Dia do Orgasmo: idosos também sentem prazer
Uma vida sexualmente ativa traz benefícios para a saúde e bem-estar, em qualquer faixa etária. Mesmo se a frequência for menor nesta idade, não significa que a relação não seja prazerosa. E a experiência pode tornar o ato até melhor
O dia 31 de julho é considerado o dia do orgasmo. Segundo levantamentos, sentir prazer sexual traz diversos benefícios para a saúde física e mental, como a regularização do equilíbrio hormonal, ameniza o nível de estresse, melhora o sono, a pele e ainda fortalece o sistema imunológico.
Porém, quando o tema envolve os idosos, ainda existem diversos tabus, visto que a sociedade tem a idealização que a vida sexualmente ativa e prazerosa é somente para as pessoas mais jovens. Mas com o aumento da expectativa de vida e um envelhecimento saudável, não há como negar, a importância de tratar do tema sexo na terceira idade.
Uma pesquisa publicada recentemente no The Journal of Sexual Medicine, realizada na Bélgica com idosos entre 70 e 99 anos, constatou que um terço desta população (31,3%) tinha uma vida sexualmente ativa.
No Brasil, há mais de 30 milhões de indivíduos acima dos 60 anos de idade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2017. A previsão é que, em 2030, o país tenha a quinta maior população de idosos no mundo, ou seja, as pessoas estão vivendo mais e com qualidade.
De acordo com Márcia Sena, especialista em longevidade ativa e qualidade de vida na terceira idade da Senior Concierge, ainda há muito o que se discutir a respeito, uma vez que, é comum ainda que muitos esperem uma velhice assexuada, como se o indivíduo não tivesse mais a necessidade dessa troca, o que não é verdade. Ela ressalta que não há uma idade para parar de fazer sexo. “Somente quando a pessoa quiser parar, essa é a idade, seja qual faixa etária for”, diz.
Márcia Sena afirma que a vida sexual faz parte do ser humano, inclusive, quando ele se torna idoso. A prática da relação sexual pode ser muito benéfica também nessa fase, pois proporciona bem-estar, melhora a autoestima, além do cuidado e companheirismo, ou seja, pode estar entre os pilares de estímulos físicos e mentais.
Outro fator benéfico, é que pessoas idosas que possuem uma vida sexual ativa têm um desempenho melhor na habilidade cognitiva, assim dizendo, o sexo é um auxílio para manter o cérebro em forma à medida que se envelhece.
Sexo e envelhecimento, o que fazer com as mudanças?
Para a especialista, o corpo passa por diversas mudanças com o envelhecimento, inclusive ligadas à sexualidade. A mulher tende a diminuir a produção de líquido vaginal, essencial para a lubrificação da vagina. Márcia orienta que o uso de acessórios e produtos, como um lubrificante vaginal, podem ser uma boa alternativa para os casais de idosos permanecerem ativos sexualmente.
Em relação ao que a mulher idosa deve fazer para se sentir atraente, Sena acredita que ela esteja bem com sua imagem. “Se isso passar por uma cirurgia plástica, por que não?
A mulher madura já costuma possuir experiência para entender que é importante estar bem consigo mesma, com sua imagem, mas isso não precisa ser a imagem de uma jovialidade inexistente. Temos mulheres lindíssimas hoje que nos mostram como podemos ser sexys e bem resolvidas, mesmo após os 60, 70”, analisa.
Muitas mulheres idosas não tiveram uma vida sexual prazerosa, pois antigamente o sexo era somente para gerar prazer no homem e não na mulher. Neste caso, a especialista acha que a mulher idosa ainda pode encontrar o prazer no sexo.
“Infelizmente tivemos (e ainda temos) muito esse preconceito em que a mulher não precisa sentir prazer, quando na verdade, o prazer deve ser mútuo. Isso passa também pela mente, pela aceitação que ela pode e deve sentir prazer, conhecer seu corpo e seu parceiro estar disposto a essa troca. Quebrando esses paradigmas, é mais que possível uma prática sexual prazerosa para ambos”, pontua Márcia.
Mas o homem também passa por mudanças como, por exemplo, uma ereção mais lenta e a cobrança pela performance.
Por isso, segundo Sena é preciso acabar com o mito de que uma vida sexualmente ativa só é para os mais novos.
“Acredito que há mito de que a quantidade vale mais que qualidade, por exemplo. O idoso pode ter conhecimento sobre seu corpo e sobre obter prazer com seu parceiro (a). A experiência, na verdade, pode tornar o ato ainda mais prazeroso. Mesmo que se diminua a frequência, não significa que a relação não seja prazerosa e a qualidade seja menor”, destaca.
A especialista lembra que o acompanhamento com o médico especializado em saúde íntima é fundamental.
“O acompanhamento é importante também nessa área e o idoso(a) deve se sentir seguro e acolhido para sanar dúvidas com esse profissional. Muitas vezes, a questão da libido pode estar ligada à questão hormonal. Outro fato importante é que alguns homens fazem uso da automedicação, que pode gerar problemas, sendo assim, é preciso acompanhar de perto. Além disso, o checkup é importante também contra risco de câncer de mama e próstata, que estão entre os mais comuns em idosos”, ressalta, Márcia.
Outro cuidado importante com a saúde é o uso de preservativos. Segundo a pesquisa de HIV/Aids desenvolvida em 2018, relata que os casos de DSTs entre idosos aumentaram 21,2%.
“É um mito achar que, por não estar em período fértil, a pessoa idosa não irá adquirir doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, vale lembrar que sexo seguro se aplica ao idoso também. E com segurança é possível relaxar e ter mais prazer” ressalta Sena.