, a campanha ‘Novembro Azul’ iniciou no Brasil em 2011 e visa alertar para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, o mais frequente entre os brasileiros depois do câncer de pele. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deve registrar 71,7 mil novos casos de câncer de próstata por ano no triênio 2023-2025.
Ampliando esta ação, foi sancionada em outubro de 2023 a Lei que cria a campanha Novembrinho Azul, cujo público-alvo são meninos de até 15 anos de idade. O objetivo é aumentar a conscientização e a promoção de ações preventivas de fatores de risco de doenças na vida adulta. Além disso, serve de alerta aos pais de meninos para identificar determinados problemas de saúde como a fimose e o testículo recolhido nas crianças e adolescentes.
Um dos focos da Novembrinho Azul é o incentivo à vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) e o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) se engaja neste movimento por conta das evidências que associam maior proteção contra câncer de colo do útero quando, além das meninas, os meninos também são imunizados. “Por sua vez, o que vemos no Brasil é uma taxa bem abaixo da projetada pela OMS tanto de número de doses aplicadas nas meninas, quanto nos meninos”, lamenta o cirurgião oncológico e ginecologista Glauco Baiocchi Neto, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e Líder do Centro de Referência de Tumores Ginecológicos do A.C.Camargo Cancer Center.
Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde em fevereiro, entre os meninos, a cobertura vacinal caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022. Logo, esta medida não só garante a equidade entre ambos os sexos, mas também protege diretamente os homens futuramente do desenvolvimento de cânceres relacionados com a infeção pelo HPV, como o câncer da orofaringe (parte da garganta atrás da cavidade oral), do pênis e do ânus.
INFECÇÃO POR PAPILOMAVÍRUS HUMANO – O HPV é uma infecção viral comum que pode afetar homens e mulheres. Além disso, dados indicam que 80% da população sexualmente ativa contrai a infecção pelo HPV pelo menos uma vez na vida. Embora comumente associado ao câncer do colo do útero nas mulheres, é essencial reconhecer que o HPV também pode causar outras complicações de saúde. Nas mulheres, pode causar câncer do colo de útero e verrugas genitais que geram lesões benignas, pré-invasivas ou invasivas, como o câncer de colo do útero (responsável por 99,7% dos casos) e outros tipos de câncer de órgãos genitais.
Como dito, o HPV não está associado apenas ao câncer ginecológico, mas também aos cânceres genitais em homens, cada dia mais frequentes. A maioria dos tumores malignos da garganta também é causada por esses vírus e afeta mais os homens do que as mulheres. O público masculino ainda pode ter, devido ao vírus, tumores no pênis e no ânus, assim como verrugas genitais.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO HPV NOS HOMENS? Os sintomas do HPV dependerão do tipo deste vírus. No entanto, ter um tipo de HPV não significa que alguém não possa contrair ou desenvolver outro tipo posteriormente, razão pela qual os profissionais de saúde recomendam sempre fazer o teste de HPV. As verrugas genitais são o sintoma mais visível de uma infecção. A maioria dos homens que contrai o HPV raramente apresenta sintomas, pois a infecção geralmente desaparece por conta própria. Mas, se o HPV não desaparecer, pode causar verrugas genitais ou certos tipos de câncer, como câncer de pênis, ânus e cabeça. Em geral, é recomendado que o homem converse com um profissional de saúde sobre qualquer anormalidade no pênis, escroto, ânus, boca ou garganta. Isso inclui:
– Verrugas;
– Crescimentos incomuns;
– Caroços;
– Feridas.
QUEM DEVE RECEBER VACINA CONTRA HPV? – A vacinação contra o HPV em meninos e meninas desempenha um papel crucial na prevenção de doenças relacionadas e na proteção da saúde futura. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente a vacinação desde 2014, sendo indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres até os 45 anos que vivem com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e vítimas de violência sexual. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também recomendam a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos, o mais precoce possível.
“Numerosos estudos demonstraram o benefício das vacinas contra o HPV na prevenção da infecção, bem como no subsequente desenvolvimento de lesões pré-malignas e câncer em diversas áreas do trato anogenital”, afirma o presidente do EVA, Glauco Baiocchi Neto.
Um desses estudos foi publicado em 2021 na revista científica The Lancet e apontou queda de quase 90% nos casos de câncer de colo de útero entre as mulheres vacinadas contra HPV na Inglaterra. A pesquisa foi feita com dados de mulheres de 20 a 64 anos coletados entre 2006 e 2019.
Sobre o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – O EVA é uma associação sem fins lucrativos, composta em sua maioria por médicos, que tem como missão o combate ao câncer ginecológico. Seu time, multiprofissional, atua com foco na educação, pesquisa e prevenção, assim como promove apoio e acolhimento às pacientes e aos familiares.
A idealização e a organização do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos foram iniciadas pela oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues, no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A primeira reunião ocorreu em 12 de março de 2010 e o nome Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos passou a ser utilizado a partir desta data.
A primeira reunião para nacionalização do grupo ocorreu no Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2013, na cidade de Brasília. O nome EVA foi resultado de uma reunião neste evento e foi sugerido pela oncologista clínica, coordenadora da área de apoio ao paciente (advocacy) do grupo, Andréa Paiva Gadelha Guimarães. O ginecologista oncológico Glauco Baiocchi Neto é o diretor-presidente do EVA na gestão 2023-2024.