Quais reações químicas são desencadeadas no nosso organismo quando estamos apaixonados?
por Isabel Christina Mignoni Homem
A paixão é um sentimento difícil de definir e explicar, porém facilmente identificável. Pessoas acometidas pela paixão apresentam sinais clássicos, desde alterações de comportamento até alterações físicas, como a postura corporal.
Por muitas vezes, os apaixonados podem apresentar comportamento quase obsessivo, agindo de maneira não racional e com grande impulsividade. Isto acontece devido a uma série de reações químicas que são desencadeadas no nosso corpo, nos deixando mais felizes e menos estressados.
Estudos mostraram que a paixão pode ser dividida em três fases caracterizadas pelo aumento ou diminuição da liberação de diferentes substâncias químicas. São elas:
Fase 1 – Desejo: Caracterizada pelo desejo sexual, diretamente relacionado a experiências sensoriais associadas a visão, olfato ou tato. Nesta fase há o envolvimento de hormônios sexuais, a testosterona e os estrogênios, que propiciam estímulos físicos, psicológicos e bioquímicos aumentando o desejo em ambos os sexos.
Fase 2. Atração/conquista: Nesta fase ocorre maior liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela química do prazer e sensação de bem-estar. O aumento dos níveis de dopamina ativa o sistema de recompensa do cérebro levando o indivíduo a um estado de euforia. A dopamina, por sua vez, estimula o sistema nervoso central a produzir a adrenalina.
Com isso, ocorrem respostas fisiológicas como boca seca, suor nas mãos e aceleramento cardíaco e a famosa sensação de “borboletas no estômago”.
Este ciclo bioquímico amplifica a busca ´pelo prazer, sendo responsável, muitas vezes, pela idealização do parceiro. Com isto, a pessoa concentra sua atenção no ser desejado, passando a enxergar com uma lente de aumento suas qualidades e desconsiderando suas falhas.
A fase da atração/conquista também é caracterizada pela menor necessidade de sono ou e perda de apetite, fato diretamente relacionado ao aumento da produção de noradrenalina, que nos deixa com maior disposição e mais energia.
Enquanto a produção destas substâncias aumenta durante a fase 2, a serotonina, que apresenta efeito calmante, diminui cerca de 40%. Estudos apontaram que este neurotransmissor apresenta percentual próximo em indivíduos que sofrem de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), sendo uma possível explicação para a obsessão característica da paixão.
Fase 3 – Afeição/ Ligação: Esta é a fase onde a paixão pode se transformar em amor. Aqui destaca-se a participação de duas substâncias: a ocitocina e a vasopressina.
A ocitocina, chamada de hormônio do amor, pode ser liberada por ambos os sexos durante o orgasmo. Esta liberação aprofunda sentimentos de carinho, aumentando a sensação de segurança e apego. Desta maneira, quanto mais relações sexuais, maior pode se tornar o vínculo do casal.
Com o aumento da ocitocina, nosso organismo diminui os níveis de cortisol, causando aumento do estresse. O excesso desta substância em associação com a dopamina pode acarretar em comportamento nocivos ao relacionamento, como ciúmes, traições e comportamentos irracionais. Já a vasopressina, ou hormônio antidiurético, é liberada após a relação sexual e está relacionada ao comportamento que pode propiciar relacionamentos mais duradouros.
Isabel Christina Mignoni Homem – Professora da Estácio Curitiba