Cringe é ter colesterol alto

Se cuidar não é coisa de velho: saiba quais os fatores de risco para a condição e como você pode evitar uma das principais causas de infarto e AVC

Saúde cardiovascular não é só uma questão para os Boomers, geração X ou Millennials. A geração Z também deve estar por dentro desse tema, porque o colesterol alto não escolhe idade. De acordo com o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Projeto ERICA), cerca de 20% dos jovens entre 12 e 17 anos estão com o colesterol acima do limite recomendado1.

Começar quebrando alguns tabus e descontruindo mitos pode ser uma boa. Uma das crenças mais ultrapassadas é acreditar que colesterol alto é só problema de quem está acima do peso e/ou é velho. “Além de fatores exógenos, a predisposição genética também tem impacto fundamental nos níveis plasmáticos de colesterol, e, portanto, pessoas jovens e magras também podem apresentar concentrações elevadas de gordura no sangue”, afirma a Dra. Viviane Zorzanelli Rocha, cardiologista da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da USP.

Além disso, cuidar do seu corpo é fundamental, tanto para quem tem fator genético quanto para quem não. No Brasil, o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Projeto ERICA) mostra que 54,3% do grupo pesquisado não realizava atividades físicas regulares2. Vacilo né?

“O sedentarismo prejudica a saúde do coração e o sistema imune. Por conta da pandemia do novo coronavírus e a recomendação para se ficar em casa, muitas pessoas deixaram de se exercitar. Jovens e crianças, que faziam atividades nas escolas e na rua passaram a ficar mais tempo em casa em frente a telas e sem movimentar o corpo. É importante que, mesmo nesse cenário, todos façam atividades físicas. Inclusive na internet é possível encontrar profissionais de educação física que dão dicas de movimentos que podem ser executados até em pequenos espaços e ajudam a manter a saúde física em dia”, diz a Dra. Viviane.

Por fim, mas não menos importante, alimentação também conta muito. As receitas de doces e salgados das mais variadas formas e com muita criatividade fazem sucesso entre os nativos digitais, mas é preciso cuidado com a alimentação para que os níveis de colesterol não causem complicações no longo prazo. “É difícil dizer para um adolescente que ele não pode comer aquele bolinho frito da receita com só três ingredientes que todo mundo está fazendo na internet, mas é possível balancear essa ingesta com bons alimentos como peixes, frutas, sementes e até um chocolate amargo”, diz a Dra. Viviane.

Tenho colesterol alto, e agora?

Para jovens e crianças, o tratamento, é semelhante ao dos adultos, aliando a reeducação alimentar e prática de exercícios físicos ao tratamento farmacológico, sempre orientado pelo médico.

Pandemia

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aumentou o número de o número de mortes por doenças cardiovasculares no primeiro semestre de 20213, o nível elevado de colesterol é uma das principais causas de agravamento dessas comorbidades. Cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença cardiovascular, e aproximadamente 400 mil morrem por ano em decorrência dessas enfermidades, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país3. São cerca de mil óbitos por dia, números que podem estar sendo agravados em função da pandemia da Covid-19, já que por conta do receio de contaminação, portadores de doenças cardiovasculares e de outras doenças agudas, que necessitam de acompanhamento médico, podem deixar de ir ao médico. Dados divulgados pela Arpen-Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil) mostram que houve aumento de quase 7% no número de óbitos por doenças cardiovasculares nos primeiros seis meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020.

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