1. Lipedema é celulite?
Primeiro, é importante saber que o Lipedema é uma doença crônica, que atinge mulheres no mundo inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e, principalmente, nas pernas, que provoca dores, problemas de locomoção e uma sensação de peso nesses membros. Segundo estudos, 95% das mulheres têm celulite e, apesar das semelhanças físicas entre ambas como aumento de gordura, irregularidade na pele, resposta ao estrógeno – por isso homens também não têm nenhum dos dois -, qual é a diferença entre as condições? O Lipedema é uma síndrome, não é uma coisa só. Com a celulite, a preocupação da mulher é puramente estética. Para fazer um diagnóstico de Lipedema não basta olhar apenas a irregularidade da pele, pois este é somente um dos aspectos. Há aumento dos membros, há desproporção entre eles e o corpo, há uma dor diferente da dor de apalpação da celulite (principalmente quando está inflamada), há o peso nos membros, há os hematomas, ou seja, são muito mais sintomas no dia a dia da mulher. Quando a mulher diminui o peso e faz dieta, nota-se uma melhora do quadro de celulite. E com o Lipedema, isto não é possível, pois não é possível regredir o quadro.
2. Por que os médicos confundem o Lipedema com a obesidade?
Durante muito tempo, o Lipedema foi (e ainda é) uma doença subdiagnosticada por médicos e pela sociedade. “Era mais fácil dizer à mulher que ela estava fora do peso do que fazê-la procurar ajuda e informação”, comenta dr. Kamamoto. Agora, com a CID 11 – que entrou em vigor em janeiro deste ano – esperamos que a classe médica comece a enxergar e a entender esta doença, e possa ajudar essas milhões de mulheres no Brasil que durante muito tempo acharam que estavam obesas e acima do peso. Hoje, o Instituto Lipedema Brasil, que é um centro de referência da doença no Brasil, compartilha conhecimento não só para as mulheres, mas também para a classe médica, e luta por essa transformação social.
3. Se eu fizer dieta e exercícios físicos vou me livrar do Lipedema?
Não, a dieta e os exercícios físicos vão fazer a mulher perder peso na parte superior do corpo. Onde ela tem o Lipedema, geralmente nas partes inferiores, as pernas continuarão igual, ou seja, maiores e com os nódulos de gordura.
4. O convênio ou o SUS cobre tratamento de Lipedema?
Não. Ser pouco conhecida não só pelas pessoas, mas especialmente pelos médicos, é um dos pontos de atenção, pois dificulta ajuda médica e não garante tratamento pelo SUS ou convênios. No entanto, no início de 2022, o Lipedema foi reconhecido como doença na nova Classificação Internacional de Doenças – a CID 11 -, que entrou em vigor no primeiro dia do novo ano. E o que se espera é um novo olhar das autoridades para essa doença. No paralelo, o Instituto Lipedema Brasil, por meio de uma campanha no Youtube e no Instagram, luta pela democratização do acesso ao tratamento da doença no Brasil, como já acontece em outros países como os Estados Unidos. Atualmente, a campanha conta com mais de 11,5 mil assinaturas.
5. Lipedema tem cura?
Não, mas tem tratamento. São dois tipos: o clínico e o cirúrgico. O clínico é composto por dieta anti-inflamatória (ingestão de legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas); uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, atividade física preferencialmente de baixo impacto. Estas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes. Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e é definitiva. “Uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de lipoaspiração até 7% do peso da mulher”, finaliza dr. Kamamoto.