TPM: Psicóloga elenca 3 passos para domar o desgaste emocional
Sabrina Amaral ensina como lidar com este fenômeno a partir do cuidado da saúde mental
Cada mulher sente de uma forma, mas quando ela chega, todas sabem o nome: TPM (Tensão Pré-Menstrual). Composta por uma lista de sintomas nada agradáveis, o que muitas mulheres não imaginam é que ela vai além da flutuação hormonal. Inclusive, ela é um fenômeno repleto de questões sociais e psicológicas. Entretanto, essa ‘fera’, por mais difícil que seja de domar, não é invencível. E o caminho para amansá-la começa no cérebro.
Oscilações de humor, dores por todos os lados, acne, choro fácil e apatia são apenas alguns dos sinais que anunciam sua chegada. Mesmo a TPM sendo uma ‘velha conhecida’, não é difícil cair em estigmas sociais gerados por ela, afirma Sabrina Amaral, da Epopéia Desenvolvimento Humano: “Acompanhei de perto os impactos que a crise de TPM causa na vida das pessoas. Também vi como, muitas vezes, ela se torna uma ‘muleta’, para que elas não olhem para questões que as incomodam, principalmente na esfera do sentir. Já escutei muitas falas do tipo ‘são os hormônios’, ‘todo mês é assim’, ‘vai passar’, ‘sei que há um exagero, é normal’.”
Mas antes, de onde a TPM vem?
Acredite, a Tensão Pré-Menstrual não se trata de algo restrito ao corpo físico, e sim um fenômeno Bio-Psico-Social. Apesar do nome assustar um pouco, a explicação é simples, como detalha a psicóloga Sabrina Amaral logo abaixo:
BIO: Sim, mulheres sofrem muito com as questões hormonais e os impactos biológicos do ciclo menstrual. O aspecto fisiológico precisa ser compreendido e levado em consideração, mas, na visão da especialista, ele é supervalorizado. “Quando ouço alguém falar que a ‘a culpa é dos hormônios’, parece que eles são uma espécie de possessão incontrolável, mas na prática tem muito mais coisas envolvidas além dele”, destaca.
PSICO: Questões psicológicas e emocionais estão inclusas aqui. Para Sabrina, a mulher possui uma espécie de ‘cofrinho emocional’. “Ao longo do mês, ela vai colocando moedinhas lá dentro, representando todas as situações com as quais ela não quer lidar: carência, insegurança, ciúme, baixa autoestima, dificuldade de dizer não. Enfim, moedas não faltam! Só que, quando chega aquela época fatídica do mês, a pessoa explode o cofrinho e aí é moeda para tudo quanto é lado. E a culpa é atribuída a quem? À TPM”, pontua.
SOCIAL: Quase como nos filmes da saga Harry Potter, em que o Voldemort é chamado como ‘aquele que não deve ser nomeado’, a TPM também tem seu ‘apelidinho’. É o famoso ‘estar naqueles dias’. A sociedade já enxergou a existência da TPM, mas entende como se, neste período do mês, existisse uma permissão para ‘explodir’. Como se fosse justificável ter crises de choro, explosões de raiva, comportamentos impulsivos, atitudes que não seriam aceitas em ocasiões ‘normais’. “Note que há aceitação social do sintoma, de forma que tudo é normalizado sem questionamentos”, reflete Sabrina Amaral.
Chegou a hora: 3 passos para domar a TPM
Depois de compreendida a formação deste fenômeno, é hora de pegar o seu ‘cofrinho emocional’ e aprender como cuidar melhor de você ao longo deste período. Para isso, a psicóloga Sabrina Amaral desenvolveu uma estratégia em 3 passos, que aplica diariamente em seu consultório, descrita logo abaixo:
1.º Passo: Junte e conte as suas moedinhas
Ao invés de encher seu ‘cofrinho emocional’ com moedas de insatisfação, observe seus sentimentos diariamente. Uma ótima ferramenta para isso é o journaling, o famoso diário. Não, isso não é coisa de adolescente. É um recurso precioso de autoconhecimento. Significa criar o hábito de, ao final do dia, olhar para os acontecimentos e tomar consciência de como você percebeu cada um deles.
Assim, fica mais fácil identificar o que te deixou feliz e, principalmente, o que não te deixou feliz. Encare isso como um ‘extrato diário’ da sua conta emocional, para entender se você está com crédito ou no vermelho. Dica adicional: enriqueça sua prática com o ‘emocionário’ produzido pela especialista, e que está disponível aqui.
2.º Passo: Avalie o câmbio do dia
Bem, agora que você sabe quantas moedas têm no seu cofrinho, e como elas foram parar lá, você precisa observar o ‘câmbio do dia’. Isto quer dizer que você vai pensar sobre quais comportamentos que você teve que te levaram ao lugar de insatisfação. De onde eles vieram? Qual era a sua intenção? Que necessidades você estava tentando atender?
Depois disso, é preciso analisar que escolhas ou atitudes diferentes poderão ser adotadas no futuro para não acumular esse lixo emocional. A dica aqui é não cair na tentação de ficar ruminando a culpa, e sim, focar em ações simples e factíveis que estejam no controle e que aproximem do resultado desejado.
3.º Passo: Diversifique seus investimentos
Chegou o momento de fazer ‘experimentos’. A beleza deles é o fato de não serem definitivos. E mesmo que não se chegue no resultado almejado, basta abandonar o plano e simplesmente voltar ao estado inicial, ou seja, o pior que pode acontecer é: nada.
Pensando nisso, a psicóloga faz uma recomendação: “Permita-se testar hipóteses, comportamentos, falas, atitudes, posturas, isto é, tudo aquilo que você acha que pode ajudar a minimizar o impacto da sobrecarga emocional na sua vida e aliviá-la. Em um primeiro momento, pode surgir medo agir diferente e sair da zona de conforto, mas, na prática, o medo é bem maior na sua cabeça do que na realidade. Acredite.”
Assuma o protagonismo!
Ao percorrer estes três passos, a TPM deixa de ser a protagonista no seu ciclo e na sua vida e volta ao lugar onde ela deveria estar. “É algo que acontece com você, mas não define quem você é. Cuidar da TPM antes dela chegar, significa que você não vai mais deixar combustível para explosões naquela época do mês. E que quando os hormônios se exaltarem, você vai estar mil vezes mais preparada e, de uma certa forma, blindada para lidar com eles. Assuma o controle!”, conclui Sabrina Amaral.