Quadro de Covid-19 pode ter influência nos tratamentos estéticos à base de preenchedores
Médico dermatologista explica que, apesar de raro, é possível a ocorrência reações imunológicas relacionadas a aplicações de ácido hialurônico ou botox
Há pouco mais de dois anos a descoberta do misterioso, e perigoso, novo coronavírus, causador da Covid-19, vem assustando o mundo e desafiando médicos, cientistas e estudiosos das mais diversas áreas.
Felizmente as vacinas contra a doença chegaram e, aos poucos, com a imunização da população mundial, a situação da pandemia em todo o mundo vai melhorando e o número de mortes, internações e casos graves da doença vão caindo gradativamente.
Apesar de alguns sintomas pós-covid já serem conhecidos, muitos efeitos e sequelas deixados no organismo humano pela contaminação do novo coronavírus ainda seguem sendo estudados e, muita coisa permanece, ao menos até aqui, como incógnita.
Um dos pontos pesquisados por médicos e cientistas diz respeito à influência e reações provocadas pelo vírus em tratamentos estéticos, principalmente os preenchedores à base de ácido hialurônico ou toxina botulínica.
De acordo com o médico dermatologista, Dr. Luann Lôbo, de São Paulo, assim como tantos outros quadros virais ou bacterianos, a Covid-19 pode ter relação com um quadro chamado de ETIP (Edema Tardio Intermitente e Persistente), caracterizado por discreto edema (inchaço) no local da injeção do ácido hialurônico (preenchedor).
“O fenômeno, considerado raro, ocorre por reação imunológica ao preenchedor, desencadeada pela infecção em questão. Este inchaço local costuma ser de curta duração, de caráter benigno e, geralmente, apresenta resolução espontânea”, explica o dermatologista.
Prazos importantes
Um dos procedimentos mais realizados, e queridinhos, em consultórios dermatológicos e clínicas de estética, continua sendo a aplicação da toxina botulínica para amenizar rugas de forma pouco invasiva e com excelentes resultados. E o Dr. Luann explica, também que, em casos de Covid-19, é preciso alguns cuidados.
“Em relação à toxina botulínica (popularmente conhecida como botox), orientamos que sua aplicação não seja feita nas 2 semanas que precedem e sucedem a aplicação da vacina, por maior risco de haver reações imunológicos que podem levar, futuramente, a uma resistência à ação da toxina botulínica, tornando o paciente resistente à mesma”, aconselha o médico.
Ainda segundo o Dr. Luann, é importante evitar a aplicação da toxina botulínica pelo período de, pelo menos, duas semanas após um quadro de infecção por Covid-19. Isso também para evitar maior risco do paciente criar resistência à ação da substância, além da maior probabilidade de hiperalgesia (maior desconforto doloroso durante a aplicação da toxina).
Sem alarmes
Apesar dessa possibilidade de reações adversas entre quadros de Covid-19 e aplicação de ácido hialurônico ou toxina botulínica, e os cuidados entre os prazos da vacina e realização de procedimentos estéticos, pessoas que já têm esses preenchedores não precisam se alarmar.
De acordo com o dermatologista, as raras ocorrências de ETIP ou reações imunológicas que levam à resistência futura à toxina botulínica, a infecção pelo coronavírus não tem a capacidade imediata de degradar o preenchimento ou anular o efeito estético da toxina botulínica.
“É muito importante esclarecer que existem relatos de ETIP consequentes não só de infecções virais e bacterianas, mas também a vacinas (no geral, não só da contra a Covid-19). Isso porque as vacinas estimulam mecanismos e reações imunológicas no paciente. E ressalto: tal como nos demais casos, é rara a ocorrência de ETIP desencadeado pela vacina contra a COVID-19”, deixa claro o dermatologista.
Dr. Luann aconselha que, caso o paciente note certo inchaço, tardio ou recorrente, na região onde foi injetado o ácido hialurônico (pelo menos após cerca de 30 dias do procedimento), procure o dermatologista responsável pelo procedimento para correta avaliação e orientações. “Em geral, o inchaço tem curso benigno e autolimitado. Em casos de maior repercussão, podemos lançar mão de corticóides locais, orais, ou até mesmo da enzima hialuronidase, que degrada o ácido hialurônico injetado”, pontua o médico.