Por que o BDSM está em alta?

A pandemia contribuiu para o comportamento sexual das pessoas, que estão mais dispostas a explorar seus desejos sexuais e experimentar o BDSM

Algemas, chicotes, mordaças, cordas e vendas. Se você já pensou em usar esses e outros acessórios para apimentar a relação, dificilmente não ouviu falar sobre BDSM. O termo se refere a um conjunto de práticas que atendem diferentes fetiches sexuais e está super em alta.

O BDSM é um dos termos mais procurados do Google Brasil. De acordo com dados da gigante de tecnologia, a sigla acumula mais de 200 mil pesquisas mensais no país.

Isso a coloca no primeiro lugar no ranking de fetiches sexuais mais buscados na plataforma. Além disso, várias sex shops também registraram aumento nas vendas de produtos BDSM. Mas o que explica esse número?

Para entender esse movimento, é importante lembrar o que aconteceu nos últimos anos e como esses eventos mudaram o comportamento e os fetiches dos brasileiros.

Entendendo o universo BDSM
Antes de conhecer os eventos que explicam o aumento de buscas por esse termo, é importante entender o que é o BDSM. A sigla significa “Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo”.

Basicamente, o BDSM se refere a práticas adotadas por pessoas que gostam de sentir e provocar dor como forma de aumentar o prazer durante a relação sexual. Para isso, elas utilizam vários acessórios, como os chicotes e mordaças mencionados anteriormente.

Além disso, os fetichistas também podem usar fantasias e até criar uma persona, ou seja, adotar praticamente outra personalidade durante a transa. Tudo isso para colocar fetiches em prática e atingir o prazer de diferentes formas.

Outra característica comum no sexo BDSM é a separação de papéis durante a papéis. Para isso, uma pessoa assume o papel de dominador e outra de submisso.

Como os próprios nomes indicam, o submisso deve obedecer a todos os comandos do dominador. Por isso, cabe ao dominador amarrar e amordaçar o submisso, por exemplo, e submetê-lo a diferentes práticas e comandos que tornam a relação prazerosa para os dois.

Lembrando que ser submisso ou dominador não tem relação com o gênero dos envolvidos. Na verdade, homens e mulheres podem assumir os dois papéis durante a transa a depender do fetiche e preferência sexual de cada um.

O BDSM não é uma novidade
Muita gente teve o primeiro contato com o universo BDSM graças a livros e filmes como “50 Tons de Cinza” e “356 Dias”, que ajudaram a popularizar a prática.

Mas você sabia que o BDSM não é uma novidade? Na verdade, existem vários registros históricos, como pinturas e contos, que indicam que a prática é adotada pelo menos desde o século XVI.

Além disso, historiadores acreditam que fetiches associados ao BDSM podem ser anteriores a esse período. Uma das histórias mais famosas é o conto medieval de Fílis e Aristóteles, obra criada no século XIII.

A obra conta a história de como Fílis, uma mulher dominadora, seduziu e dominou Aristóteles, um dos filósofos mais importantes do mundo. Ela o convence a ficar de quatro no chão do jardim para provar o seu amor. Enquanto isso, Fílis cavalga nas costas de Aristóteles e o chicoteia. Existem até esculturas e pinturas que retratam esse momento, como o quadro “Arystoteles i Filis” de Giovanni Buonconsiglio criado no século XVI.

Mas não se engane. Apesar dessa cena histórica e das cenas retratadas em filmes como “50 tons de cinza”, a prática do BDSM não envolve nenhuma forma de violência. Na verdade, a prática exige consentimento das pessoas envolvidas. Além disso, existem acordos e limites estabelecidos antes do início da relação, para que a prática seja prazerosa para todos.

Como a pandemia influenciou no hype do BDSM
Tudo indica que o aumento recente do interesse pelo BDSM está relacionado ao impacto da pandemia nos relacionamentos. De acordo uma pesquisa realizada pela OnePoll, 30% dos entrevistados admitiram que o desejo sexual aumentou durante o período de alta da COVID-19. Além disso, o estudo também mostrou que 40% das pessoas se tornaram mais abertas a explorar seus desejos sexuais após a pandemia.

Não houve um aumento só no interesse por explorar a própria vida sexual. Segundo dados divulgados pelo e-commerce Stylight revelam que a busca por roupas e acessórios ligados ao BDSM também aumentaram durante a pandemia.

De acordo com o estudo, houve um crescimento de 288% nos cliques do site para espartilhos estilo bondage e 191 % para meias arrastão. Além disso, eles também registraram um aumento de 187% no número de cliques para coleiras.

