Falta de melfalano compromete tratamento de pacientes com mieloma múltiplo no Brasil, alertam ABHH, SBTMO e SOBOPE
O desabastecimento do melfalano já começou a impactar no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo que tem indicação para realizar um transplante de medula óssea como opção terapêutica. É o que alertam em nota conjunta a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) e Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE).
Em comunicado enviado às entidades em 17 de março, a empresa responsável pela distribuição do fármaco, a Aspen Pharma, informou que o processo de importação estava concluído, e seguia em análise, com perspectiva de liberação para comercialização na primeira semana de abril, o que ainda não há sinais de que venha a se concretizar.
O melfalano é um quimioterápico usado para realizar o chamado regime de condicionamento, que consiste em preparar o organismo do paciente para realizar o transplante. Para se ter uma ideia, segundo o registro da ABTO/RBT, em 2020 foram realizados 1.927 transplantes de medula óssea autólogos, dos quais 70% para mieloma múltiplo, o que equivale a um total de 1349 casos. Com base nos indicadores do último ano, a estimativa da demanda por melfalano seria de 5.396 frascos do medicamento (visto que são utilizadas em média 4 unidades por paciente). Atualmente, o fármaco é a única alternativa que se pode contar no País para esta finalidade. Além disso, sua toxicidade aceitável e seu custo é baixo.
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer no sangue, que tem início na medula óssea, sendo mais frequente em pessoas com idade igual ou superior a 50 anos.
Devido a idade avançada destes pacientes e o fato de a doença não ter cura, estes pacientes que necessitam do TMO não podem esperar. Trata-se de um dos tipos de câncer com maior taxa de letalidade. Neste contexto, o TMO é a melhor alternativa para garantir uma melhora da condição dos pacientes, para que possam seguir seus tratamentos medicamentosos alcançando qualidade de vida e sobrevida livre da doença.