O arrependimento
por Nilda Dalcól
Em uma tarde qualquer, olhando as pessoas passarem apressadas, iam e vinham numa dança descontrolada, sabe-se lá porquê, talvez tentando encontrar algo que nem soubessem o que realmente procuravam…
Acho que sei…o que deixaram de fazer.
Sim, o que não fizeram…por razões só por elas conhecidas e que só hoje perceberam que se tornaram arrependimentos.
Por que eu também me sinto assim…
Um misto de raiva e frustração pairam sobre mim.
Perguntas que ficam martelando o meu cérebro e não consigo achar uma resposta plausível, até para sustentar o meu desejo de colocar em prática tudo o que ficou guardado … não esquecido, guardado mesmo, até que seja resolvido.
Algumas respostas são como uma enorme árvore que por conta do vento, vai perdendo suas folhas e flores e que nunca mais serão vistas, ouvidas ou lembradas. Assim são alguns “arrependimentos”. Como a árvore que não verá suas folhas e flores, eu também não poderia vivê-los agora, seriam inúteis … o tempo realmente passou e os tornou impraticáveis, e outros, talvez, inatingíveis.
Toda sensação de arrependimento me oprime.
Deixei de fazer tantas coisas para não me expor à opinião alheia (também já travei várias lutas internas com esse receio – os outros!!); ou porque afetariam outras pessoas ou até que não me trariam benefício algum, a não ser, quem sabe, uma momentânea satisfação pessoal…
E hoje, prefiro o desconforto de ter que conviver com esta interrogação, do que me machucar e torná-los maiores ainda …
Mas de uma coisa, sinceramente, me arrependo, de ter desperdiçado tanto tempo com quem não merecia … talvez esse fosse o preço que eu tinha que pagar…
E se era isto, já paguei …. mas o arrependimento ainda permanece … o tempo se encarregará de acalmá-lo …
“Algumas oportunidades não voltam só porque você se arrependeu.”
Clarice Lispector