Saúde mental no trabalho: a urgência de uma prevenção eficaz contra o burnout nas empresas
Com a nova NR1, empresas precisam ir além do cumprimento formal e investir em cuidados reais para o bem-estar dos colaboradores
O Setembro Amarelo também abre espaço para discutir saúde mental no trabalho. Muitas empresas ainda tratam o tema de forma superficial. O que se vê é que as organizações estão brincando de faz de conta. Porém, a partir de maio do próximo ano, com a implementação da nova NR01, essa postura pode gerar ações trabalhistas significativas.
Não basta apenas responsabilizar o trabalho pelo estresse. Um casamento em crise, problemas financeiros ou doenças na família também causam estresse. Mas, como passamos a maior parte do dia no ambiente de trabalho, o impacto desse local é especialmente grande.
A solução passa por líderes atentos e programas reais de prevenção. Perder um colaborador afastado por depressão ou, no pior dos casos, por suicídio, não é apenas uma dor humana, mas também um prejuízo direto para a sustentabilidade das empresas. Investir em saúde mental não é custo, é responsabilidade e prevenção.
A Norma Regulamentadora 1 (NR1) voltou ao centro das discussões corporativas ao tornar obrigatória a contratação de serviços especializados para monitoramento dos riscos psicossociais dos colaboradores. Essa mudança representa um avanço significativo na valorização da saúde mental dentro do ambiente de trabalho, exigindo que as empresas adotem medidas concretas para o bem-estar dos funcionários.
Essa obrigatoriedade pode transformar a forma como as empresas encaram a saúde mental, mas é fundamental um compromisso real com o cuidado dos colaboradores. As questões subjetivas estão ganhando um caráter mais objetivo, tornando-se uma exigência legal. No entanto, o grande desafio é garantir que as empresas adotem práticas de cuidado genuínas, e não apenas cumpram protocolos burocráticos.
O mercado tem observado a popularização de serviços de psicoterapia online baseados em inteligência artificial, que oferecem atendimentos rápidos e pouco personalizados. Esse modelo pode ser contraproducente. Muitas empresas contratam plataformas onde o colaborador interage por 20 minutos com uma IA. Em vez de gerar um ganho, isso pode gerar uma perda, pois o funcionário se sente ainda mais desvalorizado pela empresa.
Com a entrada da geração Z no mercado de trabalho, a demanda por um ambiente corporativo que priorize a qualidade de vida e o bem-estar psicológico se tornou ainda mais evidente. Essa nova geração quer muito mais do que apenas um emprego. Eles buscam cuidado, equilíbrio e propósito. A NR1 chega para reforçar essa necessidade e pressionar as empresas a implementarem estratégias eficazes para lidar com as pressões e prazos sem comprometer a saúde mental dos colaboradores.
A regulamentação, além de contribuir para a redução do absenteísmo, também pode impactar positivamente os resultados das empresas. Um colaborador bem assistido tende a ser mais produtivo, adaptável e engajado. Nesse cenário, é essencial que as organizações escolham prestadores de serviço qualificados para realizar o rastreamento e o mapeamento de riscos psicossociais de forma estratégica e humanizada.
Com a NR1 em vigor, a responsabilidade das empresas vai além do cumprimento de normas; trata-se de um compromisso real com o bem-estar dos colaboradores, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
Por Aline Graffiette
Psicóloga, CEO da Mental One
Artigo de opinião