Anorgasmia, o lado nocivo dos brinquedos sexuais
No Brasil, foram vendidos 1 milhão de vibradores em 2020
Durante a pandemia, o Brasil registrou um aumento de 280% nas compras online de brinquedos sexuais, desde o anúncio de medidas de isolamento. Em 2020, foram vendidos no país 1 milhão de vibradores — 50% a mais do que no mesmo período do anterior, segundo o portal Mercado Erótico. Mulheres casadas na faixa de 25 a 35 anos foram as que mais procuraram o item. Os fatores que levaram a esse aumento são diversos, como a possibilidade de compra discreta, a curiosidade e também para sair da rotina. Segundo uma pesquisa do Gleeden com os seus usuários masculinos e femininos, 41% deles aproveitaram a pandemia para começar a usar brinquedos sexuais.
As mulheres são as grandes compradoras desses brinquedos, motivo suficiente para questionar se existe algum efeito derivado do uso dos dispositivos sexuais.
Segundo a sexóloga Laia Cadens, que faz parte da equipe de especialistas da plataforma de encontros extraconjugais Gleeden, “a anorgasmia é uma incapacidade persistente de ter orgasmo apesar de haver excitação e desejo sexual”, além disso, ela destaca que algumas das causas dessa disfunção sexual são enquadradas no psicológico; “Os mais comuns são ansiedade, depressão, estresse, crenças religiosas, vergonha, a dificuldade de desfrutar do sexo como resultado de abuso sexual ou a falta de permissão para se entregar ao prazer. Além disso, a pouca comunicação entre o casal também pode ser considerada um precedente, pois pode levar a uma estimulação sexual inadequada.
“Adicionalmente, o crescente mercado de brinquedos sexuais no mundo fez com que esses elementos fossem considerados como mais uma causa de anorgasmia, porém, isso depende da frequência e da forma como são utilizados, sendo frequentes as anorgasmias de tipo secundário causadas pelo uso contínuo de sugadores de clitóris que alteram a obtenção do orgasmo como casal, explica Cadens”.
Laia também destaca que “Surgiu um boom muito forte em torno do uso do Satisfator – um tipo de vibrador muito popular, já que muitas das mulheres têm orgasmos melhores com o uso dele. A intensidade com que este dispositivo estimula, provoca uma ativação do mecanismo de recompensa mais imediata do que aquela que pode ser obtida na relação sexual, é a partir deste ponto, que se estabelece um comportamento contínuo e recorrente de uso de brinquedos sexuais, que cada vez estará mais condicionado”, compartilhou a especialista.
A recomendação da especialista é fazer um uso moderado e sempre complementar à relação sexual. Os brinquedos e dispositivos sexuais devem ser parte, mas não os protagonistas do prazer feminino, pois isso impedirá o desenvolvimento de disfunção sexual futura.