Câncer de testículo é o mais comum entre os homens abaixo de 35 anos
São 74 mil novos casos anuais de câncer testicular no mundo, quase metade deles entre os 15 e 34 anos. O Brasil registra a maior incidência de câncer de testículo da América Latina, com 3,3 mil novos casos anuais. Abril é o mês de conscientização sobre esse tipo de câncer
Em alusão ao “Abril Lilás”, campanha que marca o mês de conscientização sobre o câncer de testículo, o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) alerta que, embora seja um tipo raro de tumor quando consideradas todas as idades, o câncer testicular é o mais comum entre os homens abaixo de 35 anos. Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). O Brasil registra a maior incidência de câncer de testículo da América Latina, com 3,3 mil novos casos anuais.
De acordo com a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), a alta prevalência de câncer de testículo em homens jovens e a ausência de câncer de próstata nesta faixa etária reflete o fato que, entre os homens de 15 a 34 anos, a doença supere até mesmo a leucemia. Por outro lado, o câncer de testicular, após os 35 anos, passa a ser uma doença rara.
Ao longo da campanha Abril Lilás, o objetivo do IUCR é contribuir com a desmistificação da ideia que associa o desenvolvimento do câncer de testículo com a atividade física, algo que, no senso comum, é levantado pelo fato que atletas tornaram público o diagnóstico pessoal da doença, observa o cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
“É verdade que temos casos de atletas que tornaram público seu diagnóstico de câncer de testículo. Recentemente, por exemplo, tivemos o jogador de futebol Jean Pierre, de 23 anos”, diz. Mas o que esses atletas têm em comum como fator de risco para câncer de testicular, explica Guimarães, é estarem na faixa etária de maior risco para essa doença, entre 15 e 34 anos. “O câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens nessa faixa etária, superando a leucemia, que é o câncer pediátrico mais comum. Na faixa etária associada com câncer de próstata, por exemplo, os homens já se ‘aposentaram’ como atletas de alto rendimento”, diz.
Assim como Jean Pyerre, outros casos de câncer de testículo em competidores de diferentes esportes (futebol, basquete e ciclismo, citando alguns exemplos) também foram levados para a mídia. São os casos do holandês Arjen Robben, o francês Éric Abidal, o americano Lance Armstrong e os brasileiros Nenê Hilário, Ederson e Magrão.
Tratamento e fertilidade – Mesmo sendo um câncer com baixa mortalidade, é importante fazer o diagnóstico precoce, que aumenta o sucesso do tratamento. “Esse é um dos desafios no Brasil, porque é comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente”, afirma Guimarães.
O especialista explica que a abordagem terapêutica é definida caso a caso. A cirurgia, chamada de orquiectomia, é feita para remover o testículo com uma incisão na virilha. Nesse momento, amostras de tecido são examinadas para determinar o estágio do câncer. Os tumores de testículo do tipo seminoma (o mais comum) são tratados com cirurgia, muitas vezes, associada com radioterapia ou quimioterapia a depender do estadiamento (fase de descoberta da doença). Em relação a sequelas da cirurgia pode haver prejuízo da fertilidade. Segundo o médico, danos a função sexual são raros e para a questão estética, no caso de remoção do testículo, há próteses.
FATORES DE RISCO
Idade: a maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos.
Raça: Os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças.
Herança genética – Quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.
Criptorquidia – Condição na qual o testículo não desceu para o escroto é importante fator de risco. Homens que fizeram cirurgia para corrigir esta condição também têm risco de desenvolver câncer testicular.
Síndrome de Klinefelter: risco aumento também para quem apresenta esse transtorno cromossômico sexual, que é caracterizado por baixos níveis de hormônios masculinos, esterilidade, aumento dos seios e testículos pequenos.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV) e tratamento anterior para câncer testicular também são fatores de risco e requerem maior atenção.
SINTOMAS
– Nódulo pequeno, duro e indolor
– Mudança na consistência dos testículos
– Sensação de peso no saco escrotal
– Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha
– Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal
– Crescimento da mama ou perda do desejo sexual
– Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens
– Dor lombar