Pet no Dia das Crianças: Responsabilidade e Consciência na Adoção
Entenda por que um animal de estimação não deve ser tratado como brinquedo e como preparar a família para essa importante decisão
Outubro é o mês das crianças e também um período em que muitos adultos se empolgam com a ideia de satisfazer o desejo dos pequenos e presenteá-los com um novo amiguinho, um animal de estimação. Mas, antes de transformar o desejo em surpresa, é importante lembrar: pet não é brinquedo.
Dar um animal de estimação como presente pode trazer consequências sérias quando a decisão não é planejada. O problema é que o gesto parte da emoção do adulto, e não da consciência da criança sobre o que significa cuidar de uma vida. Quando o pet é recebido como um objeto de consumo, corre o risco de ser visto como brinquedo e, com o tempo, pode sofrer abandono ou negligência.
Além da responsabilidade, a convivência com animais pode ser extremamente positiva para o desenvolvimento emocional infantil, desde que seja uma escolha consciente e coletiva da família. Os pets ensinam empatia, cuidado, paciência e respeito. Eles ajudam a reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima e estimular habilidades sociais. Mas o aprendizado vem do exemplo e do acompanhamento dos pais.
Para famílias que pensam em adotar um pet, algumas orientações são fundamentais:
1. Planeje em família: A chegada de um animal deve ser uma decisão conjunta. Avaliem se a casa tem estrutura, se todos estão de acordo e se haverá tempo e recursos para cuidar do bichinho.
2. Espere o momento certo: Não existe idade mágica, mas a partir dos 7 ou 8 anos a criança já entende regras e pode assumir pequenas responsabilidades. Ainda assim, o pet é da família e não da criança.
3. Ensine com o exemplo: Crianças aprendem muito mais observando. Pais que cuidam do animal com carinho e constância inspiram a mesma postura nos filhos.
4. Crie rotinas de cuidado: Definir tarefas simples ajuda a formar o senso de responsabilidade: trocar a água, recolher brinquedos, escovar o pelo. Quadros visuais (checklists) podem ajudar a manter a rotina.
5. Fale sobre o ciclo da vida: Ter um animal é também lidar com alegrias, perdas e frustrações. Conversar sobre isso fortalece o vínculo e desenvolve maturidade emocional.
6. Reflita antes da adoção: Um pet vive, em média, de 10 a 20 anos. Adotar é um compromisso duradouro e não deve ser motivado pela empolgação de uma data comemorativa.
Se a intenção é apenas presentear, a dica para os pais é optar por brinquedos, livros ou experiências educativas. O pet pode vir depois, quando todos estiverem prontos para acolher uma nova vida.
Por Juliana Sato
Psicóloga graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, pós-graduação em Distúrbios Alimentares pela Unifesp, certificada pela Association for Pet Loss and Bereavement (EUA), consultora e mentora em saúde mental no segmento pet vet, diretora da Ekôa Vet – Associação Brasileira em Prol da Saúde Mental na Medicina Veterinária, organizadora do livro “Luto Pet no Contexto da Medicina Veterinária”
Artigo de opinião