Ao mesmo tempo, o Google registrou o crescimento de 13% nas pesquisas de roupas de látex e 83% para collants de couro. A explicação para esses números pode estar relacionada, em parte, aos efeitos do isolamento social dos últimos dois anos.

Especialistas explicam que durante a pandemia todos tiveram que se submeter a normas e regras sociais que aumentaram o controle da vida das pessoas. De certa forma, o BDSM é uma prática que permite que as pessoas retomem o controle sobre pelo menos entre quatro paredes.

A explicação é reforçada por Andrew Groves, professor de Fashion Design da Universidade de Westminster, em Londres, e co-curador da exposição Undercover, que aborda as máscaras em tempos de Covid.

De acordo com o especialista, pandemias e restrições sociais aumentam o desejo por liberdade e pelo equilíbrio entre livre-expressão e controle. Isso explica por que roupas e fetiches relacionados ao BDSM continuam em alta mesmo após o fim das medidas de distanciamento social.

Como colocar o BDSM em prática?
Se você faz parte do time que também tem interesse em experimentar a prática do BDSM nesse pós-pandemia, então precisa ficar atento a alguns detalhes. Primeiro, é importante lembrar que o BDSM é um universo à parte. Por isso, ele é composto por diferentes práticas e fetiches sexuais.

Ou seja, não existe apenas uma forma de praticá-lo. A prática do spanking, por exemplo, que é uma de suas modalidades, envolve bater e apanhar. Já o bondage exige que o submisso seja amarrado. Mas esses são apenas alguns exemplos.

Estudar o BDSM é fundamental
Por conta de suas infinitas possibilidades, quem quer começar a se aventurar pelo BDSM precisa estudar muito e aprender a diferenciar fetiche do que é realmente sadio. Para isso, vale a pena pesquisar e buscar perfis nas redes sociais que sejam referência no assunto.

Este processo também ajuda a pessoa a entender que algumas modalidades de BDSM podem envolver riscos. Desta forma, é importante agir com responsabilidade, ter cuidado e respeitar os limites dos envolvidos. Afinal, uma das premissas do BDSM é o SSC, sigla que significa são, seguro e consensual.

Ou seja, essa prática exige o respeito pela saúde mental, física e emocional dos participantes, que devem concordar com o que seja realizado entre os envolvidos.

Segurança e autocontrole
Um dos recursos utilizados para tornar o BDSM mais seguro é a adoção de uma palavra de segurança.

A cada movimento ou ação, a pessoa submissa precisa confirmar que está tudo bem e que está disposta a continuar.

Para isso, ela deve usar uma palavra de segurança, que deve ser definida antes da prática começar.

Caso a palavra não seja utilizada ou respeitada, então tem algo errado. Isso é importante porque as pessoas tendem a extrapolar seus limites para agradar o parceiro, mas isso não é uma obrigação.

Na verdade, o prazer e a segurança de todos os envolvidos devem ser levados em consideração. Portanto, se a pessoa não se sente confortável e não usa a palavra de segurança, a sessão precisa se encerrar.

Caso contrário, se transformará numa relação abusiva que coloca em risco a saúde física e mental do praticante. Além disso, quem entende do assunto lembra que é fundamental conversar e fazer acordos antes de começar qualquer prática.

Caso a prática seja realizada com alguém que você não conhece muito bem, mas que é experiente no universo BDSM, o ideal é que as sessões sejam realizadas em locais que sejam de fácil acesso, como motéis, por exemplo.

Assim, caso ocorra algum problema e um dos praticantes adote uma postura mais violenta, é possível pedir socorro. Conhecer as saídas de emergência, saber como tirar uma algema e sair do bondage, por exemplo, também são importantes para praticar com segurança e evitar abusos.

A importância do aftercare
Os cuidados do BDSM não se restringem aos momentos antes e durante a prática. Na verdade, o chamado aftercare também é fundamental. Ele consiste nos cuidados que o dominador deve ter com o submisso após a prática. Isso significa que o dominador deve se responsabilizar por ajudar o submisso na manutenção da sua saúde física e mental.

Afinal, depois de ter sido submetido a sessões que podem conter práticas consideradas socialmente humilhantes, o submisso precisa ter um momento de transição para voltar ao mundo real. O mesmo se aplica ao dominador.

Por isso, é importante conversar após a prática, expor o que foi prazeroso, quais foram as sensações durante o sexo e, quem sabe, já pensar no próximo encontro.

Experimentar é essencial
Na prática, o BDSM envolve muita conversa, estudo e disponibilidade para experimentar. Quem adota esse tipo de prática precisa estar disposto a explorar novas zonas erógenas e novas formas de prazer.

Assim, você tem a oportunidade de trabalhar sua autoestima e autoconhecimento corporal e emocional. Se é isso que você deseja, então se joga!

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