Diabetes aumenta em 35% o risco de desenvolver um glaucoma neovascular

Glaucoma neovascular está ligado ao diabetes e doenças que afetam o sistema vascular

Nos últimos anos, há um crescente interesse dos pesquisadores em investigar a contribuição das alterações vasculares para o desenvolvimento do glaucoma, incluindo àquelas relacionadas ao diabetes e às doenças que obstruem os vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição das estruturas oculares.

Essas duas condições – diabetes e obstrução dos vasos oculares – são responsáveis pelo desenvolvimento do chamado glaucoma neovascular. Embora a prevalência geral seja baixa, o glaucoma neovascular contribui para perda visual e morbidade significativas.

Além disso, o diabetes aumenta em 35% o risco de desenvolvimento desse tipo de glaucoma.

Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em Glaucoma, quando a circulação dos vasos sanguíneos que nutrem a retina e o nervo óptico é afetada, o organismo desenvolve novos vasos (neovasos) na tentativa de suprir essa falta de oxigênio. “Esses vasos podem crescer na retina e na íris. Ocorre que é na íris que fica a malha trabecular, estrutura responsável pela drenagem do humor aquoso”.

“O humor aquoso é o líquido que preenche o globo ocular e sua drenagem é essencial para manter a pressão intraocular sob controle. Quando os neovasos crescem, podem obstruir totalmente a malha trabecular. A partir disso, a pressão intraocular (PIO) pode subir consideravelmente, causando um glaucoma”, explica a especialista.

Infelizmente, é um glaucoma agressivo e de difícil controle. Quase sempre o paciente tem diagnóstico de diabetes ou ainda problemas de oclusão vascular na retina.

Piora súbita da visão

O glaucoma neovascular, diferentemente dos outros tipos, causa sintomas e isso pode ajudar o diagnóstico mais precoce se comparado às formas que são silenciosas.

“A evolução desse glaucoma neovascular é muito rápida. A pessoa pode sentir uma piora súbita da visão, dor ocular e o olho fica bastante vermelho. A partir desses sintomas, é preciso procurar um serviço de emergência oftalmológica para evitar a perda definitiva da visão”, reforça Dra. Maria Beatriz.

Tratamento do glaucoma neovascular

Como em qualquer outro glaucoma, o objetivo do tratamento é reduzir a pressão intraocular para estacionar os danos no nervo óptico. “A redução da PIO no glaucoma neovascular precisa ser rápida.

Por isso, usamos medicação oral, colírios e, por vezes, medicações na veia para obter esse efeito o quanto antes. Contudo, esse é só o primeiro passo do tratamento”, aponta a oftalmologista.

O controle da pressão intraocular é fundamental, bem como a secagem dos neovasos. Para isso, é usada uma medicação que é aplicada diretamente no olho do paciente. Por último, os casos têm indicação para a implantação de tubo para controlar a PIO.

“Vale lembrar que quando conseguimos atingir o controle da pressão intraocular, o tratamento da retinopatia e/ou da oclusão vascular é essencial para evitar novos danos no nervo óptico. Esses pacientes devem ser acompanhados de perto pelo oftalmologista, além de seguirem de forma rigorosa o tratamento proposto”, finaliza Dra. Maria Beatriz.

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