Os anos decisivos entre o fim da 2ª Guerra e o início da Guerra Fria são tema de filme inédito
Nos meses finais da Segunda Guerra Mundial, a derrota dos países do Eixo era iminente, e o destino da humanidade passou a ser traçado pelos líderes dos Aliados, prestes a se tornarem vitoriosos. No comando dessa força de coalizão, estavam os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética, representados, respectivamente, por Franklin Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin. O documentário “1945-1953: da Segunda Guerra à Guerra Fria”, que estreia no Curta! com exclusividade, reconta os momentos decisivos dessa história. Para isso, utiliza-se de depoimentos de historiadores e de pessoas que acompanharam de perto o processo, entre eles, Curtis Roosevelt, neto de Franklin Roosevelt, e Igor Preline, ex-agente e porta-voz da KGB, além de cartas, arquivos secretos e de simulações encenadas que dão vida aos fatos narrados.
Dividido em duas partes, o filme dirigido por Emilie Lançon começa com a reunião entre Churchill, Stalin e Roosevelt, em fevereiro de 1945. Eles estiveram juntos na Conferência de Yalta, um balneário localizado na Crimeia — território soviético — no intuito de firmarem acordos para acelerar o fim da guerra e garantir a estabilidade mundial. O primeiro episódio traz detalhes desse momento histórico: os jantares, as instalações onde cada líder se hospedou, os perfis das outras pessoas presentes e, claro, as negociações.
Cada governante tinha seus interesses e, mais do que a soberania de países, estava em jogo a sobrevida de suas ideologias. Enquanto a parceria anglo-americana não se concretizava, Stalin somava uma série de vantagens: o Exército Vermelho ocupava quase todo o território antes conquistado pela Alemanha e estava prestes a chegar em Berlim; por ser o anfitrião, grampeara os palácios nos quais os outros líderes se hospedaram e ouvia suas conversas; e seu poderio militar poderia acelerar a vitória dos Estados Unidos sobre o Japão e poupar vidas de soldados americanos, mas só seria oferecido em troca de territórios. O soviético, exímio negociador, sai vitorioso.
O segundo episódio — que irá ao ar no dia 11 — inicia-se com a morte de Franklin Roosevelt, a menos de um mês do fim da guerra na Europa. Com a rendição da Alemanha, Stalin, o novo presidente norte-americano, Harry Truman, e o novo primeiro-ministro britânico, Clement Attlee — já que Churchill não vencera as eleições daquele ano — se encontram na Conferência de Potsdam para novamente definir os rumos do pós-guerra. Ali, Truman avisa a Stalin que os Estados Unidos haviam preparado uma “arma definitiva” para o ainda resistente Japão: a bomba atômica.
Os Estados Unidos passariam a dar as cartas, e um novo panorama mundial se desenhava. Em paralelo, o governo comunista crescia e se fixava em toda a Europa oriental. Churchill ainda era visto como herói e tinha extrema relevância na política mundial. Um de seus célebres discursos, proferido na Universidade de Fulton, em março de 1946, seria o prenúncio do que viria a seguir: “De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu por todo o continente.”
O planeta se dividiria em dois blocos antagônicos: o comunista e o capitalista. Um muro seria erguido, guerras seriam travadas em territórios distantes da Europa e dos Estados Unidos, como Vietnã e Coreia, revoluções seriam financiadas e o mundo jamais seria o mesmo. A estreia do primeiro episódio é na Sexta da Sociedade, 4 de março, às 23h.