Aumento do uso do cigarro eletrônico tem relação com aumento do vício entre os jovens
Neurocientista, Dr. Fabiano de Abreu, comenta o cenário de risco com o uso dos 'vapes'
Os chamados ‘vapes’ ou cigarros eletrônicos têm se popularizado entre os jovens, fato que merece receber atenção da sociedade, já que está atingindo, inclusive, pessoas que antes não fumavam. São inúmeros sabores e essências que chamam atenção e se baseiam na crença de que o cigarro eletrônico faz menos mal do que o convencional. Porém, para o neurocientista, PhD e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu, antes de afirmar isso, deve-se considerar outros prejuízos causados pelo uso de ‘vapes’. “O consumo de cigarros eletrônicos é menos tóxico do que o tabagismo, mas isso não significa necessariamente que os cigarros eletrônicos sejam isentos de efeitos perigosos somados também a problemas adicionais”, pontua.
De acordo com ele, não há nenhum estudo que comprove que o cigarro eletrônico cessa o vício no tabagismo. “Os cigarros eletrônicos que contêm nicotina podem aliviar o desejo de fumar, mas não o hábito de fumar de cigarro convencional”, explica. Além disso, componentes da fumaça do cigarro, incluindo a nicotina, estão associados à imunidade prejudicada, afetando as funções imunossupressora e imuno ativadora e ao risco elevado de infecções pulmonares e doenças autoimunes. “Estudos demonstraram que as células epiteliais alveolares do pulmão humano tipo II tratadas com o vapor do cigarro eletrônico tinham maior morte celular em comparação com as células expostas ao ar. A inalação de vapor de cigarro eletrônico resulta em aumento significativo nos marcadores inflamatórios”, detalha.
Os líquidos de cigarro eletrônico comumente disponíveis contêm concentrações de nicotina que variam de 0 a 36 mg / mL onde 30 baforadas são necessárias para fornecer nicotina em uma quantidade equivalente à fornecida por um cigarro combustível. Em adolescentes, o uso promove a dependência à nicotina já que a maturação neurológica ainda não está completa. “Estudos comprovaram ainda, que a exposição aromatizante diminui significativa e rapidamente a resistência transepitelial em células epiteliais brônquicas humanas, sugerindo disfunção da barreira epitelial e uma resposta inflamatória prejudicada”, afirma o especialista.
Além de todos esses problemas, os tóxicos formados durante a vaporização incluem aldeídos, metais, compostos orgânicos voláteis e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. “A exposição a compostos orgânicos voláteis, encontrados nas emissões de milhares de produtos diferentes, pode provocar efeitos na saúde, incluindo irritação nos olhos e no trato respiratório, comprometimento neurológico e dano ao fígado. Fora isso, há também a questão do câncer e outros prejuízos à saúde que o cigarro eletrônico pode causar, não amenizando nem substituindo o cigarro convencional”, defende.