Dilema do Porco Espinho
A parábola do Porco Espinho, criada pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer, faz uma rápida reflexão sobre a vida em sociedade, e relata a seguinte situação:
“Durante a era glacial muitos animais morreram por causa do frio, pois não conseguiram adaptar-se a esta situação.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação se juntaram em grupos, para aquecerem-se, assim conseguiram sobreviver, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Não aguentando as feridas que os outros lhe causavam, eles se afastaram, mas ao perceber que a morte os rondava, precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos, mas com mais cuidado. Então, encontraram uma distância segura. Logo, não machucavam mais uns aos outros. E assim, sobreviveram ao frio. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com os muito próximos podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.”
Assim como os porcos espinho nós também temos espinhos e ferimos quem está a nossa volta. Mas o que são nossos espinhos? São nossos valores, nossas crenças, nossos princípios e, principalmente, nossas atitudes.
Trazendo para nossa prática do dia a dia, posso resumir que o aprendizado com esta parábola é:
- Temos manias, atitudes e defeitos, por isso não devemos culpar os outros por nossas feridas, traumas e cicatrizes.
- Nosso ego só nos faz avistar nossas qualidades, assim, temos dificuldade de enxergar que causamos os mesmos sofrimentos às outras pessoas.
- Aprender a lidar com as diferenças individuais é fundamental, podemos até discordar das ideias e atitudes do outro, mas respeitando os limites, tolerância é a palavra de ordem.
- Definir a distância segura daquilo que machuca buscando o seu lugar, e algumas vezes manter a distância para o bem-estar de todos, assim evitando conflitos.
Então, concluímos que a convivência não é fácil, que o bom relacionamento é aquele que aprendemos a conviver com os defeitos uns dos outros e valorizamos as qualidades, e não aquele que une as pessoas perfeitas.
Ótima reflexão!
Jocely Burda, professora de psicologia da Faculdade Estácio de Curitiba.
Fonte: www.psicanaliseclinica.com