O cansaço mental em nossas vidas
Por Isabel Christina Mignoni Homem
Nos dias atuais, vivemos em um ritmo bem acelerado de produção, interação e cobranças. O excesso de trabalho, a dupla (às vezes, tripla) rotina de trabalho, cobranças, preocupações diárias e o excesso de informações nos levam a descuidar de nós mesmos, como a diminuição de nossas horas de sono. Devido a toda essa rotina exaustiva é normal sentirmos cansaço ao final do dia. Mas será que isso é realmente normal?
Até certo ponto sim. O cansaço físico e mental é resultado do gasto energético constante realizado pelo nosso organismo para dar conta de tudo que fazemos diariamente, desde esforços físicos até atividades intelectuais. Mas, um sinal de alerta deve ser ligado quando isso passa a fazer parte da rotina.
O cansaço mental acontece quando nosso cérebro chega ao seu limite ou está muito perto de ultrapassá-lo. Esse ritmo intenso de vida causa um desregulamento do sistema nervoso devido a alteração dos níveis de cortisol (o famoso hormônio do estresse), atrapalhando assim o funcionamento cerebral, ocasionando problemas de memória e concentração. Além dessas outras consequências podem acontece insônia, alterações abruptas de humor, hipertensão, gastrites, perda de apetite e libido, entre outras alterações fisiológicas. Estes sintomas podem surgir aos poucos, de forma individual ou em conjunto.
Devemos nos manter atentos aos sinais e sintomas. Esta percepção pode acontecer em 3 etapas. Inicialmente vem o estado de alerta, onde o corpo nos mostra que alguma coisa não está bem. Quando ignoramos este alerta, na sequência, vivenciamos o estado de resistência, onde optamos por continuar neste ritmo acelerado, pois entendemos que continuar, por não termos outra escolha. Com este comportamento chegamos ao estado de exaustão, em que somos obrigados a parar devido a falta de energia e desgaste mental, que “desliga” nosso organismo.
Identificar os sinais iniciais é fundamental para o início do tratamento precoce, afinal nosso cérebro consome 20% de toda a energia que produzimos. Alguns “pequenos” cuidados podem fazer toda a diferença afim de evitarmos o estado de exaustão:
- Preste atenção na sua respiração, pois isso exercita o foco e sentimento de estar presente, diminuindo assim, a ansiedade.
- Respeite seu relógio biológico e tenha um sono de qualidade. Por vezes abrimos mão de horas de sono para aumentar nossa produtividade. Mas, é durante o sono que acontece a regulação hormonal, inclusive do cortisol.
- Busque uma alimentação saudável. Isso irá auxiliar no fortalecimento do sistema imunológico, prevenir doenças e melhorar o nível de concentração.
- Organize suas tarefas e busque criar momentos de relaxamento.
- Pratique alguma atividade física para que haja liberação de endorfina e serotonina, que trazem sensação de prazer e bem-estar.
- Cobre-se menos e tente lidar com os problemas de forma mais leve, sem frustrações.
- Dedique o tempo livre para realizar atividades que lhe tragam prazer como leitura, um encontro com amigos, um filme, ouvir uma boa música ou dançar.
- Caso essas atividades não sejam suficientes, busque ajuda de um especialista. O cansaço mental pode preceder o burnout, trazendo consigo lapsos de memória e sensação de impotência nos afazeres diários. Então, preste atenção aos sinais e busque tratamento o quanto antes. Respeite seus limites e o limite da sua saúde cerebral.
Isabel Christina Mignoni Homem – Professora da Estácio Curitiba