Queda capilar na quimioterapia e seus cuidados
Dr Ademir Carvalho Leite Júnior, médico e tricologista, explica as implicações da perda capilar para a mulher durante o tratamento de câncer e conscientiza sobre a importância de acompanhamento profissional nos cuidados capilares nesse momento crítico
Neste Outubro Rosa, onde o tema principal são as campanhas de prevenção ao câncer de mama, Dr Ademir Carvalho Leite Junior compartilha informações essenciais para as pacientes oncológicas que enfrentam um dos mais comuns efeitos colaterais do tratamento, a perda de cabelos. O médico e tricologista comenta sobre suas vivências em consultório onde ao tratar pacientes que passam por esse problema encontrou dilemas em comum a de muitas mulheres.
A perda de cabelos durante a quimioterapia acontece porque alguns quimioterápicos podem afetar a proliferação acelerada das células da matriz dos cabelos localizada numa região que conhecemos como bulbo capilar. A queda de cabelos na quimioterapia pode começar algumas semanas após o início do tratamento e cessa após o final.
A perda de cabelos em pacientes oncológicas costuma causar traumas para além do enfrentamento já complexo do câncer. Segundo, Dr Ademir “A questão é que a queda capilar em tratamentos de câncer é intensa, provocando em alguns casos um impacto emocional severo. Em mulheres que fazem quimioterapia para os cuidados com o câncer de mama, o impacto emocional da queda dos cabelos é comparado ao da própria mastectomia (cirurgia de retirada da mama), sendo ambas as situações (queda dos cabelos e a retirada da mama), um golpe severo na paciente que se vê menos feminina e atraente, além do próprio comprometimento na vida sexual das pacientes”.
Tricologista há cerca de duas décadas, Dr Ademir é reconhecido pela abordagem multidisciplinar no tratamento de problemas capilares, ele considera questões como estilo de vida e o lado emocional dos pacientes em seus atendimentos. Por isso, considera que: “O comprometimento da autoestima, a perda da sensação de bem-estar, a ansiedade, a depressão e a imagem negativa do corpo costumam ser comuns nesses casos. Estudos apontam que há em mulheres que perdem cabelos e sofrem pelo medo de serem rejeitadas por seus parceiros por não estarem tão atrativas quanto antes da perda capilar. Além do que, a alopecia causada pela química pode ser sentida como algo que remete ao câncer ativo, ainda que esteja sendo tratado, e carrega consigo o peso de uma manifestação com elevado grau de morbidade e risco para a vida”.
Formas de prevenir a perda capilar durante a quimioterapia
Sem dúvida houveram avanços no sentido de evitar que os cabelos caiam durante a quimioterapia. Fato é que, mesmo com os esforços da área médica e científica, a perda acontece. Uma solução recebida com muita positividade são as toucas e intervenções terapêuticas com o uso de resfriamento do couro cabeludo durante as sessões de quimioterapia. Dr Ademir explica que “Este método tem como objetivo causar uma contração dos vasos sanguíneos do couro cabeludo, reduzindo a concentração de medicamento circulante que chega aos folículos, minimizando o impacto nos mesmos, neste caso, a queda capilar”.
O especialista ressalta que nesses ou em outros casos onde a perda capilar é inevitável e o paciente está em tratamento com um profissional específico, como o Oncologista, por exemplo, cabe ao profissional da área capilar atuar em parceria e realizar uma abordagem que não traga mais efeitos colaterais e nem interações medicamentosas com o quimioterápico ou outras medicações que a paciente esteja utilizando. “Se for o caso, deverá evitar qualquer abordagem até o final do tratamento quimioterápico, sugerindo à paciente soluções cosméticas (próteses ou outros artifícios de cobertura das áreas afetadas), para melhorar o conforto da paciente que está passando pelo problema. E quando tiver a liberação do oncologista, atuar com seus procedimentos e cuidados para uma recuperação mais plena e satisfatória dos cabelos”, explica.
Em suas considerações finais Dr Ademir ainda enfatiza: “Evitar condutas que venham a interferir no tratamento oncológico é questão de bom senso. E, preferencialmente só atuar ou prescrever mediante liberação do oncologista que deve ter acesso às informações sobre o que está sendo proposto para a paciente mesmo após terminadas as sessões de quimioterapia. O cuidado com a saúde e a integridade da paciente vem antes de tudo, e com a evolução natural do quadro a tendência é a volta dos cabelos junto com a melhora do quadro geral das pacientes”.
Fonte: Blog O Tricologista (https://otricologista.com/)