Agravamento de transtornos mentais entre trabalhadores em home office é uma ameaça para as empresas após a quarentena

A lista é longa. Luto patológico, depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, insônia, compulsão alimentar, abuso do uso de álcool, ideação suicida, burnout ou esgotamento mental. Esses são transtornos que vêm afetando 60% dos profissionais em home office atendidos pelo serviço de teleatendimento da empresa de medicina ocupacional Qualiforma, que atua em toda a região Sudeste.

O mapeamento apresenta um recorte da saúde mental do trabalhador brasileiro na quarentena, quando houve um aumento de 150% na procura pelo seu serviço de teleatendimento psicológico, o qual é composto hoje por 90% de novos pacientes. Tomou-se como base cerca de 500 sessões de teleatendimento psicológico, oferecidas a mais de 250 funcionários de empresas que atuam em diferentes ramos da economia.

“Mapeamos as principais queixas relatadas pelas pessoas durante o home office para entendermos melhor o que estão passando e como podemos ajudá-las de forma mais eficaz no futuro”, comenta Gabriel Diniz, sócio e Diretor de Negócios da Qualiforma. Ele lembra que, em crises socioeconômicas muito agudas, como guerras e pandemias, doenças psíquicas atingem cerca de um terço da população, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). E, entre profissionais de saúde, esse índice atinge metade das pessoas.

“A fase mais aguda das crises de estresse, ansiedade e depressão costumam acontecer após 6 a 12 meses”, acrescenta Gabriel, alertando para a importância de as empresas não descuidarem da saúde mental dos seus colaboradores. Ele reforça que, se esses trabalhadores não se tratarem agora, poderão apresentar quadros muito mais graves daqui a algum tempo. “Não existem desenvolvimento e produtividade sustentável, a médio e longo prazos, em um ambiente onde as pessoas não têm saúde e os relacionamentos não são saudáveis.”

Entre os problemas relatados, estão medo de morrer ou perder algum ente querido; tédio e rotina desregrada; insegurança quanto à manutenção do emprego e da renda; transtornos decorrentes do confinamento, como claustrofobia, perda de privacidade, excesso de demandas domésticas, falta de espaço adequado para trabalhar e se exercitar. A disparada na procura pelo atendimento psicológico se deu após o início do home office, quando o serviço passou a ser oferecido por telefone.

Entre outros dados do levantamento, 68% afirmam estar trabalhando pelo menos 1 hora a mais do que trabalhavam antes da pandemia e 21% dizem estar excedendo o expediente em até 4 horas por dia. Grande parte relata também esgotamento mental, acentuado pela busca excessiva por informações de como solucionar os problemas atuais. “Um estudo da Universidade da Califórnia mostra que gastamos mais energia numa reunião virtual, porque fazemos maior esforço para nos comunicar, aumentando o tom de voz e tencionando pescoço e o músculo do trapézio”, comenta Gabriel, acrescentando que 78% não estão seguindo as exigências mínimas de ergonomia em casa. “Todas essas circunstâncias são gatilhos que desencadeiam os transtornos psicossomáticos apresentados pelos pacientes.”

Gabriel destaca que licenças médicas por problemas psicológicos costumam ter maior duração, pois os tratamentos são de longo prazo, principalmente quando o paciente já se encontra em um quadro de maior gravidade. “Dores nas costas, por exemplo, costumam exigir 14 dias de afastamento, em média. Já um quadro de depressão pode deixar o funcionário inapto para o trabalho por meses.”

Há sete anos no mercado como consultoria especializada em saúde ocupacional e programas de qualidade de vida in company, a Qualiforma conta com uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, psicólogos, fisioterapeutas, professores de educação física, nutricionistas, ergonomistas e engenheiros de segurança do trabalho. Além do teleatendimento psicológico, a empresa conseguiu adaptar outros serviços para atender remotamente. Entre as atividades estão palestras de saúde e bem-estar; aulas de meditação e yoga; ginástica laboral e acompanhamento nutricional.

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