Suplementos Alimentares: Quando Realmente Fazem Sentido no Seu Treino e Saúde

Entenda o papel dos suplementos como whey, creatina, ômega 3 e colágeno, e saiba evitar o uso indiscriminado que pode ser mais prejudicial que benéfico

Para muita gente, a prateleira de suplementos parece uma espécie de atalho elegante: um scoop aqui, duas cápsulas ali, e pronto: músculos crescem, o rendimento melhora, a pele firma e até o humor melhora. Na prática, a conta não fecha tão fácil.

“Suplemento não é milagre. Ele ajuda quando existe uma necessidade e um contexto que justificam. E, mesmo assim, faz diferença quando o básico está organizado: sono, treino, alimentação, rotina”, explica Diogo Cirico, nutricionista funcional e responsável técnico da Growth Supplements. Antes de encher o carrinho, vale entender o que cada produto realmente entrega e quando ele é só um barulho desnecessário.

O apelo é simples: praticidade e promessa de resultado. “É mais fácil tomar 30 g de proteína num shake do que cozinhar, e depositar suas expectativas nisso. E é mais fácil engolir cápsulas do que ajustar o prato e o descanso”, diz Cirico. No entanto, esse atalho só funciona se a estrada estiver em boas condições: sem déficit calórico mal planejado, sem treino improvisado, sem noites mal dormidas. Agora se o resto patina, o suplemento vira um figurante caro.

Whey protein só para bater meta de proteína
Whey é, basicamente, proteína do leite filtrada. Ajuda quem tem dificuldade de atingir a cota diária via comida, seja por praticidade, agenda apertada ou falta de apetite. “Para quem treina, ter proteína suficiente espalhada ao longo do dia é chave para recuperação e ganho de massa magra. Se o whey resolve uma lacuna real, ele faz sentido”, explica Cirico. Mas não há vantagem sobre a proteína do frango, ovos, feijão e iogurte. Se a dieta já dá conta, o whey pode ser dispensável.

Creatina: consistência é a chave
Poucos suplementos têm tanta evidência quanto a creatina para melhorar força e desempenho em esforços de alta intensidade. “Ela ajuda a ressintetizar energia rapidamente, o que pode render mais repetições, mais qualidade no treino e, com o tempo, mais músculo”, diz Cirico. Em adultos saudáveis, o uso cotidiano em doses usuais é considerado seguro. O efeito é cumulativo — não é algo que “bate” no dia. E funciona melhor quando o treino e a ingestão de proteína estão bem encaixados.

Ômega 3: quando a comida não dá conta
Quem come pouco peixe gordo (salmão, sardinha) tende a ter baixa ingestão de EPA e DHA. Nesses casos, suplementar pode ajudar em marcadores de inflamação e saúde cardiovascular. “Para quem já tem uma dieta rica em peixe, pode não haver ganho extra. Mas para a maioria, que consome pouco, o ômega 3 faz sentido, desde que o produto seja confiável e em dose adequada”, pondera Cirico. Atenção a interações: quem usa anticoagulantes precisa de avaliação individual.

Colágeno: o que dá para esperar?
Colágeno hidrolisado virou sinônimo de pele firme e articulações saudáveis. A ciência é mais parcimoniosa. “Há estudos sugerindo melhora modesta em elasticidade da pele e conforto articular em alguns contextos, especialmente quando há proteína total adequada e vitamina C junto. Mas não é cimento para ‘reconstruir’ cartilagem ou substituir treino e alimentação. Para quem já consome proteína suficiente, o ganho será proporcionalmente pequeno”, explica o especialista da Growth Supplements.

Multivitamínicos: seguro contra imprevistos ou não?
O multivitamínico pode funcionar como rede de segurança para quem tem rotina caótica ou ingere pouca variedade de alimentos, mas nunca sem avaliação médica antes. “Se a dieta é minimamente equilibrada, muitas vezes é redundante. O ideal é ajustar o prato e, se necessário, suplementar pontualmente aquilo que falta. Um simples exame de sangue pode indicar o que precisa repor ou não”, orienta Cirico. Tomar “um de cada” sem critério não é estratégia: é tiro no escuro.

Riscos do uso indiscriminado: rótulos, doses e interações
Suplemento não é algo inofensivo. O excesso de vitaminas lipossolúveis pode acumular; ômega 3 em dose alta altera coagulação; pré-treinos com estimulantes bagunçam o sono; produtos sem procedência podem conter contaminantes. “Leia rótulos, desconfie de promessas fáceis e, se usa medicamentos ou tem condição clínica, converse com um profissional. A qualidade do fabricante importa muito!”, alerta Cirico.

Mais importante que a marca, é o encaixe no seu dia. Whey? Use quando a refeição proteica não cabe na agenda. Creatina? Tome diariamente, no horário que você consegue manter. Ômega 3? Só se a ingestão de peixes for baixa e com produto testado. Colágeno? Alinhe expectativa e garanta proteína total e vitamina C. Multivitamínico? Prefira corrigir gaps específicos antes de generalizar. “Suplemento bom é o que resolve um problema real do seu contexto, na dose certa e com qualidade confirmada”, resume o nutricionista.

O nutricionista funcional diz que, para muita gente, comida de verdade e bem distribuída ao longo do dia, sono em dia e treino consistente já entregam praticamente tudo. “Se o prato cumpre a meta proteica, se você treina com método e dorme bem, vários suplementos perdem relevância. Aí, a escolha passa a ser conveniência e preferência, não necessidade”, diz o nutricionista.

Cirico afirma que disciplina, descanso e comida de verdade constroem 90% do resultado. “O suplemento organiza os 10% finais e só quando – e se – faz sentido. Quando você alinha o restante, o corpo responde à altura. Quando ignora ou negligencia coisas básicas, ele cobra”, conclui o profissional.

D

Por Diogo Cirico

nutricionista funcional, responsável técnico da Growth Supplements

Artigo de opinião

👁️ 34 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar