Problemas na articulação temporomandibular também estão entre as maiores causas de cefaleia
Condição que afeta a mandíbula gera dores que pedem ação do cirurgião-dentista
A cefaleia, popularmente conhecida como dor de cabeça, é um mal presente na vida da maioria da nossa população. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a doença é a sétima mais incapacitante do mundo e atinge 140 milhões de brasileiros. Hábitos como má alimentação, jejum prolongado, álcool e estresse são algumas das centenas de causas. Uma das mais marcantes motivações, porém, é a condição odontológica de quem sofre com constantes dores.
De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleia, as dores de cabeça se dividem em três grandes grupos: as primárias, em que ela decorre da própria doença, não de outras condições, sendo a enxaqueca e a cefaleia tensional os maiores exemplos; as secundárias, que surgem como consequência de outras disfunções, como a gripe, Covid-19 e meningite; e, por fim, há aquelas que ocorrem como efeitos de lesões nos nervos cranianos e outros tipos de dores faciais que irradiam de músculos e articulações que exigem uma avaliação minuciosa.
Dentre as cefaleias secundárias, há dois tipos importantes que refletem problemas odontológicos. As infecções e inflamações odontogênicas geram dores de dentes que se irradiam para toda a cabeça. E, por outro lado, há a cefaleia resultante da disfunção temporomandibular (DTM), que é o funcionamento irregular da articulação temporomandibular (ATM), responsável pelo movimento de abertura e fechamento da boca.
A DTM é a principal causa de cefaleia oriunda de problemas odontológicos. Segundo o cirurgião-dentista, Dr. João Paulo C. Tanganeli, especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (DTM) e Ortopedia Funcional dos Maxilares, “as dores de cabeça provocadas pela DTM pioram com a movimentação da mandíbula, ocorrendo principalmente em região de têmporas. Há sensação de cansaço na face, dores na parte em frente aos ouvidos, ruídos na ATM e dificuldade para abrir a boca”.
Em geral, quem sofre de cefaleia por DTM já peregrinou por muitos especialistas médicos sem encontrar diagnóstico e controle adequados. Como explica o Dr. Tanganeli: “Caso o paciente perceba um ou vários desses sintomas, deve procurar um cirurgião-dentista especialista em DTM para análise da dor orofacial. A confirmação do diagnóstico pode ocorrer com exame clínico realizado por esse profissional, bem como por exames de imagem das ATMs e dos músculos da mastigação”.
O tratamento indicado para cefaleia em casos de problemas dentais varia de acordo com a sua causa. “Se as dores forem de origem dentária, basta conduzir o tratamento adequado nos locais envolvidos. Caso seja por DTM, é necessário que o cirurgião-dentista avalie qual a melhor abordagem, tendo em vista as dezenas de combinações diferentes de DTM existentes. Para todo o caso, temos hoje um verdadeiro arsenal de tratamentos conservadores ou minimamente invasivos que controlam muito bem as dores”, explica o Dr. Tanganeli.
Há, ainda, casos de cefaleia que exigem a intervenção de equipe multidisciplinar no tratamento. É o caso no qual o paciente acaba convivendo com dois tipos diferentes de dores de cabeça, ocasionadas por problemas distintos. É o que ocorre, por exemplo, em pacientes que têm DTM e sofrem, também, com enxaqueca. Nesses casos, o tratamento deve ser feito por diferentes profissionais para que a solução para o incômodo seja realmente efetiva.
Importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito por um cirurgião dentista que poderá dar o encaminhamento adequado a cada uma das situações oriundas de problemas relacionados à saúde bucal.