Desconstruir dói

por Ton Kohler

Para tudo que desejamos na vida aplicamos a fórmula básica e que funciona muito bem. Aquela de estudar, se informar, se preparar e buscar o que está ao alcance para que o tal desejo aconteça.

Sempre aprendemos através dessa forma a evoluir, nos tornar pessoas mais completas e conquistar sonhos.

Mas tem algo que não aprendemos dessa maneira, o processo de nos descontruir, quebrar os velhos entendimentos que estão amarrados ao nosso carácter desde a infância, aqueles arquétipos de família ou sociais que parecem geniais, mas por vezes são tóxicos e desadequados.

Então confesso, eu estou no processo dessa desconstrução.

Levanto bandeiras como o respeito universal às mulheres, a sobrecarga feminina, a paternidade ativa e afetiva, o antirracismo, o fim do preconceito homoafetivo e uma masculinidade saudável.

Me sinto um cara do bem, porém, imperfeito e longe de ser um homem totalmente descontruído, confesso que já me peguei tendo pensamentos machistas, já me peguei pensando de forma equivocada sobre a maneira que uma mulher estava vestida e assim por diante.

Porém nesse processo de desconstrução algumas coisas já estão claras e foram resolvidas em mim, e nessa hora tento alertar outras pessoas sobre como precisamos mudar nosso pensamento para isso ou para aquilo, porém, eu ainda sou aprendiz. Acredito que aprendizes podem falar o que já aprenderam mesmo não sabendo algo no todo!

A perda do meu pai, a perda da esposa e as inúmeras dificuldades vividas desde a infância, me trouxeram a necessidade da renúncia do homem que eu era, principalmente quando eu me tornei pai, e a necessidade aumentou ao me tornar pai solo. Eu nunca mais serei o homem de antes, mas também estou longe de ser um homem ou pai perfeito.

Deixo aqui um desabafo a vocês, as redes sociais são pequenos pedaços de vida, mostrados, por mim pelo menos, com coração e com verdade, e isto não apresenta o Ton Kohler na íntegra.

Aqui somos felizes e as crianças riem fácil, tenho pessoas próximas que quando o bicho pega eu tenho para onde correr, moramos numa casa excelente e temos uma condição de vida ótima, fazemos a vida ser próspera mesmo com as dores da desconstrução diária do homem e do pai dessa família.

Pois este homem errou e vai errar, mesmo que tentando acertar, agradar, ajudar será julgado. É impossível não julgarmos, porém, o julgamento pode ser transparente e aliado ao respeito e ao diálogo, é isso o que realmente descontrói e derruba as velhas crenças.

“Julgar é muito difícil. Ser julgado é pior ainda. Entre os dois, escolho nenhum. Prefiro ser poeta, usar gravata borboleta e morrer inocente”. Clara Dawn

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