Ecossistema colaborativo, ingenuidade ou uma possibilidade para melhorar e inovar?
por Ronaldo Rangel Cruz
Embora possa parecer certa ingenuidade, mas após tomar conhecimento do termo “Ecossistema Colaborativo”, já bastante difundido no meio tecnológico, no ecossistema das empresas de informática, em que as empresas compartilham algumas de suas descobertas ou soluções com outras empresas, facilitando o desenvolvimento de novos produtos. Estes produtos tendem a facilitar a vida de inúmeras pessoas, tanto clientes como fornecedores, sócios ou mesmo trabalhadores. O trabalho compartilhado ganha tempo, qualidade, abrangência e escala. Mas, para tanto, é necessário uma mudança de modelo mental, saindo de uma postura isolacionista para uma postura colaborativa.
Trazendo este modelo para outras áreas da vida cotidiana podemos pensar em outros “ecossistemas”, de tamanhos, interesses, necessidades e impactos diferentes, mas igualmente importantes para as pessoas e a sociedade como um todo. A própria vida pode ser entendida de forma simples como movimento, transformação e de certa forma inovação.
Podemos pensar em um ecossistema do tamanho do nosso desejo combinado com o nosso conhecimento, em outras palavras pode ser do tamanho de uma família ou de uma profissão ou ainda de toda uma sociedade. Todos estes ecossistemas contem e são contidos uns pelos outros, são inter-relacionados e interdependentes, por vezes nem percebemos estas delicadas relações. Delicadas, pois qualquer pequena transformação em determinado grau em um destes ecossistemas impacta diretamente nos membros dos ecossistemas correlacionados.
A cada dia fica mais evidente que os ecossistemas se comunicam ou impactam mutuamente. Todos os dias as pessoas, “nós” precisamos superar ou resolver desafios emergentes ou impostos em nossos ecossistemas, podendo ser um auxilio para pequeno conflito em ambiente profissional ou mesmo o desenvolvimento de um tratamento ou prevenção de uma doença grave. Como seria mais fácil, rápido e melhor se vários membros deste grande ecossistema, que é a terra, colaborassem entre si. Nem podemos imaginar o tamanho das transformações sociais, culturais ou mesmo tecnológicas que seriam alcançadas. Quantas inovações seriam implantadas?
Ecossistema é um conjunto de organismos que vivem em determinado local e interagem entre si e com o meio, formando um sistema estável. Cada ecossistema é formado por várias populações de espécies diferentes, constituindo, assim, uma comunidade. Colaborar pode ser entendido como uma prática que ocorre em função de seu caráter interativo na fusão de valores e resultados entre diversos atores envolvidos em uma rede para a resolução conjunta de problemas. Em um mundo cada vez mais “VUCA” (volátil, incerto, complexo, ambíguo e ansioso), a nossa capacidade de coexistir de maneira colaborativa, pode ser essencial para nossa sobrevivência. Precisamos inovar, não apenas em produtos e serviços, mas em como tratamos nossos pares. Pois estamos todos, como já dissemos, em um grande ecossistema, pouco colaborativo e muito categorizado.
Talvez a ingenuidade não esteja na busca por uma transformação inovadora dos diversos ecossistemas dos quais fazemos parte, mas na crença de que não há porque tais questionamentos ou de que se cada um fizer sua parte, seja ela qual for, isoladamente o resultado será o mesmo. Como alguém já disse “o resultado pode ser muito maior que simples soma das partes”.
Enfim, para buscarmos este modelo colaborativo é preciso realizar algumas ações práticas, não apenas teóricas. Devemos criar uma imagem de futuro que faça sentido para todos do Ecossistema, conseguir comunicar a todos, Objetivo único para todos, sem esquecer que a colaboração gera INOVAÇÃO, desenvolver modelos mentais e comportamento favoráveis ao colaborativo. Entender a Inovação como ponto de sobrevivência e não como um diferencial, fomentar uma cultura inovadora. Quem colabora “pode” errar e evoluir. Podemos iniciar melhorando os vínculos entre os membros do ecossistema, por meio das semelhanças, respeitando as diferenças e principalmente iniciando por um dos menores, mais importantes dos ecossistemas, a nossa casa. “Antes de concertar o mundo, arrume o seu quarto” e inicie colaborando com que está perto, juntos podemos inovar mais rápido e melhor.
Ronaldo Rangel Cruz -É psicólogo, psicanalista com foco em família e coordenador do curso de Psicologia da Estácio Curitiba